sábado, 1 de abril de 2023

Com o Carranca Live no Brega Awards - Adoro trabalhar com essa turma.

 
Olá pessoal.
Assim que cheguei em Recife depois do trabalho com Mestre Ambrósio em Teresina, recebi uma mensagem de Carlinhos Borges (Estúdio Carranca), perguntando se eu estaria livre no dia 21 de março.
Estou sim, disse eu.
Ele me falou que tinha um trabalho para fazer no Teatro de Santa Isabel, uma premiação do brega chamado de Brega Awards, e que seria para eu fazer o monitor.
O Carranca Live, um braço do Estúdio Carranca para shows ao vivo, iria sonorizar o evento.
Falei que estava meio desanimado em fazer monitor, mas que faria o trabalho assim mesmo.
Quem sou eu agora para rejeitar trabalhos só porque é para fazer monitor... Né?
Mas mesmo eu aceitando o convite, ele emendou:
--- Ok, então você faz o PA.
Tá... Já que você (não) insistiu muito, eu aceito a mudança. (risos)
Combinado e agendado.
E escrevendo hoje, tenho certeza que ele fez a melhor escolha para o evento!
Não acredito que eu teria feito o monitor melhor do que meu amigo.
Eu não tinha a menor ideia de como seria esse evento.
Fui vendo os detalhes durante a semana com o resto da equipe.
A equipe: Eu no PA, Adriano Duprat no monitor, Vinícius Aquino na transmissão e coordenação da sonorização, e os roadies Neto e Raynara.
Um amigo meu, técnico de outro teatro e que já tinha feito esse evento anteriormente, me falou que foi tudo bem simples no ano que o evento aconteceu no teatro onde ele é o operador de áudio.
Foi só um DJ, quatro microfones sem fio, e dois microfones headset para os apresentadores.
Quando eu recebi o roteiro do evento, onde tudo foi roteirizado, incluindo as falas dos apresentadores, notei que o simples ficou só no evento anterior.
Fui na esquina imprimir o documento, porque não tive coragem de comprar o cartucho da impressora, que era mais caro que a impressora, e ela está paradinha no "quarto da bagunça".
Só usei essa impressora uma única temporada, até o cartucho acabar, depois encostei ela.
Com o documento em mãos, fui dar uma estudada, pois tinha muita entrada de vídeo (com som), tinha banda ao vivo com vários cantores, piano acústico, quarteto de cordas (violinos, viola e cello), dança, três apresentadores etc...
Não tinha DJ!!!!! (risos)
Vixe! Já ia esquecendo que tenho uma consulta no otorrino hoje!
Meu ouvido esquerdo amanheceu fechado e um pouco inflamado no começo da semana.
Vou lá dar uma geral nele(s).
Pode ter sido as recentes viagens de avião, que "de vez em quando" me lasco com a despressurizarão na descida.
Teve uma vez que não chorei de dor numa descida para não passar vergonha.
Achei que o ouvido ia estourar!
Vou me arrumar aqui pra almoçar e seguir para o consultório, depois termino esse texto.
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Onde eu estava mesmo?
Deixa eu reler o que escrevi.
Ahhh, ok. Fui estudar o roteiro. Isso.
Eram mais de dez páginas de roteiro, mas só me assustei no começo, porque vi que essa quantidade grande de páginas era por causa das falas dos apresentadores.
Conversei com Adriano e Vini sobre o evento, e montamos a cena que seria usada nas três mesas (PA, monitor e transmissão).
As três mesas eram da Behringer.

Uma Wing com Vini, uma X32 Core com Adriano e uma X32 (de carne e osso) comigo no PA.
Foi o único pedido que eu fiz para o Estúdio Carranca: --- Coloquem uma mesa "normal" para mim, com botões e faders, pois seria mais fácil a operação do que usando um iPad.
Ia ter muito abre e fecha de canais, e no iPad fica mais complicado, aumentando as chances de erro.
Todas essas três mesas estavam interligadas por cabos de rede via AES50, protocolo usado pela Behringer.
No palco, tinha um StageBox da Midas com 48 inputs e 16 outputs.
Todos os sinais que entravam nesse Stage, eram enviados para as 3 mesas pelos cabos de rede.
Quem comandava todo o patch digital, incluindo o CLOCK máster, era Vini na Wing.
Eu fazendo besteira no patch digital na minha cena. Não mexe aí! Falou Vini.

Explicando rasamente o que seria o CLOCK, poderia dizer que é o gerenciamento da conexão digital.
Quando interligamos vários equipamentos digitalmente, temos que indicar quem vai gerenciar essa comunicação digital, colocando o clock máster num equipamento, deixando todos os outros equipamentos em External Clock ou Slave (escravo).
Vini já fez as cenas das três mesas com essas configurações e nos enviou pelo WhatsApp.
Cada um nomeou os canais do jeito que gosta, mas os canais eram os mesmos para os três operadores.
Lindo.
Em cima dessa cena, ajustei as coisas ao meu jeito de trabalhar.
Já adiantou bastante nosso serviço!!!!!
Principalmente porque estava previsto para a gente chegar no teatro às 8h da manhã, para montagem e checagem de todo o sistema de som.
Por causa da chuva pesada, complicou tudo, e só conseguimos chegar ao local às 10h... Acho até que um pouco depois disso. Mas não lembro mais a hora exata, só sei que teríamos bem menos tempo para organizar as coisas, e a hora do soundcheck seria a mesma.
Ou seja... Teríamos que correr!!!!!

Mas o que Vini adiantou nas cenas foi ponto importante para compensar esse atraso no começo do serviço.
Tudo estava bem sincronizado, e só foi preciso alguns ajustes finos no patch digital para todos os canais de entrada e saída funcionarem perfeitamente.
Meu Menudo (Vini) é ninja nisso também.
Domina o AES50, como o DANTE.
Não tem como fugir dessas conexões digitais, viu?
Tenho que pegar umas aulas lá no Carranca.
Eu só pedia pelo rádio, e ele direcionava as coisas lá da mesa dele. (risos)
O setup onde ele mixou o evento para a transmissão foi montado num camarim atrás do palco.
Checamos todo o sistema de som, e...
Deu tempo até para almoçar!!!!!
Nem imaginava que iríamos fazer isso no dia.
Voltando do almoço, começamos o soundcheck.
E eu olhando para o roteiro, sempre!!!!
O soundcheck não seguia o roteiro.
À medida em que íamos passando o som, eu procurava no roteiro onde era essa apresentação e fazia as marcações com a caneta.
Dificilmente outra pessoa poderia usar essas marcações que eu fiz! (risos)
Quase hieróglifos!

Depois do soundcheck, eu passei todas as anotações para Adriano, que anotou no seu roteiro.
Passamos tudo!
Banda, o piano acústico microfonado ao lado do PA (ui!), o Quarteto Encore, o áudio do telão, e os microfones dos apresentadores.
O piano acústico sempre dá um trabalhinho para colocar no PA, principalmente quando esse piano está quase na frente das caixas do PA.
Acho que os microfones do piano ficaram a menos de um metro atrás da linha das caixas.
Mas consegui achar um ponto legal com os três microfones, e quando gostei do som, parei de mexer.
Pedi logo para o estúdio levar o par de KM 184 da Neumann, que sou fã.
KM 184 da Neumman.
Iria usar só eles, mas aproveitei o SM57 que colocaram pensando no monitor.
Juntei o som dele com o som do par de KM.
Tudo OK.
Tudo certo para os três operadores, para todos que iriam se apresentar no evento, e para o diretor.
Encerramos o soundcheck.
Só aguardar o início do evento.
Os apresentadores não foram passar som, mas tudo bem(?).
Ahhh!!!
O combinado era a gente usar microfone headset sem fio nos apresentadores, mas como as caixas do PA estavam bem próximas do lugar onde eles iriam ficar, e quando testamos os microfones, percebemos que seria muito fácil realimentar, decidimos usar três microfones sem fio de bastão.
Por isso falei "tudo bem" lá em cima.
Mas se fosse para usar o headset, seria importante passar o som com os apresentadores.
Ajustei os microfones na hora mesmo, quando os apresentadores entraram em cena.
Aí... Foi só seguir o roteiro!!!!
Fiz a mesma coisa que Adriano fez no monitor.
Grupos de MUTE.
Usei um grupo para o piano, outro para a banda, outro para os apresentadores, outro para o quarteto de cordas e outro para o vídeo.
Mas achei melhor deixar o canal do vídeo aberto o tempo todo, depois de combinar com meu colega Radar, que era o responsável pela parte de imagens.
Fui seguindo o roteiro usando esses grupos de mute, abrindo e fechando o piano, a banda, os apresentadores, as cordas...
E tudo foi fluindo naturalmente.
Como diz o matuto: "Aperreio" zero!
Só uma troca de microfones que os apresentadores fizeram entre si durante o evento, mas nada que não pudesse ser contornado.
Cada microfone estava ajustado para cada voz, e eles trocando esses microfones, eu tinha que ajustar novamente cada microfone. Com mais ganho, ou menos agudo, ou mais grave etc.
Depois da produção do evento ajustar isso no palco, foi só correr pro abraço.
Na realidade, quem notava isso nos microfones era só a gente da técnica.
Mas não era legal ficar ajustando isso durante todo o evento, e ainda ter que ficar olhando para os canais na mesa para saber qual o microfone que o apresentador estava falando.
Cada canal tinha o nome do apresentador, não esqueça.
Trocando os microfones, complicava tudo.
Saíram os dois apresentadores (X e Y) e só ficou a apresentadora (Z).
Fecha X e Y e deixa Z. 
Lascou. Ela tá com o microfone de X.
Mas consertaram isso no palco, e foi só seguir tranquilamente até o final.
Dias depois, conversando com Adriano num grupo aqui de Pernambuco, ele falou uma coisa que até passou despercebido por mim.
Desde o soundcheck, até o final do evento, não tivemos uma falha sequer por causa de conexões (cabos). Nada.
Não trocamos nenhum cabo, nenhum sub-snake (multicabo com 6 vias), nenhum microfone, nenhum direct box... Absolutamente nada!
Tudo funcionou perfeitamente do começo até o final.
A gente fica meio assustado hoje em dia porque não está sendo uma coisa normal nos palcos por onde a gente tá passando.
Tem muito cabo e microfone com defeito, muita caixa de monitor com defeito.
A gente tá fazendo muita troca no soundcheck e durante o show.
Por isso a gente ficou meio assustado quando observou isso no evento sonorizado pelo Carranca, que eu sempre chamo de Carranca Live.
Como disse, eu nem notei isso na hora.
Adriano foi quem tocou nesse assunto no grupo, e só aí eu me dei conta.
Realmente, é muito bom trabalhar assim.
E com certeza, isso reflete no resultado do trabalho!

Alguns dias depois, fui falar com Carlinhos Borges, para saber se ele recebeu algum retorno do contratante, pra saber se gostaram do serviço, do que não gostaram etc.
Ele me mandou um áudio do diretor, onde ele agradecia copiosamente pelo serviço, elogiando tudo e todos da nossa equipe.
É sempre bom ouvir isso, né?
Realmente, a gente fez um belo trabalho em equipe!
Quando é para elogiar, eu elogio.
Trabalhar com pessoas comprometidas em entregar um serviço perfeito é gratificante.
Nem sempre encontramos isso, viu?
E o Carranca sempre busca formar uma equipe para um trabalho com esse "desejo do serviço perfeito".
(Obrigado pela parte que me toca!)
Por essas e outras, é que eu adoro trabalhar com a turma do Carranca.
Um abraço a todos.

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