quarta-feira, 25 de maio de 2022

Show de Renato Bandeira no Festival Do Frevo ao Jazz - Foi uma massagem tão grande, que fiquei envergonhado!


Olá pessoal.
Estava eu em plena sexta-feira 13 em casa, quando toca o telefone perto das dez horas da manhã.
Já tomei um susto, pois ninguém liga mais, manda mensagem no WhatsApp, né?
Eita. Sexta-feira 13 pela manhã, o telefone tocando?
Só pode ser notícia ruim!!! (risos)
Ri porque nem tinha me ligado que era dia 13. Só sabia que era uma sexta-feira.
Era meu Amigo Renato Bandeira, perguntando se eu não queria operar o som do PA do show dele instrumental no Festival Do Frevo ao Jazz.
O show iria acontecer nessa mesma sexta-feira diabólica, às 19h, na Praça do Arsenal em Recife.
Massa. Vou sim, falei pra ele, sem nem saber direito do cachê.
E nem falei pra ele que iria até por menos do que ele ofereceu! (risos)
Para me conquistar, ele falou que além do cachê, tinha uma garrafa de vinho de brinde!
Melhor ainda, né?





O soundcheck seria às 17h, mas cheguei bem antes para ver as coisas.
Na mochila, só levei fone, gravador portátil, pendrive, óculos... E três garrafas de vinho!
Uma era o complemento do meu cachê, a outra era de Renato, e a terceira garrafa levei para garantir.
Nem montei cena inicial do show, pois nem sabia qual mesa tinha lá, e se iriam ligar os instrumentos de acordo com o input list.
O rider para esse show foi eu que montei à pedido de Renato dias antes, e achei que ele iria sem técnico.
Quando cheguei na Praça do Arsenal, já gostei do sistema montado, que era da empresa Selva Nua.
Tudo lindo e organizado.
A mesa do PA era a Vi6 da Soundcraft, que eu nem lembrava mais como "mexia nos pitôcos".
Gosto muito dessa mesa, mesmo não tendo feito muitos shows com ela.
Quem estava no PA pelo festival era Adriano Duprat.
Já fui pegar dicas de operação da mesa com ele, pra saber onde estavam os comandos, e como eu tinha que fazer para chegar nesses comandos.
Cada mesa tem um jeito próprio para os mesmos comandos.
A Studer é a proprietária do sistema Visitronic, usado nas mesas da Soundcraft da série Vi.
Já tinha me deparado com a mesa Vista 5 da Studer, numa das turnês que fui para a Europa com Silvério Pessoa.
Fiquei tão animado com a mesa da Studer, que escrevi até sobre isso na época.
Vou tentar achar aqui a postagem...
Achei. Foi em 2008.
Vista 5 da Studer. Festival Paléo na Suíça.

Quem quiser ler essa postagem de 14 anos atrás, clique AQUI.
Adriano nem precisou explicar muito sobre a mesa para eu lembrar que ela é muito massa!!!
Como não fiz nenhuma cena inicial, falei que usaria os canais na posição que seriam ligados no palco para as outras bandas, mas ele me falou que não tinha problema algum ligar de acordo com o input list que eu enviei.
Ok então, liga como está no input list.
Não coloquei Lisa Stansfield para escutar o som do PA.
Usei a cena inicial de Adriano, que já estava com os ajustes de EQ do PA, com as mandadas para o sub, front e torre de delay.
Só perguntei como fazia para chegar no EQ gráfico do PA, e esperei pela minha vez de passar o som.
Era um show autoral instrumental de Renato Bandeira, com bateria, baixo, teclado e guitarra.

Vi6 da Soundcraft.

Renato é violonista/guitarrista, e nesse show seria usada uma guitarra semi-acústica.
Só fiz uma pergunta pra Renato no palco: --- É jazz, né?
Ele respondeu que sim, e fui lá pra frente.
Me lembrei do FITO, onde eu era o responsável pelo som do palco dos shows, e ia ter Tom Zé.
Já falei também desse episódio aqui no Blog. Muito legal o "causo".
Mas vou deixar esse para vocês encontrarem, usando a ferramenta de busca do Blog.
No primeiro show que fui fazer o som, eu pedi para tocar o bumbo da bateria.
Quando eu levantei o fader, no primeiro "tuum", já ouvi do palco: --- Ei!!! Rapaz do som. Não é bumbo de música pop não, viu? Não é Dance Music! É jazz!!! (risos)
Não lembro se foi Tom ou Jarbas quem falou isso na hora.
Jarbas é o diretor musical de Tom Zé, que participa da banda também.
Eu nem tinha mexido em nada!!! Só levantei para ouvir como estava chegando.
Mas entendi o recado.
Nem lembro mais quantos shows de Tom Zé fiz depois desse inicial. Foram muitos, todos no FITO.
Da metade dos shows em diante ele já me chamava de Titio.
Nesse show de Renato Bandeira também não era som de música pop.
Fui levantando os faders, fazendo os ajustes, enquanto a turma passava o som dos monitores.
Aqui não foi como no show de Elba, estava tranquilo. Tínhamos tempo de sobra.
Não mexi em nada na equalização do PA.
Confiei no conselho de Adriano, que foi: Vai levantando os faders que vai soar bem.
E soou!

Pra não dizer que achei tudo legal... Achei um pouco estranho o som da caixa, mas eu achava que era o som dela mesmo. Ainda tentei puxar um pouco de grave, mas não consegui chegar no som que eu queria. Mas como era jazz, com um som mais cru, mais natural, ficou bem ainda.
Quando fui no outro dia do evento ver alguns shows, achei que poderia ter sido um microfone não muito legal no meu dia... Mas no outro dia não vale mais nada!
Foi super tranquilo o soundcheck. E como Renato seria a primeira atração, tudo ficou armado e ligado no palco.
Só aguardar a nossa hora.
A mesma tranquilidade que tive no soundcheck, tive no show.
Só fiz me divertir com o som, e com a mesa Vi6.
Só comprovou o que eu já achava da mesa. Massa!
A Série Vi da Soundcraft é muito legal!!!
No vídeo abaixo, feito por Adriano Duprat, eu me divertindo na mesa de som.


O show foi muito legal, mesmo sendo muito curto!
Acho que não chegou a 1h de duração. Normal num festival, onde os tempos maiores dos shows são para as atrações mais conhecidas.
Achei o resultado sonoro muito bom.
Mas o público (onde tinham muitos músicos) achou o som absurdamente bom!!!!
Renato Bandeira me agradeceu tanto após o show, que fiquei sem jeito.
E olhe que sou amigo de Renato desde 2004, quando o conheci em Silvério Pessoa.
Acho que nesses anos todos, ele nunca me elogiou tanto como nesse show.
Oxe. Fiquei meio "desajeitado" com os comentários.
E eu pensando... Galera... Foi só bateria, baixo, teclado e guitarra...
Como sempre, eu me subestimando.
Tenho esse grave defeito!
Sou muito exigente comigo mesmo.
Depois de vários elogios durante o pós-show, acabei me convencendo que realmente o som poderia ter sido mesmo como estavam achando que foi.
Já na segunda garrafa de vinho no camarim, comemorando e conversando com Renato, ele falou: --- Titio, todo mundo que elogiou meu show, elogiou o som do show. Ninguém elogiou só meu show. Interligaram as duas coisas. Meu show, e o som do meu show!
Foi nesse momento que eu tive a certeza que a garrafa de vinho que eu trouxe de garantia, iria fazer parte das comemorações!

Teve gente falando que foi o melhor som do festival até aquele momento!
Mesmo eu ainda achando um pequeno exagero, não estava mais me importando com isso.
O resultado foi muito melhor do que eu estava imaginando, e ponto final!
Vou comemorar!!!
E foi isso que eu fiz!!!
Fui pra "galeeeeeera"! Como o personagem Seu Boneco, da Escolinha do Professor Raimundo.
A massagem revigorante na autoestima foi tão grande nessa noite por causa dos elogios, que fiquei bastante envergonhado.
Mas uma vergonha como sinônimo de encabulado, desajeitado, sem jeito, lisonjeado...
Voltei para casa só com a metade da terceira garrafa de vinho.
Completamente leve, por tudo que aconteceu no trabalho, sem esquecer também do vinho na corrente sanguínea, logicamente.
Gravei o som do show, tirando o L/R direto da mesa para meu gravador Tascam.
E os elogios continuaram durante a semana por causa dessa gravação!
Vixe!
Como é bom receber elogios, né?
Fiquei imaginando...
E se esse show de Renato Bandeira não tivesse acontecido numa sexta-feira 13??
Como teria sido???!!!! (risos)
Um abraço a todos.

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