quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Gravação do Natal Para Sempre - O que eu achava que não iria usar, foi exatamente o que eu usei.


Olá pessoal.
Depois de levar um "corretivo" da produtora executiva desse Projeto e do outro componente da equipe, responsável pela tradução dos textos para o inglês e divulgação nas redes sociais, vou tentar seguir o cronograma, publicando apenas um texto por semana... (risos)
Como falei no primeiro texto do Projeto, fiz pouquíssimos trabalhos em 2020. Depois do carnaval, os eventos pararam por causa da pandemia.
Se vocês pesquisarem no Arquivo do Blog, nos textos que escrevi em 2020, vão notar que de março em diante, só tem assuntos falando sobre a falta dos trabalhos, pandemia, adaptações durante a pandemia, etc...
Não fiz quase mais nada depois de fevereiro.
Um desses poucos trabalhos, eu fiz no final do ano, no dia 17 de dezembro.
O Natal Para Sempre.

House Mix do Teatro do Parque (Recife - PE).
Já opero o som desse espetáculo faz um bom tempo. Acho que cinco ou seis anos... Só não trabalhei na primeira edição, mas em todas as outras eu estava presente, como operador de áudio mixando o som, mas fazendo também a função de sonoplasta, onde disparo os efeitos e as trilhas durante as ações dos atores.
O espetáculo sempre aconteceu em parques aqui de Recife.
As primeiras edições foram no Parque Santana, no bairro de Casa Forte, e a última edição foi no Parque da Macaxeira, na zona norte da cidade, e que deve ser o local para futuras edições também.
Já teve ano que foram cinco dias de apresentações, e na última edição foram apenas dois dias.
Acredito que esses dois dias em 2019 foi o maior público do espetáculo desde sua criação. Tinha muita gente. Devo ter falado aqui no Blog sobre isso, é só procurar nos arquivos.
Logicamente que nesse ano de 2020 não deu para fazer nesse formato, por causa da pandemia.
Ainda pensaram em fazer com separação do público, usando grades para demarcar os locais, mas acabaram decidindo fazer uma gravação num teatro sem público, para depois veicular o vídeo num canal de TV, que nesse caso foi a TV Jornal (SBT), e também no YouTube.
E assim foi feito.
O local escolhido foi o famoso Teatro do Parque, que fica no centro da cidade, e que foi reinaugurado recentemente depois de anos fechado para reforma.
Seria apenas um dia para a gravação.
Fui lá no teatro dias antes para uma visita técnica com Roberto Riegert, iluminador do espetáculo.
Eu já sabia qual era o equipamento do teatro, e fui só acertar alguns detalhes com os técnicos de lá.
Equipamento todo novinho, uma mesa TF5 da Yamaha, e um PA (LCR) da JBL modelo VRX 932LAP com o sub VRX 918S.
Esse foi meu segundo contato com a TF5, e foi quem originou o assunto do texto anterior, sobre a dúvida de poder ou não salvar a cena na mesa.
Mas... Voltando para o assunto dessa postagem...
Eu já estava decidido que não usaria o sistema de som (PA) do teatro, pois não teríamos público, e era uma gravação para a TV. E quanto menos vazamento de som, melhor. Usaria as duas caixinhas da Yamaha do teatro, disponíveis na house mix.
Teve um dia para o ensaio geral, mas esse dia não deu para nada, pois tínhamos horário à cumprir do teatro, problema que nunca tivemos nos espetáculos abertos nos parques.
Abaixo, um vídeo com um trecho do ensaio geral.


Passei todos os microfones dos atores, sem usar o PA, usando como referência os monitores da Yamaha, modelo HS5. Ficou muito legal o resultado, e sabia que seria muito bom para a gravação.
Sabia também que os atores iriam estranhar não ouvir nada das vozes no sistema de som, mas expliquei que era a melhor opção numa gravação para TV.
Mas só deu para passar as vozes rapidamente, sem passar a peça toda.
O combinado era passar a peça completa nesse dia, mas por causa do horário, isso não foi possível. Já não tinha gostado muito dessa surpresa, mas teve outra.
Já no final do nosso horário, a produtora do espetáculo me perguntou porque não ouviu no som do teatro as vozes dos atores quando eles estavam passando o som, e eu respondi tranquilamente que usei as caixinhas que estavam na mesa de som, e que logicamente eu não usaria o som do teatro, pois seria uma gravação para TV, sem público, como tinham me avisado.
Quando ela me respondeu: --- Não Titio... Vamos ter público sim, pequeno mas vai ter.
Vixe... (Pensei) Lá se foi meu mini soundcheck para o espaço!
Aqui foi a primeira coisa que eu achava que não iria usar, mas usei.
Ainda deu tempo de ligar o som do PA do teatro e dar uma "alinhada", ouvindo minhas músicas de referência.
Mais nada.
Ficou tudo para o outro dia. Só que o outro dia, era o dia da gravação!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Será que vai dar tempo? Duvido. (Pensei)
Eu ainda tinha uma pequena esperança de passar a peça toda antes da gravação, mas essa esperança sumiu em poucos segundos no outro dia.
Só deu tempo de passar novamente os microfones dos atores, na posição que iriam ficar, com eles usando as roupas e adereços dos personagens que iriam interpretar.
(Ainda pensei em tentar colocar os microfones DPA, que ficam fixos ao lado da boca, presos por fitas adesivas, que resolveria meu problema dos "pufs" causados pelo ar que sai da boca e nariz dos atores/atrizes, e que por não sair do lugar, mantém o som da voz uniforme do começo ao final da peça, mas como vi que o orçamento foi bastante reduzido, nem falei nada sobre esse assunto. Vou tentar colocar agora em 2021.
O combinado é que teríamos algumas paradas na gravação, por causa das cenas onde seriam usadas técnicas de rapel, porque alguns personagens entram no palco de cima para baixo, simulando um voo, usando cordas.
No teatro isso foi mais complicado do que no palco armado ao ar livre.
Fora essas paradas por causa do rapel, ainda aconteceram algumas outras paradas, mas por problemas técnicos.
Achei até pouco, principalmente por não termos feito o ensaio geral completo no dia anterior.
Teve um ator que errou o texto, eu esqueci de abrir um canal para uma fala, uma parte da roupa da personagem principal abriu (rasgou) no meio da cena...
Para uma peça, em que a última apresentação foi um ano antes, acho que ficamos no lucro!!!
Fiquei impressionado com a segurança dos atores com relação ao texto.
E uma chamada pelo rádio comunicador, me fez errar.
Enquanto eu ouvia a informação de que não poderíamos ficar parando muito por causa do horário do teatro, passei da hora de abrir o canal da voz de um personagem.
Meu outro erro foi não ter parado o efeito anterior de uma cena, que era uma trilha que fica por baixo de um diálogo, e quando levantei o fader para o próximo efeito, notei que a trilha anterior ainda estava tocando.
Foi tudo muito rápido, pois baixei rapidamente o fader por causa do susto, e disparei o outro efeito, mas o som da trilha saiu no som do espetáculo, indevidamente.
Como o som dos efeitos e trilhas vão para o palco, o envio desses sons para lá está em "pós fader".
Se eu baixar ou aumentar os faders dos dois canais das trilhas/efeitos no som do PA, acontece a mesma coisa nos monitores colocados no palco.
Com relação a gravação do áudio geral do espetáculo, mandei o sinal do meu L/R para a TV e para meu gravador Tascam DR-40.
Não estava nos meus planos gravar os canais separados para uma futura mixagem em casa.
Primeiro, porque eu já estava usando meu laptop para os efeitos e trilhas. Precisaria de um outro laptop.
Segundo, porque eu sabia que não tinha verba para contratar alguém para fazer esse serviço, trazendo outro laptop.
E terceiro, porque achava que a TV não iria esperar por essa nova mixagem dos canais separados, que eu teria que fazer posteriormente em casa.
Mesmo assim eu consegui gravar os áudios separados, com a ajuda do técnico de som do Teatro do Parque, que é meu amigo.
Ele levou o laptop dele (MAC) e gravamos os canais separados, usando o Pro Tools, sem problemas.
Fiz um teste no primeiro dia com meu laptop (PC), e não consegui fazer a conexão USB.
Descobri dias depois que eu achava que tinha o "driver" para a comunicação USB do meu laptop com a TF5, mas estava enganado.
Agora eu tenho, pois baixei no site da Yamaha o driver correto para essa conexão.
Essa é uma grande desvantagem do PC em relação ao MAC.
Em muitos casos, o PC precisa desses drivers para se comunicar com outros dispositivos.
No MAC, foi só plugar o cabo USB, que o Pro Tools reconheceu a TF5.
Gravei os canais separados no Pro Tools apenas como segurança, achando que não iria usá-los.
Mas quando fui ouvir esses áudios no meu Cubase, vi que o resultado de uma nova mixagem, limpando os canais, ficaria muito melhor do que o áudio que a TV gravou, mesmo eu ainda não ouvindo essa gravação, que eu tinha uma igual no meu Tascam.

Em casa, no Cubase 7, ouvindo a gravação dos canais separados.


Eu poderia melhorar também o áudio que eu gravei pra mim (L/R), que eu sabia que ficaria melhor do que o que estava com a TV, mas nada se comparava ao resultado que poderia ficar com essa nova mixagem com os áudios separados.
Enquanto estava limpando esses canais separados em casa, e já fazendo uma mixagem rápida, entrei em contato com a diretora que estava responsável pela montagem e finalização do programa para a TV, e falei sobre o assunto.

Editando (limpando) os canais no Cubase 7.


Eles já estavam começando a editar, falando que não teriam muito tempo para aguardar, e eu falei que mandaria de todo jeito uma nova mixagem para eles "olharem", e falei que eu acreditava que iriam achar melhor.
Apressei o passo para finalizar a primeira parte do áudio no meu Cubase, e sem ouvir o resultado, fiz o "Mixdown" da mixagem, transformando tudo num áudio estéreo, e enviei para a TV.
No Pro Tools, esse processo de transformar a mixagem num único áudio estéreo (ou mono) é chamado de "Bounced".
Cada software tem seu termo próprio.
Pois bem...
Não demorou muito tempo para a diretora entrar em contato, me avisando que realmente o áudio que eu finalizei em casa estava muito melhor do que o que eles tinham gravado, e que já estavam editando a primeira parte em cima desse novo áudio que eu enviei.
Massa! Tinha certeza que tudo ficaria melhor. Ou quase tudo, como pude ver mais adiante.
Foi aqui que comprovei pela segunda vez que o que eu achava que não iria usar, foi exatamente o que usei!
Avisei que eu teria que ouvir todo o áudio para conferir se não tinha falhas (erros) na mixagem, e ela me perguntou se eu poderia enviar a segunda parte na segunda-feira. Esse contato foi na sexta-feira.
Falei que não teria problema, pois faria tudo no fim de semana, e já no domingo à noite eu enviaria a segunda parte.
Tudo ok.
Foi aí que eu vi que nem tudo ficou melhor.
Conferindo o áudio da primeira parte, escutando do começo ao final, achei que as trilhas e os efeitos ficaram baixos em relação às vozes.
Ainda tentei argumentar com a diretora um novo envio com esses ajustes, mas não tive sucesso, pois eles já tinham editado a primeira parte, e se eu enviasse um novo áudio, eles teriam que encontrar novamente os mesmos pedaços que usaram na edição do vídeo, o que levaria tempo, e eles não tinham mais esse tempo.
Resultado...
Segui a mesma linha de volumes das trilhas e efeitos na mixagem da segunda parte, para não ficar diferente da primeira parte.
E realmente, quando vi o espetáculo na TV pude comprovar que as trilhas e efeitos ficaram bem abaixo do que eram pra ficar.
Paciência... Não tinha mais o que fazer.
A compensação veio nas vozes!
Nenhuma palavra se perdeu durante toda a peça. Tudo bem nítido.
Com certeza, essa clareza nas vozes não deveria estar nas outras gravações.
E para ser sincero, nem ouvi as outras gravações!!!!!!!!
Ahh... Uma curiosidade nessa nova mixagem que fiz em casa.
Como eu iria fazer o fade out nas trilhas e efeitos em casa, ficando igual ao que eu fiz no dia ao vivo? Pois tinha a imagem que seguia o som.
Como saber o que teria que apagar nos canais de voz?
Bem... Para limpar os canais das vozes, foi fácil. Fui seguindo o roteiro e vendo onde deveria ou não ter voz.
Onde não tinha fala, eu apagava tudo. Mas sempre ouvindo, para ver se não falaram nada fora do texto que fazia parte da cena. Fiquei com receio de apagar um improviso.
Só lembrando que eu não tinha um vídeo de referência.
No caso das trilhas, tive que ouvir os microfones dos atores captando o som dessas trilhas e efeitos que vinham dos monitores do palco, para fazer o mesmo fade out no software.
Quando eu fecho os canais no som do espetáculo ao vivo, ou subo o som de uma trilha, ou baixo essa trilha totalmente, essas mudanças não vão para a gravação.
O software fica gravando tudo que está ligado na mesa. Cru. Direto, sem interrupções.
Do jeito que entra na mesa, vai para o gravador. Podemos até mudar essas configurações, mas normalmente gravamos assim.
Foi assim, com essa facilidade de acesso individual dos canais, que corrigi o meu erro quando levantei o fader para disparar um efeito e apareceu a trilha que eu esqueci de parar antes. Lembram?
Ouvi tudo isso pelo vazamento nos microfones, e cortei essa parte que a trilha entrou por engano, deixando só a entrada do efeito.
Ahhh... Outra curiosidade... Me diverti muito enquanto limpava os canais das vozes, ouvindo as falas dos atores que estavam fora de cena. Uma verdadeira "zona"!
No bom sentindo.
Todos se divertindo, e brincando entre si nos bastidores, enquanto aguardavam o retorno ao palco.
E foi por isso que a coisa funcionou. Mesmo na correria e na pressão, todos estavam se divertindo!
Inclusive eu.
Um abraço a todos.

PS: Vou ouvir nesse fim de semana a gravação do L/R ao vivo que está ainda no meu Tascam, só pra "ver" a diferença.


 

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