quarta-feira, 27 de junho de 2018

Técnico da empresa de som tem que operar o áudio das bandas? - Quem está errado?


Olá pessoal.
Hoje nem é dia de falar algo sério, depois de um jogo de copa do mundo, onde o álcool vadiou.
Tomei meu velho Concha y Toro aqui vendo o jogo.
Mas um colega guitarrista me ligou no final do jogo para saber quem era que estava fazendo o monitor de um determinado palco onde ele tocou com um artista, pois a produção deste artista estava querendo colocar num "relatório" que achou que o técnico da empresa de som não "correspondeu às expectativas" neste palco...
Eu, particularmente, estou de saco cheio deste assunto, principalmente porque ninguém quer colocar "o cu na reta".
Cu tem acento? Nem sei.
Mas vamos ao caso...
E vou dar "o nome aos bois", para ver se este problema é resolvido de uma vez por todas!
Nunca tive problema em falar dos casos, pois eu mesmo ME critico.
O caso aconteceu neste São João, no Sítio da Trindade, onde Maciel Salú foi uma das atrações deste palco, no sábado passado, dia 23.
Fui ajudar Neto, da empresa de som Bizasom, responsável pelo monitor, que é funcionário desta empresa, e me pediu para assumir o PA neste dia, pois aconteceu uma emergência e o técnico de PA teria que ser remanejado.
Como sou muito chegado à Bizasom e seus funcionários, não hesitei em pegar o trabalho, principalmente porque estaria no Sítio da Trindade com um outro trabalho, horas antes do início do palco principal.
Estou falando da Bizasom aqui, porque este caso foi com ela, mas isso existe em TODAS as outras empresas da região e na grande maioria das empresas do país!
A pergunta é:
O técnico de som da empresa, seja de PA ou monitor, tem que operar o áudio (PA e/ou monitor) do artista que não leva técnico(s)?
Décadas atrás, isso nem era discutido, pois o técnico da empresa de som fazia este serviço tranquilamente.
Fazia parte da sua função.
Os tempos mudaram... Acho eu.
E ainda bem que sempre muda, e espero que para melhor.
Esta semana decidiram na Arábia Saudita que a mulher poderia dirigir veículos automotores. Existe isso? 2018? Mas pelo menos mudaram, né?
Recentemente, fiz 5 shows de Lula Queiroga no Sudeste do país.
Os três últimos shows foram no Teatro do SESC Santana, em São Paulo.
Tou tomando coragem ainda para falar aqui no Blog desta miniturnê.
(Tou me adaptando ainda ao uso do hífen. Às vezes uso, outras não. Depois vou atrás das novas regras de ortografia).
Nos dois shows anteriores eu sabia que teríamos um técnico de monitor contratado (cachê), usando técnicos que residiam na cidade (BH e Rio), mas em São Paulo, existia a possibilidade de não ter, por causa de custos, hospedagem, diárias, etc.
Por causa disso, entrei em contato antecipadamente com o técnico responsável do SESC e perguntei como era "o esquema" lá.
Se era de praxe o técnico do SESC operar o som (sem remuneração) dos artistas que faziam show lá, ou se era preciso a gente pagar um cachê para este técnico, no caso o de monitor?
A resposta foi curta e rápida: --- Não. 
Para as duas perguntas.
Não tinha técnico para operar o som, tanto de PA como monitor, e muito menos era admissível o pagamento de cachê para o único técnico de som do Teatro.
O técnico tinha que ligar tudo, deixar tudo funcionando e dar assistência durante o show. E só.
Passei isso para a produção, e foi decidido que Kiko Klaus, que foi o técnico que fez o monitor em BH e que morava lá, seguisse com a gente para São Paulo para fazer o monitor dos três últimos shows.
E aí? Quem está errado no caso do Sítio da Trindade?
Para mim, os dois lados (ou seriam quatro?).
O técnico de som da empresa que não deixa claro isso para a empresa.
A empresa de som que não deixa claro isso para o contratante, no caso prefeitura.
A prefeitura que não deixa claro isso para os artistas.
E a produção do artista que não deixa claro isso para seu artista.
Resolvam!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Que o técnico fale com a empresa, e a empresa fale para a contratante, e a contratante fale para a produção do artista, e a produção do artista fale para o seu artista.
O que não pode é cara feia na hora do show de técnico para fazer um monitor, ou artista com cara feia por achar que está sendo maltratado.
Falta diálogo.
Feito o diálogo que eu tive com Jocélio, técnico do SESC Santana, bem antes do dia do show.
Deixem isso bem claro, antes de qualquer evento!!!!
Tudo vai melhorar, principalmente para nós, técnicos e operadores de áudio.
E segunda tem mais copa e vinho!!
Apostei com um amigo que não chegaríamos na semifinal.
Palpite futebolístico, somente.
Ahhh. A aposta foi uma garrafa de Casillero Del Diablo, que ele nem gosta. Ou seja...
Vou beber o vinho de todo jeito!
Um abraço a todos. 

5 comentários:

Anônimo disse...

Assunto muito bem colocado!
Uma banda onde atualmente sou só eu de técnico, quando tem um show com duas mesas, e é imprescindível outro técnico, durante a pré produção comunico ao dono da empresa que precisaremos de um técnico local e pergunto como é o esquema que passarei para a produção. O que acontece é, a produção alega que coloca no seu contrato a necessidade de um técnico de som, o contratante, por sua vez, aperta o dono da locadora, que aperta o funcionário e este acaba fazendo "no amor".
Não sei oque posso fazer nesse caso, normalmente assumo o monitor para não explorar ainda mais o funcionário, e por algumas vezes ja tirei do meu bolso um agradecimento.
Acredito que a saída deverá vir da empresa, assim como ja fazem algumas, e ter bem claro que o técnico não está para o trabalho artístico, ao menos que seja remunerado para tal.

Gabriel Izidoro disse...

Acredito que cada caso é um caso e o combinado não sai caro.

Infelizmente a maioria das produções(artistas e contratantes) preferen dar um jeitinho e deixar tudo pra ser resolvido na hora.

Unknown disse...

Assunto complexo meu amigo!
Mais sempre que trabalhei em empresas fiz meu trabalho.
Mais a questões sobre esse trabalho é:
Prefiro não cobrar, não conhecendo o artista claro que o som não vai ficar "perfeito" gerando criticas e cobranças. Sem cachê é mais "fácil" não haver essas cobranças.
Acho errado o técnico da empresa prestar esse serviço.
Motivo:
Caso tenha um problema e o técnico tenha que se ausentar da mesa pra resolver, vai deixar a atração sem técnico?
Ou vai deixar a sua empresa na mão?
No monitor você é obrigado, depois de passado o som, a ficar a disposição para fazer todos os gostos dos músicos e artistas?
E lembre que cada show que você faz essa "cortesia" tem um colega que deixou de trabalhar e ganhar!
Por isso não acho certo, mais não tem como simplesmente não fazer ou fazer de má vontade.
É complicado.
Como estou aposentado só me resta torcer pelos colegas e esperar que contratantes e artistas sejam sensatos e contratem técnicos!
Abraço e bons sons!

Unknown disse...

O que fazer? Quem tá certo? Quem está errado? Deixa eu só expor uma humilde opinião. Hoje é muito comum em grandes festivais ter uma EMPRESA DE SONORIZAÇÃO, outra de LUZ e até uma só para os telões de leds e mult mídia aí vem os TÉCNICOS das empresas e também um Engenheiro de áudio responsável pelo alinhamento de todo os sistemas de áudio que estiverem naquele evento. Por fim vem os Técnicos das bandas que às vezes são mais Operdores de áudio porque só vão mesmo mixar a banda em que trabalha. Vendo assim a coisa parece ser a correta e tudo dará certo. Mais começam a tira o Engenheiro de áudio pois não tem dinheiro e a empresa tem técnico pode muito bem fazer esse trabalho! Aí vem depois e diz olha a empresa só vai poder pagar um técnico pra tomar conta do sistema pois a grana é pouca e a empresa tem outro evento em outra cidade. Aí vem o técnico com a banda pra fazer o P.A. E o monitor porque a banda só tem grana pra pagar um e o Técnico tá precisando de trabalho. No fim disso tudo Ficaram de fora no mínimo de 2 a 3 profissionais e com isso você que vai trabalhar não ganha um aumento de salário e sim de serviço. Então você pode até saber alinhar um sistema, você pode até fazer monitor e P.A. ao mesmo tempo mais você não vai conseguir mais sair dessa situação entendeu? Amanhã pode vim um cara só pra alinhar o teu sistema a pedido de não sei quem ir ganhar 4 vezes mais que você porque o cara tem doutorado e ele faz é vai embora em no máximo uma hora. Ou você passa a noite toda fazendo várias bandas e uma banda traz um técnico que ganha um super cachêr usando a tua cena porque não quer perder tempo alinhando monitor etc... No fim só resta dizer só faça aquilo por onde vai ser pago. As exceções serão por amizade a um colega de profissão mais o mercado precisa ser pelo menos organizado já que não é justo.

Titio disse...

Olá pessoal.
Obrigado por participarem aqui nos comentários.
O mais correto para mim, é como fazem em alguns eventos grandes aqui em Recife, como o carnaval no Marco Zero e em alguns outros polos.
Dois técnicos da empresa de som (PA e monitor), e dois técnicos (PA e monitor) contratados pela evento, no caso do carnaval de Recife, a prefeitura contrata estes dois técnicos.
Os técnicos da empresa de som ligam todos os equipamentos e ajudam os técnicos contratados pelo evento, caso apareça algum problema nestes equipamentos, e estes técnicos do evento recebem os técnicos das bandas.
Quando a banda não traz técnico, o técnico do evento opera o som da banda, sem cobrar nada, pois já está sendo pago pelo evento.
Pronto. Tá resolvido.
O problema é conseguir isso em eventos menores, não é? Eu sei.
Aí tem que combinar antes com todo mundo.
A FIFA relutou muito em colocar o árbitro de vídeo, alegando que não seria possível ter o equipamento em todos os jogos de futebol pelo mundo.
Tem sentido, mas não tinha mais como fugir disso.
Estamos vendo como ficou menos injusto o jogo nesta copa do mundo.
Tem que começar.
E é assim que penso também aqui neste nosso caso.
É difícil ter dois técnicos contratados pelo evento, fora os técnicos das empresas, em todos os eventos, né?
Mas o pontapé inicial para isso já foi dado.
Um dia, isso se torna normal.
Um abraço a todos.