segunda-feira, 29 de maio de 2023

Over Point - O mérito é todo seu!

Olá pessoal.
Vou me tornar repetitivo aqui nos textos sobre a Over, pois sempre vou afirmar que ela sempre esteve à frente do tempo na época, pelo menos no tempo em que eu estive lá.
Esse caso nunca vou esquecer.
Tecnologia sempre foi o forte da boate.
No final dos anos 80, a boate possuía equipamentos próprios para a música ao vivo.
Tinha mesa de 16 canais, microfones, monitores, processador de efeito...
Tinha duas máquinas de efeitos!!!!
Um Quadraverb da Alesis e um SPX 900 da Yamaha. Não tenho certeza se era um SPX 90 ou 900.
Uma eu usava nas peças da bateria e percussão, e o SPX usava nas vozes e/ou na guitarra.
Meu sobrinho JR era (ainda é) muito ligado nesse lance de tecnologia, e sempre teve naquela época a assessoria de Luizinho Referência nas questões relacionadas ao áudio.
Quando saímos da mesa de 8 canais da Staner para a de 16 da Alesis, foi indicação de Luizinho.
Ele deu várias indicações, e sempre foi o responsável pela o alinhamento do som e também pelos projetos de caixas e sistemas de amplificação a serem utilizados.
A mesa da Alesis era mais dura que uma rocha, operacionalmente falando, mas tinha 16 canais!!!!
Um luxo para uma boate naquele tempo!
E eu lá... Aprendendo na marra!
DJ operar som ao vivo de boate? Jamais. Não lembro de outro fazer isso aqui em Recife naquele tempo.
Seguindo esse padrão da tecnologia, meu sobrinho deu a ideia de instalar uma antena parabólica na casa.
Pra que?
Para poder pegar o sinal da MTV, que era gerado no sudeste, e não chegava aqui em Recife!
Esse sinal ia para o equipamento do Bar Ponto de Encontro, onde eu passava tardes e mais tardes das minhas folgas gravando fitas de vídeo com a programação da MTV.
Enquanto eu gravava, acompanhava o que estava rolando na música pelo mundo.
Com essas gravações "brutas", eu escolhia clipes que achava interessante e montava (editava) as fitas de vídeo que seriam passadas no bar.
Não sabia naquele tempo, mas eu estava fazendo a tão famosa "playlist" dos dias atuais, só que manualmente.
Com essa gravação do Ponto de Encontro, levava o videocassete lá para a boate, fazia a conexão com o vídeo de lá e saía editando...
Usava a velocidade mais lenta (EP) para gravar na outra fita, conseguindo assim muito mais tempo de clipes.
Acho que na velocidade EP, se conseguia 4h de clipes.
Não me recordo, mas era capaz de eu ter usado a velocidade EP também para gravar as fitas brutas no Ponto de Encontro.
E não é que toca aleatoriamente aqui Losing My Religion no meu Deezer?!?
Esse texto é exatamente para falar sobre essa música!
Numa dessas várias gravações e edições de fitas de vídeo, usando os clipes da MTV, me deparei com a banda R.E.M. cantando Losing My Religion.
Achei muito legal!!!
Não me recordo porque não levei o clipe para tocar na boate...
Não sei se só vi uma reportagem na MTV sobre a música da banda... Acho que sim.
A música não combinava com a boate. Era fato.
Era muito fora do perfil dela, mas eu adorei a música!
Minha recordação já pula para um dia onde eu estava com DJ Érico numa loja de discos importados, tentando achar músicas para tocar nas boates onde a gente trabalhava.
Ele era DJ de outra boate.
Era a loja de Flávio Galetinho, que ficava em Boa Viagem.
Uma loja especializada para DJs, trabalhando basicamente com discos importados, onde cada disco só tinha uma música, com várias versões.
O chamado "Remix" de 12" (doze polegadas).
Nessa procura por músicas, me deparo com o remix de Losing My Religion da banda que eu vi na MTV!!!!
Que massa!!! Uh uhhhh!
Achei a música!
Mostrei todo animado o meu achado para Érico, falando que eu iria tocar a música na boate.
Ele perguntou se eu tinha endoidado, porque a música não tinha nada a ver com a casa.
Ahhh, que se dane!
Achei a música massa, e vou tocar lá, falei pra ele.
Ok... Tu que sabe... Falou ele.
Levei o disco.
Logicamente, por estar bem fora do perfil da Over Point, meu sobrinho também não gostou.
Mas vamos tentar, falei pra ele... Vamos tentar.
Ele não mudou muito de ideia não, viu? (Risos)
Mas o disco estava na cabine.
Vou esperar uma oportunidade boa para tocar.
Como eram essas oportunidades para lançar músicas novas?
A gente esperava o salão estar completamente lotado para jogar a música nova.
Mesmo sem o aval do meu sobrinho, escolhi uma hora para fazer isso.
Salão lotado, animação...
A gente tinha uma vinheta com o nome Over Point cantado por Robson Ricardo.
Robson era a voz mais conhecida nas rádios da cidade, porque ele cantava muitos jingles publicitários, incluindo o famoso jingle do Hotel Jardim, que na realidade era um Motel.
Quem mora aqui em Recife, nunca esquece esse jingle.
Tocava muito.
Pois bem...
Com o salão cheio, faço o corte na música que estava tocando, jogo a vinheta e solto a introdução da música da banda... 
Tan nan nan nan nan... (Lembram?)
E...
Parecia que tinham jogado uma bomba no meio do salão!!!!
Nunca esqueci da cena!
Só ficou UM casal no meio do salão dançando!!
Será que o casal soltou um "peido" na hora e eu não fiquei sabendo? (Risos)
E foram os dois que soltaram ao mesmo tempo, pois um peido só, não causaria toda aquela correria.
Nunca vi um "êxodo dançante" tão grande!
Logicamente, levei o maior "esporro" do DJ principal da Over, meu sobrinho.
Eu entendi perfeitamente o desgosto dele, pois foi uma debandada que a gente nunca tinha visto ali.
Eu entendi, mas ainda apostava na música.
E estava disposto a tentar outras vezes, sempre esperando um salão lotado para poder encaixar a música.
Na segunda tentativa, o salão secou de novo, mas bem menos!!!
Acredito que uns 7 casais ficaram no salão...
Devo ter levado outro esporro, não lembro.
Mas fui tentando... Sempre usando a mesma técnica... Salão cheio, música, salão cheio, música...
E as debandadas foram diminuindo... Até chegar num ponto que já era uma música que daria para tocar em quase todas as noites.
Foi aí que ela começou a tocar nas rádios locais!!!
Aí veio a compensação de tantos salões esvaziados...
À partir desse dia, se a gente não tocasse toda as noites, apanhávamos dos clientes!
Sucesso total!
Numa dessas noites, eu estava na frente da cabine, observando o movimento, vendo o pessoal dançar... E meu sobrinho estava comandando a noite naquela hora.
A gente revezava durante a noite, o que era muito bom, porque cada um tinha um jeito de "tocar".
Isso foi antes da reforma da casa, acredito que em 1991, e a boate era bem pequena.
Meu sobrinho estava na cabine, e bateu no vidro me chamando a atenção.
Olhei pra ele, que estava me chamando.
Entrei na cabine e perguntei o que ele queria.
Ele me passou o fone, apontou para o disco que estava pronto para ser tocado, e falou: --- R.E.M..
E eu retruquei: --- Sim. Certo, ok. O que é que tem? 
E ele completou: --- Pode colocar. O mérito é todo seu!
Achei muito legal a atitude dele.
Peguei o fone, e coloquei a música para tocar, do mesmo jeito que fiz na primeira vez, cortando e colocando a vinheta.
Só que agora, eu já sabia qual seria a reação do público!!!!
Era assim que funcionava a cabine da Over Point!!!
Lembro que não gostei de Pump Up The Jam da banda Technotronic, quando estava escutando os discos novos na cabine da boate num dia de folga.
Achei que não iria dar certo.
Agora foi eu quem achou que não era o perfil da boate. (Risos)
Mas JR gostou.
E tocou. E deu no que deu.
Gosto da R.E.M. até hoje.
Tanto que a banda está na minha lista de favoritos no Deezer.
Technotronic também.
E Losing My Religion toca até hoje!
Como Pump Up The Jam também!
Um (Over) abraço a todos.

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