quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Orquestra de Rock do C.P.M. em Recife - Acreditando em mim, mais do que eu mesmo!



Olá pessoal.
Ainda bem que só fui ver o show da banda O Rappa depois de ter feito este trabalho que vou comentar aqui.
Era fácil eu não ter aceitado o convite de Júnior Evangelista depois de ter ouvido o excelente som que Vidal fez no sábado que passou.
Mesmo assim, quase não aceito o convite de Evangelista.
Na quinta-feira passada, eu estava começando a arrumar minha casa, como sempre faço quando estou de bobeira.
Lavo pratos, dou uma varrida na casa onde está mais crítico, coloco a roupa para lavar na máquina, faço meu almoço da semana, etc.
Era umas 10h da manhã quando Júnior me liga perguntando onde eu estava.
Respondi que estava em casa e ele me perguntou se eu não queria fazer um show com ele.
Me falou que ele iria operar o monitor e eu faria o som do PA.
Perguntei de quem era o show, e ele me respondeu que era uma banda de rock, acompanhada de uma orquestra de câmara (violinos, violas, cellos, oboé, flauta, metais e contra baixo acústico) mais um coral com 15 pessoas.
Orquestra de Rock do Conservatório Pernambucano de Música.
 



Já imaginando a cena, recusei o convite e expliquei que eu nunca tinha feito um trabalho assim.
Que achava que eu não iria conseguir fazer o serviço.
Ele continuou tentando me convencer, falando que não tinha dúvida que eu conseguiria, e de tanto ele insistir, eu acabei aceitando.
Vamos lá... Para tudo existe uma primeira vez, né?
Pedi para ele me enviar o rider técnico para eu ter ideia do que eu iria pegar.
Eram quase 48 canais.
E a banda de rock era formada por bateria, baixo, três guitarras, teclado, voz principal e um backing vocal.
O show seria no Teatro Luiz Mendonça, no Parque Dona Lindu, aqui em Recife.
Marcamos para chegar ao teatro às 13h.
Cheguei cinco minutos antes.
Foi acertado que usaríamos o sistema de som do teatro (PA) e o sistema de monitor seria locado.
Na monitoração, Júnior usou um sistema de fones para a banda de rock, e só a voz principal tinha um par de monitores de chão.
O maestro também tinha um monitor de chão ao seu lado.

Fora estas caixas, mais 6 caixas foram usadas nas laterais formando três linhas de side.
Enquanto o palco ia sendo montado e ligado, fui lá na frente dar uma conferida no som do PA, que era formado por um line array da Staner mais um clúster central também da Staner.
Passei uma cena que montei em casa antes, já com os nomes nos canais, com os efeitos escolhidos e alguns ajustes que normalmente faço em vários canais, como os filtros no hihat e pratos, etc.
Eu já iria ganhar um tempo com esta cena.
Uma das caixas de sub-graves estava parada, mas isso foi resolvido. Foi substituída por outra que veio com o som locado.
Este sistema é fixo do teatro.
Coloquei minhas músicas para tocar no iPad e fui dando meus ajustes.
Normalmente, o técnico do teatro (meu amigo Tião) usa a opção MONO da M7Cl para enviar o sinal para o clúster central e usa um auxiliar para enviar o sinal para os subs.
Eu achei melhor usar um auxiliar para enviar os sinais para o clúster, pois eu colocaria só o que eu quisesse e no volume que eu quisesse.
Coloquei basicamente as vozes no centro.
Usando o MONO ou enviando por um matrix, toda a mixagem do L/R iria para o clúster central.
E o sub eu deixei por um auxiliar mesmo, como Tião usa.
Depois de ouvir algumas vezes minhas músicas, liguei um microfone e fui dar os últimos ajustes.
Notei com a voz que cada lado do PA estava falando de um jeito, e a solução que encontrei foi "deslincar" o EQ gráfico para ajustar independentemente cada lado.
Mas já durante o show, achei que foi exagero meu ter feito esta equalização independente.
Atrapalhou mais do que ajudou.
Acho que mexi mais do que devia na equalização do PA.
Como eu não tinha notado nada no soundcheck quando usei as músicas para escutar o PA, foi preciosismo demais fazer estas equalizações independentes.
Passamos primeiro a banda de rock, e depois seguimos para passar o som da orquestra.
No final, usamos 47 canais, sobrando apenas um canal para o áudio do teatro, que era um laptop onde estava gravado os toques que antecedem o início dos espetáculos e uma locutora falando sobre as normas da casa. 

Usei bastando os DCAs da mesa.
Usei os oito desta maneira: Violinos, violas, cellos, cordas, coral, metais, banda de rock e orquestra.
O soundcheck foi bem mais corrido do que eu imaginava.
E antes que eu pedisse para o pessoal tocar mais um pouco, todos estavam deixando o palco.
Quando fui conferir no relógio, faltava bem menos tempo para o início do evento do que eu estava imaginando.
Um abraço... Vou ter que ajustar na hora mesmo! Pensei eu.
Alguns detalhes que eu fiquei sabendo somente durante o show:
1 - Mais de um cantor iria usar o microfone principal.
2 - Mais de um cantor iria usar o mic do backing vocal..
3 - Seriam dois bateristas. Logicamente cada um com sua "pegada".
4 - Os baixistas também iriam mudar.

Fui reajustando tudo, o tempo todo.
E fui todo tempo tentando encaixar a orquestra com a banda.
Alguns microfones das cordas serviram para captar mais de um instrumento e isso ajudou a dificultar o encaixe da orquestra, pois eles ficavam um pouco afastados dos instrumentos.
Algumas vezes quando tentei subir mais as cordas, realimentava.
Já com as pernas bastante doloridas, fui pilotando os DCAs e faders durante todo o show.
Lembrem-se que desde as 13h eu estava em pé.
Perto do meio do show, eu já estava achando o resultado sonoro interessante.
Mas poderia ser bem melhor.
Disso eu não tenho dúvidas.
Com um soundcheck mais calmo, com microfones diretos em cada instrumento, eu não tentando encontrar "cabelo em ovo" no alinhamento do PA, e mais uns ajustes finos, e isso inclui também meu jeito de operar o som, com certeza o resultado vai ser bem melhor!
Se aparecer outra oportunidade, irei aceitar de primeira!


E para finalizar, não tinha como eu não tocar mais neste assunto, pois acredito que foi a primeira coisa que pensei quando decidi escrever sobre este trabalho.
Teve gente que acreditou em mim, mais do que eu mesmo!
Não sei agora se Júnior Evangelista continua acreditando do mesmo jeito...
Só sei que este trabalho me fez acreditar um pouco mais em mim.
Obrigado Evangelista.
Um abraço a todos.

Nenhum comentário: