Rodei muito com Jorge de Altinho no mês de junho/julho. Teve dia de passar 16 horas dentro do ônibus, só parando para o café da manhã, almoço e janta. Fora os três shows que já comentei em texto anterior, ainda fiz mais 25, totalizando assim 28 shows. Dez em Pernambuco (Gameleira, Olinda, Caruaru, Gravatá, Petrolina, Timbaúba, Limoeiro, Iati, Recife e Granito). Sete shows em Alagoas (Major Izidoro, Maceió, São Miguel dos Campos, Porto Real do Colégio, Girau do Ponciano e Maceió). Nove shows na Paraíba (Campina Grande, Matinhas, Bananeiras, Sapé, Solânea, João Pessoa, Boa Ventura, São José do Sabugi e Curral Velho). Um show no Rio Grande do Norte (Extremoz). E um show em Sergipe (Aracaju). Como vocês podem notar, é muito show para comentar. Mais uma vez vou fazer um resumo.
Peguei todo tipo de equipamento, todo tipo de hotel, todo tipo de café da manhã, todo tipo de almoço e todo tipo de jantar. Sou defensor da diária de alimentação. O que é isso? Alguns artistas optam por este método, que consiste em adiantar um valor em dinheiro por dia para os técnicos e músicos. Este valor por dia varia entre artistas e/ou empresas de som e serve para o profissional se alimentar durante o evento ou turnê. O valor normalmente é calculado para duas refeições (almoço e janta) porque normalmente o café da manhã é por conta do hotel. Com este dinheiro em mãos, cada um resolve o que vai comer e aonde vai comer. E a produção do artista também não tem mais que se preocupar com a alimentação da banda e técnicos. Já soube de caso de músico que deixou de comer para economizar o dinheiro e acabou passando mal de fome. Não posso negar que já dei uma economizada na Europa, mas não deixando de comer e sim comendo algo mais baratinho para sobrar uns eurinhos para tomar uma cerveja na Bélgica, ou comprar uma camisa de um time de futebol em Amsterdã.A turnê com Jorge de Altinho, como eu já imaginava, foi um corre-corre. Só sabia qual era o equipamento de som quando chegava à cidade ou na hora que chegava ao palco para montar nossos equipamentos. Em alguns (raros) casos fazia o sound check e deixava tudo armado, pois seria o primeiro show. Encontrei muita mesa digital no monitor, mesmo em som de pequeno porte.
Quando eu tinha tempo, ligava os monitores individuais que a produção havia comprado atendendo a minha solicitação. Mas em todos os shows, impreterivelmente, eu ligava o in-ear sem fio de Jorge de Altinho. Foi o que me salvou porque em muitos casos os monitores eram de péssima qualidade. Enquanto meu colega que fazia o PA era responsável por um equipamento pessoal para usar na voz do cantor, eu fiquei responsável por 8 fones, 8 amplificadores de fones, 8 cabos para ligar estes amplificadores, 3 microfones para os metais, 3 microfones para os vocais, o microfone sem fio e o in-ear do cantor. Não é de graça que eu não tenho mais simpatia em fazer monitor. O trabalho é muito maior e o cachê não acompanha.Quase perto do final da turnê, conversado com o produtor de Jorge de Altinho, Fabrízio, e tentando acompanhá-lo (sem sucesso) numa dose de uísque, falei que uma turnê dessas poderia ser usada como finalização de um curso de operador de monitor. (risos)
Voltamos para Recife, onde fiquei 4 dias descansando e segui para Garanhuns. Iria operar o som do teatro para a empresa PA Áudio no Festival de Inverno de Garanhuns. Nunca tinha feito tal trabalho.
Garanhuns... Adoro Garanhuns. O clima de lá, o chocolate de lá, o chocolate quente de lá, o pastel de lá. O frio me faz lembrar a Europa. O céu cinzento lembra Amsterdã. Foi muito bom conhecer Amsterdã. E olha que eu não sou usuário de maconha. Para quem curte, lá é o paraíso. Tenho vários amigos que consomem a erva. Minha opinião? Não vejo muita diferença entre a maconha e o álcool. Estava uma vez na praia com minha irmã e minha tia, uma sessentona. Esta tia me criou quando minha mãe morreu. Se eu não me engano, ela nem chegou aos 40 anos. Eu tinha sete! Minha tia gosta de cerveja, e estava tomando seu copinho quando minha irmã brincou: --- Cuidado Tereza, para não ficar bêbada. E ela respondeu: --- Oxe! E qual é a intenção de beber álcool?!?! (risos) Você bebe? Se bebe, não recrimine quem fuma maconha. A diferença é que uma droga faz propaganda com mulheres bonitas na televisão e paga impostos altíssimos e a outra não. Para mim, todas as duas são drogas. Por causa dessas minhas idas à Europa, hoje eu adoro vinho seco. Adoro os vinhos Chilenos, principalmente os da Concha y Toro. Tome duas garrafas de vinho Chileno, que o efeito vai ser bem próximo, ou até pior do que fumar um cigarro de maconha!Pois bem... Comprei com meu (ex) sogro 15 garrafas de vinho para levar à Garanhuns. Já tomamos duas antes de viajar vendo um jogo na TV. Restaram 13 garrafas, mas três dessas garrafas eram da minha (ex) esposa. A família dela é de lá. Inclusive eu ficaria hospedado na casa dos tios dela. A ferida da separação já não dói tanto. Sempre adorei as farras na casa desta tia dela e vou continuar fazendo. (risos)
Grande parte da minha diária de alimentação foi destinada à compra de “apetrechos” para farra, ou seja, cerveja, carne para churrasco, carne para almoço, queijos, etc. Passei dez dias em Garanhuns e só fui sacar dinheiro da minha conta no último dia para comprar os chocolates para os familiares.
Vamos esquecer um pouco as farras de Garanhuns e vamos ao evento.Estava programado para eu operar o som do PA do palco instrumental, mas algo deu errado na licitação e a empresa que me contratou perdeu o palco instrumental. Ligaram-me falando que precisariam mesmo assim de mim, só que para cuidar agora do som do teatro. Ok. Vamos lá.
Se eu não me engano, pedi para colocar uma pequena torre de delay (atraso), pois isso ajuda na sonorização porque não precisamos colocar muito volume no som do PA para que chegue ao fim do ambiente. Quanto mais alto o som do PA nestes ambientes em que as caixas ficam muito próximas do público, mais incômodo fica para quem está perto das caixas do PA. Com o reforço da torre de delay no centro do teatro, o som do PA é mais baixo porque temos este reforço no meio que cobre até o final do teatro. Por estas caixas que estão no meio estarem mais próximas de mim e dos espectadores do fundo, o som que sai delas chega primeiro do que o som das caixas do PA que estão na beira do palco. Por causa disso ATRASAMOS o som que sai destas caixas do meio fazendo com que o som delas chegue no mesmo tempo que as caixas do PA, parecendo que elas nem existem. Por causa deste atraso que damos nestas caixas, elas são chamadas de torre de delay. Em shows de grande porte você encontra muito estas torres de delay também. Não tive quase trabalho nenhum neste serviço. Espero que meus amigos da empresa de som não leiam isso, pois vão querer “chorar” no cachê! Mas foi exatamente isso que aconteceu. Eu tinha à minha disposição seis microfones headsets (do tipo que Madonna, Chororó e Joelma da banda Calypso usam). Com estes microfones o cantor fica com as mãos livres para dançar e interpretar. Mas nenhum ator quis usar os microfones em nenhuma peça, preferindo fazer na garganta mesmo. Fora estes microfones, ainda tinham 4 microfones tipo “condenser” muito útil para captação de vocais, mais alguns direct Box (DI) para ligar instrumentos como um violão ou acordeom e mais alguns microfones para voz. Em algumas peças a trilha sonora foi feita na hora por músicos. Não pude fazer o primeiro dia de espetáculo porque já tinha fechado um trabalho para operar o som da A Trombonada no palco instrumental. Arrumei tudo pela manhã no teatro e chamei um colega meu para operar o som. À tarde, antes de passar o som no palco instrumental, fui ao teatro mostrar para este amigo como estavam ligadas as coisas lá. Tudo certo, tudo explicado. Era tudo bem simples. Fui operar o show no palco instrumental.No outro dia, conversando com o colega (André (ex) Gordo), ele me falou que foi tudo certo e que acabou colocando dois microfones condenser para ajudar na captação das vozes dos atores. Mesmo os microfones não podendo ficar muito próximos, eles ajudaram. Aproveitei esta deixa dele e posicionei no segundo dia de espetáculo dois microfones desses espaçados na frente do palco e os outros dois coloquei escondidos no meio do palco, um em cada lado, para captar do meio para o final. Usei esta posição de microfones em todos os dias de espetáculo! Dependendo da posição do ator no palco, subia ou baixava o volume do(s) microfone(s).
Neste segundo dia de espetáculo, a trilha sonora foi contínua. Era um som de ondas do mar quebrando o tempo todo. Eu tinha um DVD player para fazer este serviço e ele era muito ruim, pois não tinha pausa no aparelho, só no controle remoto dele, que logicamente não estava lá com o equipamento. Sabia que não daria para fazer sonorização de peças que trocavam de trilhas muitas vezes. Por isso, quando apareceu a primeira peça com um trabalho mais complexo de sonorização, fui pegar um CD player de DJ no outro palco sonorizado pela mesma empresa de som. Não devolvi mais o aparelho até o final do evento, descartando por completo o DVD player.
De diferente, só a atriz do RS que faria um monólogo, que trouxe o microfone próprio que era colocado na testa. Ela trouxe também seu operador, que diga-se de passagem, merecia um bom cachê porque ele cuidava de tudo na peça. Só não mexeu na mesa de luz, mas o resto ele fez. Nos primeiros dias eu chegava cedo ao teatro, mas acabamos percebendo que não adiantava muito chegar cedo, pois o pessoal tinha que montar cenário e afinar luzes. Depois comecei à chegar perto das três horas da tarde para organizar a parte sonora, que normalmente era muito simples. E foi assim durante todo festival. Tomei mais vinho do que trabalhei. As peças começavam às 19h e terminavam sempre antes das 21h. Encerrava minha noite sempre nos bastidores ou na house mix do palco principal, conversando com os amigos e tomando vinho. Vi bons shows e outros nem tanto.
Ainda operei o som do PA no show de Silvério Pessoa no palco principal do festival. O sistema era um line array da DAS AERO48 muito bom da Bizasom. As mesas, tanto de PA como de monitor era a digital PM5D RH. Muito boa também. A minha da frente estava com um pequeno (e velho) problema em um dos faders que enganchava quando eu mudava de layer (página). Este defeito é comum nas mesas da Yamaha, principalmente na M7CL. Só não tinha visto ainda na PM5D. E dependendo do canal, é um problema desastroso. Pois o fader não sobe quando voltamos à página em que ele está na posição de cima, cortando o som do canal. Imagine isso acontecendo na voz principal! Como o canal não era tão importante assim, não troquei digitalmente o lugar do instrumento para outro fader.
Devido à estrutura do palco, o line array ficou muito baixo em relação ao solo, prejudicando assim a dispersão do som pelo ambiente. Se aumentasse muito o volume, o mesmo ficava ensurdecedor para quem estava perto das caixas.Como tinha visto e ouvido o belo som do show de Lula Queiroga, feito pelo meu amigo Leo Dim, não tive dúvida, perguntei ao técnico da empresa de som se a cena do show de Lula ainda estava na mesa. Ele respondeu que sim e eu parti desta cena para fazer o show de Silvério Pessoa. Mesmo a maioria dos canais não coincidindo, você pega o alinhamento do som do PA. Se eu achei bom no show de Lula, pra que eu zerar tudo? Modifiquei alguns detalhes ao meu gosto e segui em frente. O risco que você corre numa atitude dessas, é pegar uma cena que tenha algo muito particular do show do seu amigo (ou nem tanto amigo), como a entrada de canais trocados ou volta de algum efeito externo pelos canais de volta de efeitos internos, etc. Peguei uma vez a cena de Mário Jorge, amigo meu que faz Elba Ramalho, e um dos canais não chegava pra mim. Depois de verificar se estava ligado certo no palco e na minha mesa da frente, descobrimos que o canal simplesmente estava com seu input modificado digitalmente.
Liguei no outro dia para Leo elogiando o som que ele fez e informando que tinha aproveitado a cena dele para fazer o meu show. Gostei muito do resultado. E gostei mais ainda quando escutei o áudio da gravação do show. Muito legal.
O engraçado foi que Leo Dim voltou lá para fazer outra banda. Disse que começou do zero e achou estranho. Perguntou ao técnico da empresa se a cena que era de Lula Queiroga e virou Silvério Pessoa ainda estava gravada na mesa. O técnico disse que sim. Ele puxou minha cena (que era dele) e fez o seu show agora em cima da minha cena. Estamos na era digital. (risos)Ainda teve um churrasco com feijoada atrás do palco no sábado pela manhã. Fazia tempo que não comia uma feijoada daquelas.
E isso foi o Festival de Inverno de Garanhuns, pelo menos para mim, pois o festival é muito maior que isso, só que não participei do resto. Tem ainda dança, artes plásticas, palco pop, palco forró, palco cultural, palco gospel, teatro infantil, etc.
Ah... Ainda comprei três garrafas de vinho lá, pois meu estoque acabou. Tomei até as três garrafas da minha (ex) esposa que não foi pegar a mercadoria!
Estou partindo semana que vem para o centro-oeste do Brasil com a Bizasom. Vou fazer o SESI Bonecos. Só volto dia 10 de setembro!
Vou levar a máquina fotográfica do meu (ex) sogro, pois a minha nova que meu amigo Roberto “Chaplin” Riegert está trazendo só chega depois que eu já estou na estrada.
Um abraço a todos.
4 comentários:
E viva a era digital não é titio!!?
E quando lembro da epoca analógica,ainda não tão distante na "estacão do som" fico me perguntando:como pode ainda hoje encontrar-mos tanto som ruim por ai não é!Ainda bem que temos a facilidade de encontramos empresas serias como a BIZASOM,PA AUDIO..
Felicidades amigo,e mais uma vez parabéns pelo blog,e obrigado pela citação!!
Sucesso sempre!!!!
Leo Dim
Ah! A feijoada,estava maravilhosa heim!!!
abs
Leo Dim
Como fazemos para te contratar?
Olá Anônimo.
Meus contatos são:
81-88417408 (Oi)
81-98023728 (Tim)
titioaudiomidi@gmail.com
Como você chegou até meu Blog para ver um texto de 2009?
Um abraço.
Postar um comentário