quarta-feira, 27 de julho de 2022

Festival de Inverno de Garanhuns (FIG) - Se não tem como fornecer uma estrutura, diminuam os shows!!


Olá pessoal.
Lá vai mais uma vez eu falar da FUNDARPE...
Mas não tem como não falar.
Já fiz alguns shows no FIG 2022, e ainda tem alguns para fazer.
Mas não tá fácil!
Principalmente para as chamadas "bandas locais"!!!
Eita, que assunto repetitivo... Bandas locais...
O roteiro do festival é de Spielberg, mas a estrutura e a logística é de Jaspion!
Ou seja... A turma sofre para fazer um show lá.
A turma que eu falo, é a turma das bandas locais, não esqueçam disso, tá?
Vou falar do Palco Pop porque foi lá que fiz a maioria dos trabalhos até agora, e ainda devo ter dois ou mais shows por lá até domingo. Estou vendo ainda a logística, para ver se consigo fazer esses trabalhos.
Porque não é nada fácil para uma banda local e sua equipe chegarem lá às 8h da manhã para fazer um soundcheck, saindo de van no dia do evento, e com complicações na hospedagem para pernoitar.
Numa matemática rápida, a banda teria que sair de Recife às 4h da madrugada, direto para o palco!
Eu sempre me pergunto: Pra que fazer um festival grandioso, onde a estrutura não vai acompanhar essa grandiosidade???
Só pra dizer que foram "duas dúzias de cem mil" de shows???
É a mesma coisa de eu falar que transei 20 vezes numa noite, sem ninguém saber que usei Viagra (ou coisa do tipo).
Não tem glória nisso não!
Não tem como fazer 4 shows decentemente num palco como o Pop. Alguém vai se lascar!!!
Nos outros eu não sei como está fluindo a coisa, por isso não comento.
Passar som na hora do show? Isso é para festival de bairro, não para um FIG!
Fiz dois trabalhos no Palco Estação (no teatro), com Dois de Paus e Uma Dama e Geraldo Maia.
Lindo. Tudo perfeito.
Equipamentos funcionando, um show por noite, tempo para o soundcheck, tudo tranquilo.
A equipe da Dois de Paus estava hospedada e pernoitaram, mas nem sei se essa hospedagem foi pelo festival ou foram os artistas que bancaram.
(Fiquei sabendo agora que pagaram do bolso)
Geraldo Maia e sua equipe, eu sei que chegaram, fizeram o show e voltaram para Recife!
O famoso e cruel BATE-E-VOLTA.
Parece que o pessoal da organização do FIG acha que o show é no Centro de Convenções de PE e a banda mora nos Aflitos... Fácil e rápido para chegar e voltar pra casa.
Um dia desses eu falei num grupo sobre as licitações para som e luz dos eventos...
De uma pessoa ganhar a licitação para 300 palcos, e depois tentar colocar som e luz nesses 300 palcos, onde logicamente, ele não tem material para todos esses palcos.
Aí sai tentando tapar os buracos, e é quando a coisa começa a complicar.
Em alguns palcos, tem mais de dois "colaboradores" do rapaz que ganhou a licitação.
É o chamado equipamento "Frankenstein", formado por vários pedaços diferentes, de empresas diferentes!!!!
Fiz um trabalho no São João em Campo Grande esse ano, que fazia tempo que não via (ouvia) uma caixa de som falar daquele jeito... Ou várias caixas de som falarem daquele jeito.
A mesa de som não conectava com o iPad, vários faders com defeito etc, etc, etc, etc.
Me arrepio só de lembrar.
O colega técnico do palco na maior boa vontade para me ajudar a fazer o trabalho, mas era impossível ficar perfeito. Ou pelo menos chegar perto disso.
O show aconteceu, mas...
O que me salvou foi eu ter ido 4h antes do show por conta própria, para tentar ajustar as coisas. 
Se eu tivesse ido na hora para fazer esse show, sem saber dos problemas no palco e no PA, teria sido muito ruim, como foi o show anterior ao nosso, onde a banda e o técnico chegaram na hora do show.
A diferença sonora dos dois shows foi absurda! (Bom pra mim, o cliente notou)
Não porque foi eu quem estava fazendo um dos shows, mas pelo técnico da outra banda não ter ideia dos problemas.
E eu ainda informei para ele sobre os defeitos da mesa, mas ele não tinha a menor ideia de como estava falando os monitores e as caixas do PA.
Aí... Se lascou.
Voltando ao FIG...
A situação lá no FIG não está igual a essa de Campo Grande (não tem como!), mas está bem aquém do que era para ser, de acordo com a importância e grandiosidade do evento para o estado de Pernambuco.
E mais... Já são TRINTA ANOS, e ainda passamos por isso????
Oxe. Tem lógica???
Masoquismo???
Sei lá... Fico tentando encontrar uma justificativa, para um festival com 30 anos de estrada ainda passar por isso.
No meu ponto de vista, era pra ser perfeito (ou quase)!!!
30 anos? Não são 30 meses, viu?
Oxe (2). Tem lógica não.
Tá parecendo meu time, o Santa Cruz, que era melhor nos anos 70!!!!
Pela estrutura ($$$) que o Santa tem atualmente, é pra ficar mesmo na divisão que está. Talvez uma C...
Mas se colocar ele na A agora, vai apanhar mais do que torcedor com a camisa do Palmeiras entrando na torcida do Corinthians, gritando que os torcedores com as camisas verdes são uns bostas!!!!
Será que o rapaz iria levar umas lapadas??
É isso.
Esse é meu ponto de vista sobre o FIG.
Tentem melhorar, pois não está legal.
Pelo menos para a parte técnica, onde é o meu caso, e ainda arrisco afirmar que para a parte artística também, onde vejo muitos produtores enlouquecendo, tentando encaixar seus artistas numa programação com uma logística "porra-louca".
E quando conseguem encaixar, ainda tem que torcer para que o palco tenha a estrutura necessária para atender seu artista.
Não sei se melhoraram, mas nos trabalhos que eu fiz até agora no Palco Pop, essa estrutura mínima não existiu!
Perguntem para o produtor do Ave Sangria o que ele achou do show da banda dele...
Se vocês não tem como fornecer essa estrutura mínima para todas as bandas, DIMINUAM OS SHOWS!
Não continuem querendo fazer um filme com um roteiro de Spielberg, mas com o orçamento, a estrutura e a logística de Jaspion!
Vai dar merda!!!
Pra ser mais exato... Já deu.
Só posso falar pelos shows de música.
Pelo resto das atrações, como exposição, circo etc, não tenho a menor ideia.
Não continuem achando "normal" essas licitações de som e luz.
Ou qualquer outra licitação onde uma pessoa ganha 300 palcos, sem ter equipamento para 3.
A única coisa boa que consegui nesses shows que fiz lá no Palco Pop, foram os elogios que recebi dos artistas e dos colegas e amigos técnicos com os quais trabalhei.
Realmente foi gratificante o reconhecimento.
Mas o sofrimento foi grande, e eu tenho certeza que pode ser evitado!!!!!!!!
Um abraço a todos.

PS: Será que meu Santinha sobe para C? Pelo que vejo, infelizmente não deve subir.

Um comentário:

Titio disse...

Olá pessoal.
Dando um giro pela internet, me deparo com uma postagem do amigo Carlinhos Borges no Facebook, onde ele compartilha um texto que ele fez em 2016 sobre o FIG!
Vou colar aqui essa postagem, para terem uma ideia de que o problema não é atual.

(Abres aspas)
Isso foi em 2016. De novo e de novo né ?

FESTIVAL DE GARANHUNS - EQUIPES TÉCNICAS.
O festival tem o maior carinho da maioria dos músicos e técnicos que conheço. Uma ótima oportunidade de mostrar o trabalho para uma boa platéia, um encontro de muita gente boa, belas atrações, bela cidade. Em relação a parte técnica, acho que é uma unanimidade que Pernambuco tem profissionais e equipamento suficientes para realizar esse festival e qualquer outro de maneira tecnicamente impecável.
Os músicos e equipes que trabalham lá sabem que existem profissionais que dão o sangue pra que tudo corra bem, sempre com objetivo que os artistas sejam bem tratados, tenham o apoio técnico que merecem e o público tenha shows com qualidade. Mas esses mesmos músicos e equipe, sabem que tem muita gente que não é competente e/ou tem extrema má vontade de trabalhar.
Pois bem, há um problema crônico de precificação das empresas de som e de luz, que fez com que os preços baixassem muito e o nível dos equipamentos e da equipe descem junto também em alguns casos. Embora eu ache que quando um profissional fecha um trabalho, independente de quanto recebe, tem que fazer bem feito, a gente sabe que isso é o pensamento de uma parte apenas.
Digo tudo isso porque: os profissionais competentes contratados pelo poder público e os músicos não tem NENHUMA FERRAMENTA com poder para avaliar e filtrar a prestação de serviço das empresas para que num próximo evento a coisa melhore. Eles resolvem os 'perrengues' do evento e com a colaboração dos competentes e os de boa vontade ele acontece.
Reforço que não é generalizado, há muita gente boa e empresas responsáveis. Mas vai ter muito músico/técnico aqui que tem história prá contar que ratifica o que estou falando.
Nós sabemos que a banda pode ter uma música belíssima, músicos competentes, mas quem gira o botão que não sabe o que está fazendo e/ou tá com má vontade pode prejudicar muito um show.
No sistema que está, os preços das empresas vão abaixar ainda mais e a tendência é que as coisas piorem. Todas as ferramentas que podem reverter isso existem, falta apenas atenção e vontade de resolver isso por parte de quem tem poder para mudar.
Isso tudo que escrevo é por meus amigos que trabalham incansavelmente para realizar espetáculos de qualidade. Viva a música, viva o áudio.
(Fecha aspas)

Alguma semelhança com meu texto atual aqui sobre o FIG?
Um abraço a todos.