segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Show de Sir Rossi – Uma brincadeira séria – Quando exigir?

Olá pessoal.

Na sexta-feira passada fui operar o som da Banda Sir Rossi lá em Olinda, no Clube Vassourinhas.

Esta banda é um trabalho paralelo de músicos de outras bandas, que quando a agenda permite, eles se juntam e vão tocar só músicas de Reginaldo Rossi. No começo, quando Silvério Pessoa veio me chamar para ser o operador de áudio da banda, falou-me que seria uma coisa bem simples. Só seria eu como técnico, pois os shows seriam basicamente em locais bem pequenos como bares e boites, que geralmente só tem uma mesa de som para fazer tudo. A banda estava meio que parada por causa da agenda dos músicos que não dava chance de reunir todos. Tostão e Yuri Queiroga tocando com Elba Ramalho, Renatinho com a Spok Frevo, Silvério Pessoa com seu trabalho autoral, Nilsinho e Gilberto também com a Spok Frevo, Rannieri que foi embora para o sudeste... Era complicado juntar todos.

Depois desse hiato de shows, o pessoal conseguiu se reunir, ainda sem contar com Yuri que estava tocando com DJ Dolores e Rannieri que foi substituído, pois ele não volta mais pra terrinha. Como o show não era em bar ou boite, pedi duas mesas para fazer o show. Quando acontece de ser num local maior, levamos um operador de monitor, no caso Normando, que trabalha comigo nos shows de Silvério Pessoa. Não exijo mais nada de especial, pois a intenção é ser simples mesmo. É para fazer com o equipamento da casa, mas neste caso como era uma festa num clube, era preciso locar um som. Encontrei-me com a organizadora da festa no Recife Jazz e ela me falou que já havia contratado o som e que seriam duas mesas. Inclusive já tínhamos feito shows da Sir Rossi com esta empresa de som e eu conhecia o dono. Por isso pedi pra ela para ver a possibilidade de serem duas mesas digitais, porque haveria outra banda antes da Sir Rossi e eu sabia que esta empresa de som contratada não possuía duas mesas digitais. Nem me preocupei mais com isso. Só liguei para o dono da empresa de som no dia do show pela manhã só para acertar a hora do sound check. Fiquei surpreso quando ele me falou ao telefone que não seria mais o som dele. Liguei para Tostão Queiroga (pois o negócio é tão despojado que a produção da Banda é a Banda mesmo!) para comunicar o fato e saber se ele sabia de quem seria o som. Ele me retornou com o número do telefone do proprietário do som contratado e eu liguei para saber o que ele tinha lá. Ele tinha só uma mesa analógica Ciclotron (ao lado do palco, pra variar) que não sou nada fã! Mas tudo bem, Sir Rossi é pra ser mais relax e não me passou pela cabeça reclamar da qualidade da mesa de som. Liguei novamente para o músico/produtor Tostão, relatei os fatos e decidimos levar uma mesa digital para fazer o monitor deste show. Normando levaria a 01V96 que usamos também nos shows de Silvério Pessoa. Quando fui falar com o responsável do som, ele me falou que não tinha multicabo para ligar as duas mesas! Falei com Normando e ele acertou com a organizadora da festa para ela alugar um multicabo. E assim foi feito.

A princípio, a idéia era colocar esta mesa digital na lateral do palco para fazer o monitor e colocar a mesa analógica na frente para eu operar o P.A.. Mas quando eu cheguei lá à tarde para fazer o sound check, só tinha a mesa analógica ao lado do palco e nada da digital e do multicabo. Achei até que tinham resolvido não levar mais. Liguei para Normando e ele me falou que estavam à caminho. Aproveitei e fui dando uma alinhada no som do P.A. enquanto esperava pelo equipamento. O P.A. era formado por quatro caixas, duas por lado. Uma caixa só para o sub-grave e outra caixa que era responsável pelo grave, médio-grave, médio e agudo. Em shows grandes, usamos geralmente estas quatro caixas em cada lado do palco e chamamos de SIDE.

Quando estava ouvindo o som das caixas, pude notar que os agudos da caixa da direita estavam muito melhores do que a da caixa da esquerda. Havia um desequilíbrio que incomodava. Parecia que seu ouvido da esquerda estava entupido. Qual o motivo? O transdutor responsável pelo médio e agudo da caixa da esquerda, que chamamos Driver de Titânio deve ter queimado um dia e o pessoal do som usou reparos de péssima qualidade, fazendo com que a sua resposta ficasse muito abaixo da normal, ou seja, uma merda. Quando uma caixa dessas está no meio de muitas, passa-se batido, mas neste caso que era só uma de cada lado, não tinha como não notar. A mesa que iria lá pra frente, acabou ficando na lateral para fazer o monitor.

Eu poderia até dar mais um ganho no crossover (divisor de freqüências) nas freqüências altas da caixa da esquerda ou diminuir um pouco estas altas na caixa da direita para deixar mais uniforme os dois lados, como já fiz em alguns shows. Mas o P.A. foi ligado mono e era só um controle de ganho das freqüências para as duas caixas! Dependendo do show que estou fazendo, teriam que trocar aquela caixa. Relevei, pois com a Sir Rossi a coisa é mais relaxada.

Quando a mesa digital e o multicabo chegaram, notamos que seria mais prático se a digital ficasse na frente e a analógica continuasse na lateral do palco fazendo o monitor. Só não seria prático para Normando, que deveria anotar tudo no papel porque tinha uma banda antes da gente ainda. E foi assim que fizemos. Um detalhe: a mesa digital era só para a nossa banda. A outra banda teria que usar a analógica para fazer o P.A. e monitor. Na hora do nosso show era enviado o sinal do máster da minha mesa pelo multicabo para o crossover que estava ao lado do palco, que enviava para os amplificadores que alimentavam as caixas de som. Na hora do show da outra banda, este cabo que entrava no crossover com meu sinal era desconectado e outro cabo com o sinal do máster da mesa analógica tomava seu lugar. Deu tudo certo (ou quase).

Quando acabou o show da banda de abertura, fomos para o palco remontar nossos equipamentos e mudar a ligação do som. Depois de tudo checado, começamos o show, e antes de acabar a primeira música, tivemos uma pane na energia que alimentava os equipamentos e amplificadores e tudo parou! Menos a minha mesa que continuava vivinha. Ajeita aqui, ajeita ali, a energia voltou no palco. Voltei com um volume mais ameno, para evitar outra pane, pois quanto mais volume eu desse lá na frente, mais energia era puxada para alimentar as caixas, e não era difícil ocorrer outra sobrecarga! O resto foi tudo tranquilo... Eu fui lá no palco, Normando veio tomar cerveja na frente... E numa dessas minhas idas ao palco, pude ainda ver uma conexão dos refletores fumaçar! (risos)

Ah... Algum bailarino ou bailarina tropeçou em um dos postes das luzes e o mesmo quase vai ao solo, mas não chegou a atingir ninguém. Colocaram ele no lugar e os refletores ficaram iluminando o teto, mas já era a última música, e o show acabou com este efeito luminoso!

Juro a vocês que não me estressei, pois já vou com o espírito de Sir Rossi.

Pena que não bebo mais nestes shows por medo da Lei Seca, pois não sou filho de nenhum embaixador, mas ainda assim me divirto.

Um abraço a todos.

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