Olá pessoal.
Ainda
bem que só fui ver o show da banda O Rappa depois de ter feito este trabalho
que vou comentar aqui.
Era
fácil eu não ter aceitado o convite de Júnior Evangelista depois de ter ouvido
o excelente som que Vidal fez no sábado que passou.
Mesmo
assim, quase não aceito o convite de Evangelista.
Na
quinta-feira passada, eu estava começando a arrumar minha casa, como sempre
faço quando estou de bobeira.
Lavo
pratos, dou uma varrida na casa onde está mais crítico, coloco a roupa para
lavar na máquina, faço meu almoço da semana, etc.
Era
umas 10h da manhã quando Júnior me liga perguntando onde eu estava.
Respondi
que estava em casa e ele me perguntou se eu não queria fazer um show com ele.
Me
falou que ele iria operar o monitor e eu faria o som do PA.
Perguntei
de quem era o show, e ele me respondeu que era uma banda de rock, acompanhada
de uma orquestra de câmara (violinos, violas, cellos, oboé, flauta, metais e
contra baixo acústico) mais um coral com 15 pessoas.
Orquestra de Rock do Conservatório Pernambucano de Música.
Já
imaginando a cena, recusei o convite e expliquei que eu nunca tinha feito um
trabalho assim.
Que
achava que eu não iria conseguir fazer o serviço.
Ele
continuou tentando me convencer, falando que não tinha dúvida que eu
conseguiria, e de tanto ele insistir, eu acabei aceitando.
Vamos
lá... Para tudo existe uma primeira vez, né?
Pedi
para ele me enviar o rider técnico para eu ter ideia do que eu iria pegar.
Eram
quase 48 canais.
E
a banda de rock era formada por bateria, baixo, três guitarras, teclado, voz
principal e um backing vocal.
O
show seria no Teatro Luiz Mendonça, no Parque Dona Lindu, aqui em Recife.
Marcamos
para chegar ao teatro às 13h.
Cheguei
cinco minutos antes.
Foi
acertado que usaríamos o sistema de som do teatro (PA) e o sistema de monitor
seria locado.
Na
monitoração, Júnior usou um sistema de fones para a banda de rock, e só a voz principal
tinha um par de monitores de chão.
O
maestro também tinha um monitor de chão ao seu lado.
Fora
estas caixas, mais 6 caixas foram usadas nas laterais formando três linhas de
side.
Enquanto
o palco ia sendo montado e ligado, fui lá na frente dar uma conferida no som do
PA, que era formado por um line array da Staner mais um clúster central também
da Staner.
Passei
uma cena que montei em casa antes, já com os nomes nos canais, com os efeitos
escolhidos e alguns ajustes que normalmente faço em vários canais, como os
filtros no hihat e pratos, etc.
Eu
já iria ganhar um tempo com esta cena.
Uma
das caixas de sub-graves estava parada, mas isso foi resolvido. Foi substituída por outra que veio com o som locado.
Este
sistema é fixo do teatro.
Coloquei
minhas músicas para tocar no iPad e fui dando meus ajustes.
Normalmente,
o técnico do teatro (meu amigo Tião) usa a opção MONO da M7Cl para enviar o
sinal para o clúster central e usa um auxiliar para enviar o sinal para os
subs.
Eu
achei melhor usar um auxiliar para enviar os sinais para o clúster, pois eu
colocaria só o que eu quisesse e no volume que eu quisesse.
Coloquei
basicamente as vozes no centro.
Usando
o MONO ou enviando por um matrix, toda a mixagem do L/R iria para o clúster
central.
E
o sub eu deixei por um auxiliar mesmo, como Tião usa.
Depois
de ouvir algumas vezes minhas músicas, liguei um microfone e fui dar os últimos
ajustes.
Notei
com a voz que cada lado do PA estava falando de um jeito, e a solução que
encontrei foi "deslincar" o EQ gráfico para ajustar independentemente
cada lado.
Mas
já durante o show, achei que foi exagero meu ter feito esta equalização independente.
Atrapalhou
mais do que ajudou.
Acho que mexi mais do que devia na equalização do PA.
Como
eu não tinha notado nada no soundcheck quando usei as músicas para escutar o PA,
foi preciosismo demais fazer estas equalizações independentes.
Passamos
primeiro a banda de rock, e depois seguimos para passar o som da orquestra.
No
final, usamos 47 canais, sobrando apenas um canal para o áudio do teatro, que era um
laptop onde estava gravado os toques que antecedem o início dos espetáculos e uma
locutora falando sobre as normas da casa.
Usei
bastando os DCAs da mesa.
Usei
os oito desta maneira: Violinos, violas, cellos, cordas, coral, metais, banda
de rock e orquestra.
O
soundcheck foi bem mais corrido do que eu imaginava.
E
antes que eu pedisse para o pessoal tocar mais um pouco, todos estavam deixando
o palco.
Quando
fui conferir no relógio, faltava bem menos tempo para o início do evento do que
eu estava imaginando.
Um
abraço... Vou ter que ajustar na hora mesmo! Pensei eu.
Alguns
detalhes que eu fiquei sabendo somente durante o show:
1
- Mais de um cantor iria usar o microfone principal.
2
- Mais de um cantor iria usar o mic do backing vocal..
3
- Seriam dois bateristas. Logicamente cada um com sua "pegada".
4
- Os baixistas também iriam mudar.
Fui
reajustando tudo, o tempo todo.
E
fui todo tempo tentando encaixar a orquestra com a banda.
Alguns
microfones das cordas serviram para captar mais de um instrumento e isso ajudou
a dificultar o encaixe da orquestra, pois eles ficavam um pouco afastados dos
instrumentos.
Algumas
vezes quando tentei subir mais as cordas, realimentava.
Já
com as pernas bastante doloridas, fui pilotando os DCAs e faders durante todo o
show.
Lembrem-se
que desde as 13h eu estava em pé.
Perto
do meio do show, eu já estava achando o resultado sonoro interessante.
Mas
poderia ser bem melhor.
Disso
eu não tenho dúvidas.
Com
um soundcheck mais calmo, com microfones diretos em cada instrumento, eu não
tentando encontrar "cabelo em ovo" no alinhamento do PA, e mais uns
ajustes finos, e isso inclui também meu jeito de operar o som, com certeza o
resultado vai ser bem melhor!
Se
aparecer outra oportunidade, irei aceitar de primeira!
E
para finalizar, não tinha como eu não tocar mais neste assunto, pois acredito
que foi a primeira coisa que pensei quando decidi escrever sobre este trabalho.
Teve
gente que acreditou em mim, mais do que eu mesmo!
Não
sei agora se Júnior Evangelista continua acreditando do mesmo jeito...
Só
sei que este trabalho me fez acreditar um pouco mais em mim.
Obrigado
Evangelista.
Um
abraço a todos.
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