sexta-feira, 7 de julho de 2023

Mestre Ambrósio no Alto do Cruzeiro (Arcoverde) - Apertem os cintos, o técnico sumiu!

Palco Polo Raízes do Coco - Lula Calixto. (Foto by Adriano Duprat)
Olá pessoal.
Era um dia para ser esquecido.
Mas não posso esquecer dele, tenho mais é que lembrar e deixar registrado aqui, pra ver se alguma providência é tomada pelos organizadores.
Esse show aconteceu no dia 17 de junho, no Polo Raízes do Coco - Lula Calixto.
Alto do Cruzeiro - Arcoverde (PE).
Foi tanta agonia (novamente!), que nem foto eu tirei dessa vez.
Fui pedir para um amigo técnico que foi fazer show lá antes de mim, e ele me falou a mesma coisa! (Risos)
E deu tempo, Titio? Muita agonia! (Falou ele)
Foi complicado...
Mas lembrei que ele colocou num grupo de áudio três fotos antes de começar a trabalhar no dia dele, que consegui recuperar e vou colocar aqui para ilustrar esse texto.
Inclusive foi esse amigo quem me lembrou que esse show do Mestre Ambrósio (MA) seria no mesmo palco que estava vazando corrente no ano passado, quando a gente foi fazer a Banda de Pau e Corda.
Desanimei na hora!
Só depois que ele me falou, fui juntar as informações...
Vixe... É mesmo! Até os equipamentos são bem parecidos.
Achei até que era a mesma empresa de som, mas não era.
Mas também não mudou muita coisa, acho até que piorou.
Notei isso quando cheguei lá para passar o som.
À princípio, só tinha dois monitores de chão disponíveis nesse palco.
Mais uma via para a bateria e o side.
Era exatamente isso que tinha no ano passado! Por isso achei que era a mesma empresa.
Adriano, depois de muita briga, exigiu mais dois monitores para poder fazer os shows onde ele iria operar o monitor (Almério e Forró na Caixa).
Conseguiram então esses dois monitores amplificados, que logicamente, aproveitei nesse meu trabalho com MA.
Nesse trabalho, uso apenas 3 monitores de chão, mais o side.
Só um músico não usa in-ear.
E dois músicos usam monitor de chão mais in-ear.
Foram 4 shows de MA em junho, onde sempre levamos o sistema completo de in-ear.
Ajudou muito!
Voltando ao palco...
Os equipamentos disponíveis não eram legais.
Levamos nosso amplificador de guitarra, e se não me falha a memória, usamos o baixo em linha, não usamos também o amplificador que estava lá.
Amplificador de guitarra do palco. (Foto by Adriano Duprat)
O palco tinha vários outros problemas, como: 1- Número bastante reduzido de cabos, pedestais e microfones. 2- Não tinha subsnake. 3- Muitos cabos com defeito. 4- Muitos microfones de baixa qualidade. 5- Alguns microfones não funcionavam.
Por causa de todos esses empecilhos, diminuímos nosso input, chegando até a colocar três instrumentos em apenas um canal.
A gente foi se virando...
Pontos positivos? Dois.
O palco não estava vazando corrente e a mesa de monitor, uma M7CL da Yamaha, estava perfeita!
Ligamos todos os nossos instrumentos, checamos tudo, sempre trocando cabos e microfones.
Até que o "aperreio" não foi grande. (Nem imaginava o que estava por vir)
A banda não iria passar o som.
Eu dou uma geral nos fones e monitores nesse soundcheck, onde sempre usei uma cena de um show anterior, e adaptei para o novo show, pois tudo é diferente (monitores, cabos, DIs, microfones etc).
A banda chega na hora do show, faz um linecheck rápido nos instrumentos, e vou ajustando os monitores durante o show.
Não deu tempo da equipe técnica ir para o hotel tomar um banho e esticar as pernas, porque esse hotel era em outra cidade e seria quase um bate-volta.
Ficamos direto, aguardando a hora do show.
Cabeçote do sistema do baixo. (Foto by Adriano Duprat)
Aconteceram vários problemas durante o show anterior ao nosso, que não sei se ajudaram (ou motivaram) na decisão do técnico de monitor da empresa de som quando chegou nossa hora.
O corre-corre no palco foi grande no show de Bia Villa-Chan, e nem vou enumerá-los.
Só vou falar da pior parte, que foi quando Can, nosso técnico de PA, que estava lá na frente vendo o show de Bia, chegou atrás do palco falando: --- Titio... As altas (agudos) do PA pararam!
Aí eu desanimei.
Só me restava torcer para que o técnico da empresa conseguisse consertar o problema.
Chegou nossa hora, e tive a confirmação que o problema no PA não foi resolvido, e que todo nosso show seria realizado sem os agudos no som da frente!
Puta merda... Não lembro de eu ter passado por isso alguma vez...
Pegar algum monitor com drive queimado e não ter outro para substituir, eu já peguei algumas vezes. Mas pegar todos os monitores com esse problema, ou pegar um PA inteiro sem as altas, eu nunca peguei!!!
Fui ligar minhas coisas no palco. O sistema de in-ears e as 3 caixas de monitor.
O multicabo que ligava os in-ears era meu. Então estava tudo funcionando e eu que marquei tudo.
Deixei os três cabos das caixas devidamente marcados, amarrados no meu multicabo.
Pluguei rapidamente esses cabos nas saídas da mesa, e chequei todas as vias de monitores.
Como a banda anterior não usou caixas de monitor, elas não foram desconectadas dos cabos, e estava tudo certo.
Os in-ears, tudo ok.
O side, tudo certo também.
Os monitores estavam todos conectados e checados.
Vamos fazer o linecheck.
Foi aí que o caos começou...
Os instrumentos não chegavam certos, ou nem chegavam nos canais da mesa.
Fui ver então com o técnico da empresa, que tinha feito todas as marcações na plugação, por que os canais não estavam chegando.
E foi aí que tomei o susto.
Tinha um rapaz novinho tentando ligar os cabos no "spliter", com cara de não saber direito o que estava fazendo.
Spliter (Divisor) = Recebe os canais dos instrumentos e divide esses sinais para as duas mesas (PA e Monitor).
Oxe.
Cadê o técnico que fez essas marcações nos cabos? (Perguntei para o rapaz)
E ele sem graça, respondeu: --- Não sei.
Agora lascou mesmo!!
Quando olhei para os cabos, vi que muitos estavam ligados nos canais errados e nem foi muito culpa do garoto, pois as marcações dos canais no spliter eram confusas mesmo.
A pessoa tinha que notar nos primeiros canais que a numeração ficava abaixo do conector e não acima.
Ou seja... Ele tinha conectado errado vários canais!
Mas mesmo eu mostrando onde estava um dos erros, os problemas continuaram, pois não estávamos entendendo as marcações que o técnico da empresa tinha feito.
E mesmo conectando o cabo onde tinha uma marcação visível correta, o sinal não chegava na mesa, porque muitos cabos eram emendados e no show anterior essas emendas foram desfeitas, para tentar solucionar os problemas que apareceram na hora desse show.
Ou porque os cabos estavam com defeito mesmo.
Na agonia, lembrei do filme que vi quando era adolescente:
"Apertem os cintos, o piloto sumiu!"

No meu caso foi o técnico de monitor da empresa de som que sumiu!
Não tenho a menor ideia do que aconteceu para ele tomar esse decisão.
E nem tinha tempo para pensar sobre isso.
Vamos ter que religar todos os canais que não chegam. Não tem outra alternativa.
E o tempo passando...
Lembram que falei no meio desse texto, que um dos problemas desse palco era que tinha poucos cabos?
Pois bem...
Não tinha como pegar novos cabos e ligar diretamente no spliter.
Não existiam mais cabos!
Tivemos que fazer essas ligações usando os cabos que já estavam no palco, e completamente emaranhados!
O famoso "ninho de cobras"!
O vídeo abaixo, feito pela nossa produtora Virgínia Correia (Vivi), mostra um pouco do desespero com os cabos.

Mas eu não começaria o show sem ligar tudo no lugar certo.
A não ser que a produção do Mestre Ambrósio solicitasse para eu começar de todo jeito.
O que não aconteceu. Acertadamente!
Alguns membros da banda subiram no palco e informaram ao público o que estava acontecendo.
Alguns canais estavam ligados corretamente, por isso falaram no microfone.
O público aguardou pacientemente, e conseguimos ligar todos os canais, depois de muitas tentativas.
O show começou, como se nada tivesse acontecido. (Teoricamente)
E foi muito bom!
Durante o show, apareceu de uma hora para outra, algumas realimentações (microfonias), que achei estranho, porque eu só tinha 3 monitores de chão e o side que poderiam causar isso.
Enquanto eu tentava achar onde era, não lembro se tinha comunicação com o PA e Can me avisou que era ele tentando puxar "na marra" as altas lá na frente, ou foi o roadie que veio me avisar isso.
Nem sei se avisaram os músicos sobre esse defeito no som do PA...
Acho que ficaram sabendo só depois do show.
Pois é...
O show saiu na marra! (E sem agudos na frente)
Mas não deveria ser desse jeito, não é?
Mais um palco com estrutura muito deficiente.
Esse foi bem pior do que o palco em Vitória de Santo Antão, que falei na postagem anterior.
Muito pior!
E foi o segundo ano consecutivo que colocaram uma estrutura muito ruim nesse palco em Arcoverde!
Se for assim também em 2024, vai poder até pedir música no Fantástico!!! Infelizmente.
Só não estou com vontade de voltar lá no próximo ano para ver se ajustaram os problemas.
Acho que não esqueço mais do local.
Alto do Cruzeiro.
Mais uma vez montaram uma programação de Spielberg com uma estrutura de Jaspion.
Tem tudo para dar errado.
E está dando errado nos dois anos consecutivos que tive o desprazer de trabalhar lá.
Acho, antes de qualquer coisa, um desrespeito com artistas, produtores, técnicos e público(!).
E esse desrespeito, esse descompromisso, essa falta de zelo, essa falta de responsabilidade, essa falta de profissionalismo dos gestores que contratam essas estruturas (palco, som e luz), está a cada ano que passa, se alastrando (e piorando) pelos palcos "secundários" nos eventos em Pernambuco.
Nos palcos principais eles dão uma atenção "elevada a décima potência"!
(E ainda há controvérsias!)
Querem montar 60 palcos, com estrutura decente para montar 6.
Desanima.
E cometem um erro grave antes de tudo!
As licitações das estruturas são feitas, sem saber quem vai se apresentar no local!
Se não tem jeito para ser diferente, que deem uma olhada antes nas estruturas que ganharam a licitação, e só assim escolham as atrações.
Também não tem como fazer isso?
Inventa uma saída para o problema. 
O pior é deixar do jeito que está, piorando a cada ano.
Fico mais triste ainda, quando vejo as propagandas das prefeituras e governos falando: O MAIOR ESPETÁCULO DA FACE DA TERRA E DO UNIVERSO!
A propaganda é a alma do negócio, né? 
Estou quase vendo de novo o filme antigo de comédia que citei aqui, pra ver se dou umas risadas.
Estou precisando rir, mas de alegria.
Na época, quando eu vi o filme com 14 anos, ri muito!
Atualmente estou rindo muito das piadas sem graça!
Aquele "riso amarelo"...
Um abraço a todos.

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