quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Show de Alceu Valença no Fortim em Olinda – Ainda bem que cheguei cedo.



Olá pessoal.
Acabei de participar de um bate-papo virtual com o pessoal da Terça Técnica de Fortaleza.
Nunca tinha feito isso e achei muito legal.
Fernandão, o organizador da Terça Técnica, me conheceu através deste Blog e me convidou para participar hoje do encontro via Skype.
Obrigado pessoal pela oportunidade de falar um pouquinho da minha caminhada.
Espero que tenham gostado.
Descobri uma coisa com este bate-papo.
Tenho muitos “causos” para contar!
Não falei 1/100 das aventuras.
Mas a grande maioria destes causos já está aqui dentro. É só ir lendo. 
Fiquei até com vontade de escrever sobre outro trabalho, e é isso que estou fazendo agora.


Entre os dois ensaios de Naná Vasconcelos e o show de Abertura do Carnaval 2015 de Recife no Marco Zero que comentei no texto anterior, fiz um trabalho de monitor para Alceu Valença em Olinda.
Este trabalho aconteceu no dia 12 de fevereiro.
O soundcheck estava marcado para a parte da tarde.
Fui de carro até Olinda. Cheguei tranquilo.
Cheguei cedo.
Os nossos roadies já estavam montando a bateria quando eu cheguei.
Quando os técnicos da empresa chegaram, começamos nossa arrumação.
Aí veio o primeiro susto.
Eu iria usar 14 caixas de monitor, e eles só tinham 8.
Eu iria usar 9 vias de monitor e eles só tinham amplificador para 5 vias.
Aí fomos para a matemática.
O primeiro ponto foi que tinha que arrumar pelo menos um amplificador para fazer mais duas vias.
Ele conseguiu. Fiquei com sete vias.
Uma via para Alceu, outra para a guitarra, uma somente para o tecladista que normalmente é estéreo, uma via para a bateria e três vias para os metais.
O pobre do baixista ficou sem via de monitor.
Ok. Vias distribuídas.


Vamos às caixas.
Coloquei as duas de Alceu. Uma para o guitarrista. Duas para o tecladista, e as outras três eu usei para os metais. O normal seriam seis caixas para os metais.
Eliminei também as duas caixas que normalmente uso na bateria. Eles tinham uma caixa específica, e eu a deixei lá mesmo.
Pronto. Vias e caixas distribuídas matematicamente.
E no final, vi ainda que eles tinham uma caixa amplificada jogada num canto!
Oba!!!
Coloquei esta caixa para o pobre do baixista que estava completamente abandonado.
Fui ligar o rack de Alceu onde está o sistema sem fio de microfone e violão.
Neste show, mais uma vez, não teria violão.
Faz um tempinho que ele não toca o violão.
Tudo ligado.
A mesa de monitor era uma CL3 da Yamaha e lá na frente, se eu não me engano, era uma CL5, logicamente também da Yamaha.

Pedi para Luciano colocar o microfone sem fio no canal 24, que é onde ele sempre é ligado.
Dei meu primeiro “alô – som”.
Segundo susto!
O canal que modulou na mesa não foi o 24.
Perguntei se ele tinha ligado no canal certo e ele foi afirmativo.
Então eu falei que tinha algo errado, pois o sinal estava chegando em outro canal.
Conferi a ligação digital na mesa para ver se não estava trocado, e ele estava correto.
O som que era para chegar no canal 24, estava chegando em outro canal.
Resumindo...
TODA a ligação estava errada.
Tinha uma medusa onde eram ligados os instrumentos.
Desta medusa saía um multicabo e entrava no “stage box” da mesa.
Pois bem... A numeração do multicabo estava completamente errada!
Saímos conferindo canal por canal e ele foi ligando na ordem certa no stage box da mesa.
Ninguém poderia mexer mais naquelas ligações do stage, pois a numeração nos conectores estava errada.
Perdi um bom tempo aqui neste estágio.
Ok. 
Canais chegando corretamente na mesa, vias e monitores distribuídos matematicamente, fui alinhar os monitores.
Neste dia fiz diferente, comecei pelo side.
Subi o fader do canal e fui ouvir o side.
Terceiro susto! E grande!
Nunca tinha ouvido um side soar daquele jeito.
Perguntei onde estava o “crossover” do side com os ganhos dos cortes.
Não tinha crossover!
O som ia direto e o processamento era feito dentro da caixa!
Luciano me falou que eu tinha que ajustar com o EQ gráfico.
Olhei para ele e falei:
--- Não tenho a menor ideia por onde começar com este side!
O side estava soando absurdamente estranho.
Mas vamos em frente (como diz o cantor Silvério Pessoa), pois a banda vai chegar daqui a pouco, pensei.
E segui.

Usei apenas o EQ gráfico, mas pensando hoje aqui enquanto escrevo, poderia ter usado o equalizador normal da mesa para ajudar.
Vou pensar mais nisso nos próximos trabalhos.
Se eu não me engano, Aurélio (um dos técnicos de Alceu) faz muito isso quando está no monitor.
Rogério (o outro técnico oficial de Alceu) também me comentou que faz isso quando está na correria. Usam o EQ paramétrico na mesa para ajustar a equalização das vias de monitor e do side.
Quando achei que o side estava... Como posso falar?... Hum... Deixe-me ver... Mais ou menos “um pouco perto do aceitável”, fui conferir os outros monitores.
A caixa da bateria também não soava legal, e passei mais tempo do que eu tinha reservado para ela.
Mas acabei passando todos os monitores antes da banda chegar.
Na “carreira”, mas passei.
O soundcheck deu menos trabalho que os ajustes anteriores que tive que fazer no palco.
A organização e a logística antes foi muito mais trabalhosa.
Mas se isso não tivesse sido feito antes, eu estaria lá até agora passando o som!
Ficamos (técnicos e banda) em Olinda aguardando a hora do show.
Alceu Valença não foi o primeiro show, então tivemos que checar tudo novamente antes de começar.
E se a gente fosse o primeiro show, eu iria conferir tudo de novo antes de começar.
Uma das maiores vergonhas que passei na profissão foi por causa de não conferir tudo antes porque não teve nenhuma banda antes e não desmontamos nada num show na Europa.
Fizemos um intervalo de 30 minutos no camarim antes de começar o show.
Não conferi e começamos.
Lasquei-me!
Mas isso eu já contei aqui no Blog.
Quem tiver lendo tudo vai encontrar um dia este texto.
Foi na Bélgica o acontecido. Com Silvério Pessoa.
Vamos voltar para o Brasil.
Olinda.
Conferimos tudo e começamos.
Não começou do mesmo jeito como tinha ficado no soundcheck.
Como diz o guitarrista Paulo Rafael:
--- Nunca volta do mesmo jeito, bicho! (risos)
O que posso comentar?
Sei lá... A pegada dos músicos no soundcheck é uma, e no show a adrenalina é outra, e a pegada muda, fica mais forte. O volume sobe por causa disso. E isso já muda a monitoração.
Já teve caso de quando eu estava conferindo os monitores antes de começar o nosso show, tinha um que estava com o “driver” parado (médios e agudos), ou seja, queimou durante o show anterior.
Eu tive que trocar o monitor.
Existe a fadiga do equipamento por causa do(s) show(s) anterior(es).
O técnico de PA precisou dar mais volume na frente por causa do público.
Isso já interfere no palco também.
O volume no palco voltou mais alto por causa da mudança da pegada dos músicos?
Isso já interfere no som da frente.
Estas são algumas das minhas teorias.
Na prática, fui me arrumando durante o show, atendendo aos novos pedidos da banda, e o show foi seguindo.

Por incrível que pareça, Alceu não me solicitou nada.
Achei que ele iria estranhar o som do side.
A banda também não me pediu mais voz no side.
Concluí que estavam escutando Alceu bem.
São eles que mandam.
Eu apenas obedeço.
Queria agradecer aos técnicos da empresa de som e ao pessoal da direção de palco, que mesmo com os problemas, sempre se empenharam para que tudo desse certo!
E no final, deu mesmo. Mas o risco foi grande!
No meu ponto de vista, o problema maior acontece antes.
Nas licitações da vida...
Na forma de como a coisa é feita. De como é montado a grade das atrações.
O equipamento vai suprir as necessidades dos artistas que vão se apresentar no local?
Foi licitação? Qual equipamento a empresa que ganhou tem que colocar neste local?
Eu poderia enumerar mais algumas perguntas.
Mas este caso já é antigo, só voltou com mais força neste carnaval.
Para finalizar... Se fosse para seguir o mínimo do meu rider técnico, não era para o show acontecer.
Um abraço a todos.

6 comentários:

Lucas brandao disse...

Tenso..

Titio disse...

Pois é Lucas...
Não precisa ser assim.
Um abraço.

Unknown disse...

Olá Titio, faz tempo que acompanho seu blog e me ajuda muito, tenho uma pequena empresa de locação, faço eventos de pequeno porte, mas uma coisa que aprendi aqui no seu blog e procuro aplicar é mesmo que meu equipamento seja pequeno e simples eu procuro manter tudo organizado, funcionando e atender bem as bandas e contratantes, se for tudo bem conversado ninguém passa esses apertos, fiz um trabalhos recentemente aonde me alugaram equipamento para um evento pequeno apenas violão e bateria, na hora de montar tudo apareceu violão, bateria, teclado, contrabaixo, guitarrista, sai na correria providenciei tudo para a banda, mesmo não estando contratado e depois fui brigar com o contratante........hehe, até mais abraços e continue sempre escrevendo hein.

Titio disse...

Olá LR Som.
Legal saber que estou ajudando alguém com meus textos aqui no Blog.
Você mora aonde?
Pois é... Este lance de colocar o carro na frente dos bois... Eu não gosto muito não.
Você vai ver nos próximos textos que a maioria dos palco onde fui operar o som neste carnaval não cumpriram com o mínimo do rider técnico. A empresa de som acaba se "queimando".
Devagar, vamos conquistando nosso espaço. Do jeito que você está fazendo, você tem como reclamar. Ao contrário, não.
Eu penso assim.
Obrigado por participar.
Um abraço.

Unknown disse...

olá Titio, Sou de Franca - SP, estou bem longe de você ai..hehe, imagino que você não deva conhecer a cidade aqui, fica a mais ou menos 400 km de São Paulo, na divisa com Minas Gerais.
Um abraço para você também, a propósito agora que vi que saiu com o nome da empresa, meu nome é Marcelo, um abraço até mais

Titio disse...

Olá Marcelo.
Nunca fui aí na sua cidade.
Quem sabe um dia, não é?
Lógico que já ouvi falar de Franca, mas nunca apareceu nenhum trabalho por aí.
Obrigado por participar do Blog.
Um abraço.