terça-feira, 22 de junho de 2010

Show de Silvério Pessoa em Carpina – Prazeres distintos, mas quase parecidos!

Olá Pessoal.

Camisa branca manchada de vinho.

Foi assim que cheguei em casa depois de participar do aniversário de 15 anos do meu filho e de ver o jogo do Brasil contra a Costa do Marfim.

Quero ver se o Vanish funciona mesmo para tirar manchas!

Fui para Carpina operar o som do show de Silvério Pessoa.

Mesa analógica no PA e Line Array made in home (feito em casa).

Mas como iríamos passar o som e ficava tudo armado para o início da noite, não fiquei muito desanimado.

Silvério Pessoa seria a primeira atração da noite.

Coloquei meu CD com Lisa Stansfield para tocar e fui dar uma conferida no timbre do PA. Vi que daria para fazer tranquilamente. O local é que não era muito bom, mas eu já sabia disso porque já tinha feito um show de Silvério uns dois anos antes.

A mesa era a mesma de dois anos atrás! Uma ML5000 da Allen & Heath. Legal a mesa. Se tivesse sem problemas, logicamente!

http://www.allen-heath.co.uk/us/ml5000.asp

Fazia um tempinho que não trabalhava com uma analógica. Notei isso quando tive que zerar a mesa, canal por canal. E quando o técnico da empresa me perguntou onde eu queria que ele ligasse os compressores e gates. Nas mesas digitais (tirando algumas antigas de pequeno porte) todos os canais já possuem um compressor e um gate.

O que é zerar a mesa?

Esta vai para os leigos.

Numa mesa de som analógica profissional existem vários canais. E em cada canal existem vários botões de controles: Ganho, atenuador, fase, filtro, mandadas auxiliares e os botões da equalização.

Quando vamos começar um sound check, é de praxe colocar estes controles na posição zero, ou seja, os controles não estão afetando em nada o sinal que está entrando. À medida que vamos passando o som de cada canal, vamos regulando estes controles para um ajuste do som de cada instrumento.

Numa mesa digital, zeramos toda a mesa em menos de 1 segundo!

As mesas digitais têm uma cena chamada Inicial Data, onde todos os controles de todos os canais estão zerados! É só carregar (load) esta cena na mesa que estamos prontos para começar o sound check da nossa banda. E este load leva menos de 1 segundo!

Nem lembro quanto tempo levei para zerar os meus 32 canais para este show em Carpina. Uma zerada meticulosa, leva em torno de 5 minutos.

Depois de zerar a mesa, e testar umas funções, notei que a mesma estava com problemas. No começo achava que era só nos sub-grupos que acontecia o problema. Por isso decidi não usar estes sub-grupos.

Com a mesa zerada, comecei o sound check.

Poderia dizer que tudo foi normal. Tivemos só uns probleminhas no palco, mas nada que comprometesse. Só levamos mais tempo do que o normal no sound check.

No sound check notei que o problema não era só nos sub-grupos. Alguns canais começaram a pender no som do PA. Um mau contato no botão de ganho fazia com que o som do canal fosse somente para um lado do PA. Eu tinha que dar mute (fechar) no canal e rodar rapidamente o botão de ganho do canal até o máximo e voltar rapidamente várias vezes até “desentupir”! Foi muito chato isso.

Acima, os periféricos (compressores, gates, equalizadores gráficos e processadores de efeitos)

Mas fora isso, para mim foi tudo bem. O som até soou melhor do que eu esperava. O local não é muito bom de acústica. Meu colega da equipe de som falou-me que teve problemas de inteligibilidade na parte mais afastada atrás da mesa de som, e por isso resolveu colocar uma torre de delay para ajudar.

Notei com isso que nem precisava colocar efeitos de ambiência artificial em determinados instrumentos que normalmente coloco, pois o ambiente já tinha muita ambiência (reverberação). Só coloquei um pouquinho na voz de Silvério, mas muito pouco ainda.

Decidi antecipadamente conversando com o cantor, que não usaríamos o Kaos Pad e outro efeito que ele normalmente usa no palco.

Sabíamos que o público que estaria lá não combinaria com o uso de tais efeitos.

Diminuiu três canais.

Passamos umas duas músicas somente. Para mim estava tudo certo.

Sound check encerrado, fui para o camarim esperar pela hora do show, que estava marcado para as 22h.

Comi uma pizza não muito interessante no jantar, mas deu para “quebrar o galho”.

O show começou e tinha mais gente do que eu esperava. A atração da noite seria a banda Mastruz com Leite. Eu estava gostando do som. Não era um som de line array NEXO, mas o line caseiro estava suprindo as necessidades do local. E para mim é o que importa. Já peguei line array caseiro que quase choro durante o show! Já comentei antes isso aqui no Blog. Não vou mais bater nesta tecla.

Alguns canais ainda deram problema, e eu fiz aquela ginástica de fechar o canal e rodar violentamente o ganho, mesmo com o show rolando.

A mesa já está merecendo uma manutenção, mas é uma excelente mesa analógica.

À medida que o show seguia, o público aumentava. E mesmo com um público disposto a ver somente bandas de forró estilizado, a reação foi muito boa com o nosso show.

E quando o público reage bem com o show, o trabalho é mais prazeroso. Nenhum artista gosta de fazer um show (independente do cachê que ele está ganhando) para uma platéia que demonstra total insatisfação. Silvério Pessoa (e muitos outros!) corre muito este risco, pois as músicas dele não tocam nos meios de comunicação. E competir com a galera que tem suas músicas executadas em todas as esquinas é uma coisa complicada.

Já fui discotecário (chamam DJ hoje em dia) e era muito triste colocar som para uma casa com pouca gente. Ou era muito chato ouvir os clientes exigindo que eu tocasse Beto Barbosa a noite toda, pois o mesmo estava estourado nas rádios e TVs do Brasil! Eu só tocava três músicas dele! Imaginaram a confusão? A casa noturna que eu trabalhava não tinha o perfil de uma casa que tocava lambada, por isso eu só tocava as três músicas. Mas era confusão toda noite!

Este show, como a maioria dos que eu faço, me deu muito prazer.

E quais são os prazeres distintos, mas quase parecidos que falei no título deste texto?

Foi o prazer que eu tive na festinha simples, porém inesquecível, do aniversário de 15 anos do meu filho!

São prazeres distintos. Mas são prazeres!

E só coloquei QUASE parecidos, porque para mim, nada se compara ao que sentimos com os nossos filhos. Nada!

Nem nas alegrias e nem nas tristezas!

Te amo Filho.

Sua festinha valeu em prazer para mim por nem sei quantos shows!

Um abraço a todos.

Um comentário:

Amiga "não mais" desconhecida disse...

Tiiiii, que lindo !! Isso que é um pai apaixonado e "babão".... Nada nesse mundo se compara aos momentos que estamos juntinho dos nossos filhos. O sorriso de um filho é a coisa mais preciosa desta vida. Parabéns ! E, limpa a "baba"...rsrsr.....vc fica com cara de menino quando está com seu filho...viu a mágica. Perfeito. Bjs