sábado, 1 de julho de 2023

A importância da empresa P.A. Áudio na minha formação profissional.

Olá pessoal.
Acharam que esse texto seria sobre o São João, né?
Mas não vai ter nada a ver com os trabalhos "juninos".
Esse texto eu comecei bem antes do São João, precisamente no dia 21/06, mas só hoje (01/07) peguei para finalizar. Segue abaixo o começo do texto da postagem.
A forma correta de escrever o nome da empresa é como coloquei no título, mas vou tirar os pontos para facilitar a escrita, escrevendo PA Áudio.
Se não me engano, pois faz tempo, e eu não queria perguntar isso para os três fundadores da empresa (Normando Paes, Rogério Andrade e Mário Jorge Andrade) para não perder o jeito de escrever, o PA vem do Paes e Andrade dos nomes deles.
Já falei em texto anterior (bem anterior!) que eles quase encerram minha carreira na inauguração da DM2000 no monitor do Festival Philips no Marco Zero, mas gostaria de falar hoje sobre como a empresa me colocou no mercado, e de como a filosofia dos sócios influenciou na minha formação profissional.
A empresa fez o primeiro Abril Pro Rock (APR), que aconteceu num espaço na Avenida Rui Barbosa, que se não me falha a memória, era chamado de Circo Maluco Beleza, e tinha uma tenda de circo nesse local, onde se apresentavam as bandas que estavam iniciando.
Essa tenda era o palco 2.
E tinha o palco principal onde se apresentavam as bandas mais conhecidas.
Fui muito lá, mas para farrear, nunca pensei em trabalhar numa "coisa" daquelas.
A PA Áudio foi a responsável pela sonorização do festival durante décadas! 
Só se retirando depois que a sociedade da empresa foi desfeita, uns anos atrás.
Eram meus amigos, e são até hoje.
Acabei casando com a melhor amiga da esposa de um deles... Que é a mãe do meu único Filho.
Pois bem...

Não me recordo de Mário Jorge nessa época no local, acho que ele já tinha saído de Recife, indo morar no Rio de Janeiro.
Mas continuava sócio da empresa, vindo esporadicamente para o Recife, para participar dos eventos mais importantes da empresa, quando a agenda dele deixava.
Nem sei a quantos anos ele trabalha com Elba Ramalho...
Mas acho que antes de fazer Elba, ele trabalhou com Alceu Valença.
Fora outros tantos artistas que ele faz o PA ou monitor atualmente.
Meu contato era mais com Rogério e Normando.
E foram esses dois que me colocaram nos shows, em 2004, onde fui substituir Normando no monitor de Silvério Pessoa no Carnaval, num palco armado na frente do Mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda.
Nunca esqueci desse dia.
Eu já fazia o monitor da Banda Versão Brasileira, mas levou um tempo para eles acharem (e com razão) que eu estava apto a fazer o monitor de outro artista.
Foi quando comecei pra valer no mercado de shows, depois desse dia no palco em Olinda com Silvério Pessoa.
Turnê de Silvério Pessoa na Europa (2005).
Depois de algum tempo, que não lembro quanto, me chamaram para ser o técnico de monitor do Palco 2 do APR.
O que era ser o técnico do palco?
Se a banda não levasse o técnico de monitor, eu era o responsável para fazer o serviço.
Naquela época, ninguém chegava com técnico de monitor!!!
(Hoje em dia, muitos ainda não levam!!!)
Eu fazia o monitor de todas as bandas.
Os sócios da PA Áudio sempre prezaram por um atendimento diferenciado por parte da técnica com relação aos artistas e bandas que se apresentavam no festival, ou nos eventos que eram contratados para sonorizar.
Naquela época, eles já viajavam muito pelo Brasil e até pelo exterior com Alceu, Lenine, Elba, Nação Zumbi, e perceberam essa defasagem em Recife.
Não era normal um bom atendimento por parte da equipe técnica das empresas de som.
Não era normal uma dedicação por parte da técnica local.
Hoje eu posso afirmar, que a PA Áudio foi a primeira empresa daqui de Recife a se preocupar com o atendimento aos artistas e músicos.
Atualmente ainda é complicado ver uma dedicação e comprometimento por parte de alguns técnicos de empresa de som... Principalmente no quesito atendimento.
Imagina isso no começo dos anos 90???!!!
A empresa mudou essa concepção aqui na região, principalmente em Recife.
Acredito até que por eles serem técnicos, operando o som de vários artistas e bandas, facilitou nessa vontade de implementar uma nova filosofia de trabalho na empresa.
E foi muito bom para mim participar dessa filosofia.
Meu primeiro trabalho em festivais foi no APR!
Só não lembro mais do ano!
Fui pesquisar aqui...
A primeira edição foi em 1993, no Circo Maluco Beleza, e eu era DJ da Over Point.
Só ia pra o APR beber umas cervejas e/ou vodkas e ver o movimento.
Me recordo que comecei a trabalhar no APR quando ele era no Centro de Convenções de Pernambuco.
Mas ele foi transferido para lá em 1997, e com certeza eu não tinha condições de assumir um monitor.
Acredito que só fui chamado para trabalhar lá um pouco antes de fazer o show de Silvério Pessoa em Olinda.
Acho que foi no começo dos anos 2000, pois tenho foto no APR em 2004.
Eu era contratado para atender as bandas que não levavam o técnico de monitor.
E como falei antes, ninguém levava esse técnico!
Eu fazia o monitor de todas as bandas!
Vi aqui na pesquisa que em 2003 foi a primeira apresentação de Pitty no APR, e eu estava lá no palco 2 nesse dia.
Foi a única artista que levou o técnico de monitor.
No ano seguinte, ela se apresentou no palco principal!
Vi também na pesquisa o ano que Tom Zé se apresentou lá e teve o infarto.
Foi em 2002, e eu já estava lá também.
A turma da PA Áudio sempre procurou pessoas que se encaixassem nesse perfil de atendimento diferenciado, e fico muito grato que eles viram isso em mim.
Consegui (e ainda consigo) vários trabalhos por seguir essa filosofia.
Já falei para vários colegas e amigos da profissão, que muitos trabalhos são perdidos por que o técnico simplesmente não tem uma "postura" profissional.
Já consegui vários trabalhos por causa dessa postura, mesmo sendo tecnicamente inferior a outros profissionais.
APR 2004. No meio de Pezão e Wally. Na esquerda, Pequeno.
Relembrando aqui de vários casos, me veio à cabeça um que nunca esqueci, e que tem ligação direta com essa filosofia implementada pela PA Áudio, que acabei incorporando aos meus trabalhos.
Aconteceu num show da banda Mombojó, onde eu estava no monitor do palco 2 do APR.
Só trabalhei um ano no monitor do palco 1.
Pois bem...
Show rolando da Mombojó, e eu lá na mesa de monitor.
Por várias vezes notei que o tecladista estava olhando para mim.
Até então, eu não sabia qual era o nome dele.
Chiquinho.
Até hoje é o tecladista da banda, que se não me falha a memória, é a mesma formação desde esse dia que eu conheci.
Peguei várias vezes ele olhando para mim, e eu tentava entender o que ele queria, mas sempre ele desviava o olhar ou fazia o sinal de positivo com o polegar.
E eu sem entender direito qual era o desconforto dele...
O show acabou, não tive problemas no monitor, mas fiquei intrigado pelos olhares dele durante todo o show.
Enquanto o pessoal desligava as coisas no palco, para ligar os equipamentos da outra atração, fui falar com ele.
E perguntei: --- Oi, tudo legal? Sou Titio e estava fazendo o monitor de vocês.
E ele respondeu: --- Tudo bem, eu vi que você estava no monitor.
E eu emendei: --- Só não entendi porque você olhava tanto pra mim, e não me pedia nada. Só dizia que estava ok.
E ele respondeu: --- Titio... Nunca tinha visto aqui em Recife um técnico de monitor na mesa de som durante todo o show, olhando o tempo todo para os músicos no palco!
Por isso, sempre dava uma olhada para a mesa para conferir, e sempre você estava lá olhando pra gente. Nunca tinha visto isso aqui em Recife.
Pra levantar a autoestima, não é? Isso foi no começo dos anos 2000!!!
Não posso dizer também que a filosofia da empresa teve 100% de importância nesses meus trabalhos em shows e/ou eventos, mas que chegou perto dos 50, chegou.
O resto depende da vontade e do pensamento do profissional.
Na época que eu estava na Over Point, eu ficava um bom tempo observando as pessoas que estavam lá dentro da boate, para ter ideia de qual caminho eu iria seguir no comando das músicas.
Ou seja... Eu já me preocupava em atender bem, em tentar fazer o melhor...
Em ser mais profissional, ou ter pelo menos uma postura profissional!
Estamos em 2023 e ainda vejo essa falta de postura pelos palcos.
Diminuiu? Sim, mas ainda encontro.
Só para ilustrar, no show que fiz no dia 17/06 com a banda Mestre Ambrósio num palco em Arcoverde, o mesmo palco que ano passado estava vazando corrente elétrica, o técnico de monitor da empresa (simplesmente) foi embora durante a troca dos instrumentos no palco. 
Deve ter acontecido algo no show anterior, ou ele tinha marcado outro compromisso... Não sei.
Só sei que ele "picou a mula" e sumiu! 
Devo falar sobre esse causo no Blog, se eu ainda tiver saco de falar desse palco do Polo Raízes do Coco.
O que importa agora, é deixar registrado aqui no Blog o que a PA Áudio representou para minha formação profissional.
Ahhhh!
Já tive até vontade de deixar um evento da PA Áudio que eu estava responsável pelo som do PA, justamente porque os dois técnicos que estavam no palco não tinham ainda essa filosofia da empresa.
No final de um dos dias desse evento, fui lá no palco e falei para os dois que eu não iria mais seguir no evento, porque não estava vendo "dedicação" por parte deles.
Liguei para Normando, e falei para colocar outro no meu lugar!
Já presenciei técnico de PA de artista famoso que não falava com o baterista (famoso também!).
E já soube de muitas intrigas entre técnico de PA e técnico de monitor que trabalham com o mesmo artista.
Pelo que me conheço, não conseguiria trabalhar num "clima" desses.
Se eu não conseguir enxergar uma EQUIPE no trabalho que estou fazendo ou ainda vou fazer, é muito fácil eu desistir.
Principalmente porque não sei fingir bem!
Quem me conhece, sabe (bem) do que estou falando.
Obrigado Normando, Rogério e Mário Jorge.
A PA Áudio marcou uma geração de técnicos.
Com a PA Áudio em Fernando de Noronha (2008).
E deve ter mudado a cabeça de muita gente que trabalhava na época (e ainda trabalha) com shows e eventos.
Um abraço a todos.

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