quarta-feira, 11 de maio de 2022

Carlos Filho no Teatro Hermilo Borba Filho - Praticamente um sarau na sala de estar.

Carlos Filho, Cláudia Castelo Branco, Rafael Marques e Julinho. (Foto by @maxfoto)

Olá pessoal.
Mais uma vez, fui chamado por Vini (Vinícius Aquino) para substituí-lo em três shows que ele não vai poder fazer.
Esses três shows fazem parte de um projeto de Carlos Filho, chamado "Que voz é essa?", que já começou no dia 05 desse mês, no Teatro Hermilo Borba Filho, em Recife.

Vou falar desse que aconteceu no dia 05, e ainda faço o do dia 19 e 26 desse mês.
O teatro não é muito antigo, pois iniciou suas atividades em 1987.
Eu achava que era bem mais velhinho...
Nesse mesmo ano (87) comecei minha caminhada no áudio, quando entrei para ser assistente de discotecário (atualmente chamado DJ) na saudosa Boite Over Point.
Uns dias atrás, fui almoçar no Restaurante Leite.
Famosíssimo (e chic) restaurante aqui em Recife.
Esse sim é velhinho... Tem uma placa na frente informando a data de inauguração, e lembro até que me assustei quando eu vi os números.
Mas a data é tão antiga, que nem lembro mais do ano.
Vou pesquisar aqui...
Vixe. 1882 é o ano!!!!
Placa na entrada do Restaurante Leite.
O restaurante em funcionamento mais antigo do Brasil, segundo o site do restaurante.
Mesmo sendo tão antigo, eu nunca tinha ido lá!
E um dos motivos é que não é nada barato...
Não tem preço para operador de áudio.
Mas eu tinha que ir conhecer, pois já estou com 56 anos.
Se duvidar, ainda volto lá.
Uma vez por ano não dá para matar.
Quando entrei no Teatro Hermilo Borba Filho, me lembrei do Leite, porque eu nunca tinha entrado nesse teatro.
Não sei se ele foi sempre nesse formato, um teatro arena, onde os artistas ficam no centro, e a plateia nas laterais, em duas arquibancadas de ferro, que faz a pessoa lembrar dos circos!
O cantor, numa hora do show, fez até um comentário: --- Eita, aqui as pessoas chamam de arquibancada. Na minha terra, no interior, a gente chama de "puleiro". (risos)
Se escreve poleiro, mas a gente fala o termo errado mesmo.





Se não me engano, Carlos Filho é de Serra Talhada, que fica a 415 km de Recife.
Vamos voltar para o show, antes que eu volte muito mais no tempo...
Vini já tinha me falado como seria a arrumação dos músicos nesse show.
Ficariam no centro, e seriam quatro caixas de som para sonorizar o ambiente.
Duas caixas apontadas para cada lateral, onde estavam os puleiros (arquibancadas).
Não iria precisar de caixas de subgraves, pois o show era só voz, violão, piano elétrico, bandolim e sanfona.
Nesse projeto, Carlos convida outros cantores(as).
Nesse show aqui a convidada foi Cláudia Castelo Branco, do Rio de Janeiro.
Cláudia se divertindo. (Foto by @maxfoto)

Todos os músicos usaram fones (in-ears) com fio.
Decisão mais que acertada.
Todo o sistema de som foi fornecido pelo Estúdio Carranca, onde Neto era o responsável pela montagem.
A mesa foi uma XR18 da Behringer, muito prática para esses shows com poucos canais e poucas vias de monitor.
Logicamente, precisa-se de um iPad ou um computador, para manusear a XR18.
Mesmo ela possuindo um roteador wireless embutido, não é confiável.
Sempre uso meu roteador Airport (Apple) para essa função.
As caixas de som eram da marca Turbosound, modelo iQ12.
Como não tínhamos muito equipamento para ligar e checar, achei que teríamos tempo suficiente, mesmo começando às 14h.
Eu sempre prefiro o termo "sobrar" do que "faltar".
Por mim, teria começado a montagem pela manhã, entre 9 e 10h.
Com certeza iria sobrar tempo.
Nesse, quase faltou.
No detalhe, uma das arquibancadas. (Foto by @maxfoto)
O show começava cedo, 20h.
Um pouco antes de começarmos o soundcheck, notei que estava com problemas em duas máquinas de efeitos na XR18. Ela possui quatro máquinas de efeitos.
Montei uma cena inicial em casa, que eu nem sabia que era possível no iPad, mas Vini me informou como se fazia.
Essa cena a pessoa pode montar tanto no iPad como no editor offline no laptop.
Acho muito mais prático montar a cena no laptop.
Mas para sincronizar essa cena com a mesa, o iPad fica na vantagem porque você não tem que ligar um laptop para chamar a cena na mesa.
Tudo certo. Chamei minha cena que fiz em casa no iPad.
Mas... Quando fui testar os efeitos, apareceram problemas nos efeitos 1 e 3.
Já estava na correria para começar o soundcheck, que nem lembro se conferi o efeito 4.
O reverb que estava no efeito 2, não tinha problema, e decidi usar só ele mesmo. Não tinha mais tempo para tentar achar onde estava o defeito.
Ainda tentei falar com Vini, pois ele usa muito essa mesa, e nós dois estávamos achando que era algum erro no roteamento interno (PATCH), ou algum defeito (BUG) do software.
Ele até apareceu lá minutos antes de começar o soundcheck, mas não encontrou nada de errado no patch, e eu não tinha mais tempo.
Decidi que levaria a mesa para casa após o show e iria procurar o erro.
E nessa segunda-feira (dia 09) eu liguei tudo aqui em casa e achei!!!!! Liguei para Vini explicando.
O velho problema de "DDO".
No final explico o que é DDO.
Carlos Filho fazendo um café durante o show.  (Foto by @maxfoto)
Fora esse problema, o soundcheck aconteceu tranquilo, e ainda deu tempo de fazer um "lanchinho" especial muito gostoso no teatro, preparado por Giovanna Nacarato, companheira da Carlos Filho.
Tinha até escondidinho de charque se não me engano. Que não comi porque não estava com fome suficiente.
Um luxo!
Aí, foi só aguardar pela hora do show.
Que eu não sabia como ia ser.
Muito legal a ideia do formato.
Quase uma peça de teatro, onde o cenário era uma mesa no centro de uma sala, com os quatro ao redor, conversando.
Fizeram café, beberam vinho...
Hora do vinho. (Foto by @maxfoto)

Se eu soubesse, tinha levado meu vinho para participar da festa!
Até a plateia experimentou o vinho tinto!

Plateia degustando o vinho. (Foto by @maxfoto)

Muitas vezes, Carlos conversou com o público sem usar o microfone, para vocês terem ideia do clima do show.
Cantou uma música "à capella" (só voz) com Cláudia, passeando pelo teatro, sem microfones também.
Muito legal.
Carlos Filho e Cláudia Castelo Branco à capella. (Foto by @maxfoto)

Tudo bem... O espaço (pequeno) era propício para isso, eu sei. 
Em certa hora do show, eu já estava me sentindo mais plateia do que operador de áudio.
Rafael Marques no bandolim e Julinho no acordeom (eu prefiro chamar sanfona), completavam o grupo ao redor da mesa.
Cláudia usou o piano elétrico.
E Carlos Filho usou o violão em algumas músicas.

Eu fiquei atrás de uma das arquibancadas (puleiros), perto da mesa de som e do laptop que estava gravando o L/R da mesa, mais o multitrack com os canais separados, via cabo USB.
Uso o Cubase 7 para esses serviços.
Tudo certo. Nenhum contratempo.
Só as dores nas pernas por ficar em pé o tempo todo durante o soundcheck e o show.
Tinha que ficar em pé para poder ver os músicos no centro, olhando pelas brechas entre as pessoas sentadas.
O resto foi perfeito... O show foi muito legal... Eita!
Quase perfeito se não fosse pelo problema do DDO que falei lá em cima.
Deixei de usar mais efeitos por causa desse DDO, porque Carlos sugeriu o acréscimo de um efeito em determinada hora no microfone que iria captar a voz e violão ao mesmo tempo, e eu falei que tinha aparecido esse problema, e que estava só com um reverb.
Ok, sem problema, acrescenta mais reverb nessa hora que já vai chegar perto do clima que eu quero, falou ele.
Ok. Fiz isso e seguimos em frente.
E o DDO?
DDO = Defeito Do Operador. 
Nesse caso, eu.
Descobri nessa segunda-feira em casa, que o problema não foi patch interno, não foi bug do software, e sim nos efeitos, que estavam com uns ajustes que causavam a realimentação.
Na hora de montar a cena, ajustei alguma coisa nos parâmetros erradamente, pois esses ajustes são visuais, a gente não escuta o resultado. E isso estava causando os problemas na hora do soundcheck.
Foi só eu trocar os efeitos, ajustar os parâmetros, agora ouvindo o resultado, e tudo ficou certo.
Salvei a cena novamente no iPad.
No próximo show desse projeto, no dia 19, que está programado para eu fazer novamente, vou ter os quatro efeitos normalmente, e vamos chegar no som do microfone que ele quer.

Quer dizer... Isso se Carlos não ler esse texto aqui antes, e achar melhor colocar outro operador, né?
Eu tenho que perder essa mania de escrever o que aconteceu nos (quase) mínimos detalhes!!!!
(Foto by @maxfoto)

Logicamente, quando cheguei em casa depois do show, de tanto ver o pessoal bebendo o vinho tinto, e para comemorar um resultado sonoro muito legal e um belo espetáculo, abri uma garrafa de vinho e fui para minha sala de estar, como se eu estivesse no sarau que aconteceu no teatro.
Com a diferença de que eu só tinha Tom para conversar.
Mas foi legal também. Ele me entende. Sem reclamar.
Não é, Tom?
Tom, escutando o que eu tenho para falar, sem reclamar.
Não deu para estender a conversa com Tom, porque no outro dia eu tinha o show de Elba Ramalho para fazer no Teatro RioMar, substituindo o técnico dela, meu amigo Mário Jorge.
Mas aí já é uma outra história...
Um abraço a todos.

2 comentários:

Carlos Filho disse...

Titio, fico sempre muito feliz conseguir ler suas postagens. Esse bastidor é parte fundamental do espetáculo. Além de sua capacidade de escrita, gosto muito do seu olhar para os detalhes. Não conhecia a expressão "DDO", mas adicionei ao meu vocabulário. Hehehe Obrigado por mais uma e até a próxima. Estamos preparando algo bem bonito! Abraço.

Titio disse...

Olá Carlos Filho.
Fico muito feliz quando vejo até os artistas participando do Blog.
Criei esse Blog em 2008 na intenção de mostrar aos leigos como funcionava um show ou evento. Muitos amigos me perguntavam como era, e resolvi escrever sobre isso.
Hoje é quase um "diário de bordo" para mim, e às vezes serve até como terapia. (risos)
Quanto ao DDO, eu criei isso na hora de escrever.
Nas conversas da técnica, quando o assunto era um problema, a gente sempre fala que foi um "problema do (ou com) operador".
Lembrei dessas conversas e coloquei Defeito Do Operador para ilustrar esse caso no teatro.
Vou continuar a usar esse termo. Ficou bom, né?
Obrigado por participar do Blog, mesmo sabendo que é um risco para mim. (risos)
Um abraço!