terça-feira, 11 de agosto de 2009

Turnê com o SESI Bonecos pela Bizasom (Brasília) – Experiência nova.

Olá pessoal.

Já estou em Palmas no Tocantins, segunda cidade desta turnê com o SESI Bonecos. Vou comentar sobre o evento em Brasília. Ainda faltam 3 capitais: Goiânia, Campo Grande e Cuiabá. Como falei anteriormente, ainda vou para Minas Gerais que não estava no roteiro.

É a primeira vez que faço uma turnê com um evento por uma empresa de som. Por ter sido “escalado” para fazer o som do teatro, que não estava no roteiro, não pude participar da montagem do equipamento na praça “do ovo” como falou o boneco mascote do evento. A praça “do ovo” é a do Museu Nacional. Um grande espaço plano de concreto. Aliás... Brasília é um ótimo lugar para shows. Muitos espaços livres e planos. Entre o hotel e a praça, passei numa calçada mais larga do que a rua do Bar Burburinho de Recife, ou seja, dava para armar o mesmo palco que é armado na rua do bar!

O som só pode ser armado quando a estrutura do palco está armada. E isso faz com que eu passe uns dois ou três dias como turista enquanto esta estrutura dos palcos é montada. Mesmo assim, não saí nenhum dia para ver a cidade. Fiquei no Hotel Nacional. Falaram-me que foi um dos primeiros hotéis da cidade. Muito bom o hotel. Quarto excelente, com camas confortáveis. Café da manhã de Rei. O serviço de quarto não é muito bom. Tive problemas duas vezes com este setor.

O clima frio aliado ao conforto do quarto dá uma preguiça de trabalhar... O local do evento era perto do hotel e dava para ir andando. Comprei um chapéu tipo “pescador” por causa do sol. Não tinha sombra no local. Como disse antes, era um espaço plano de concreto e sem árvores. Meus lábios racharam por causa do ar seco, e cheguei a urinar meio vermelho nos últimos dias em Brasília. Sangue? Não sei. Não comi beterraba em nenhum dia. Como sou um grande usuário de plano de saúde, fazendo check-up de 12 em 12 anos ou quando a dor é muito forte, não me assustei muito. Se em Palmas continuasse assim, pensaria em ver um médico. Como a coisa melhorou, já estou pensando no vinho que vou tomar hoje.

Voltando ao evento...

Ítalo tinha me falado que levaria a mesa digital M7CL da Yamaha, mas na última hora falou que levaria a mesa Venue (Profile) da Digidesign que a empresa adquiriu recentemente. Existem vários tipos de Venue. Muito chato essa quantidade de referências. Só vi a mesa uma única vez e nem toquei nela, fui só ver mesmo. Mas isso não me assusta mais, já assustou. Lembram quando pensei em desistir da profissão? Foi por causa de uma mesa digital. Quem não sabe do caso, procure nos textos antigos.

Como sei que vai ter gente aqui querendo saber o que achei da mesa, vou colocar minha primeira impressão. Como não conheço a mesa da DIGI como conheço as da Yamaha, não me senti confortável com a mesa. Meu amigo Kalunga (operador de PA de Ivete Sangalo e representante da mesa) que me perdoe, mas tem certas coisas nela que não são legais. Como tem certas coisas nas mesas da Yamaha que não são legais também. Sou apenas um usuário com minhas opiniões. Duas coisas sérias aconteceram com a mesa. 1- No primeiro dia do evento, mesmo já tendo usado a mesa no dia anterior no sound check, ela simplesmente não ligou. Deu um erro. Ligamos para nosso amigo Kalunga e ele aconselhou apertar umas memórias que ficavam num local de difícil acesso. E isso levou um bom tempinho por ser muito chato chegar até estas memórias. Na estrada, aonde temos muitos solavancos, pode complicar. 2- Ao trocar de cena, acontece um ruído (estalo seguido de chiado). Resta saber se isso realmente acontece com a mesa ou é algum problema à parte que está acontecendo aqui. Este problema ainda não foi resolvido. As próximas observações não são sérias, mas acho pontos negativos. 3- Não existe mostrador numérico nos botões que controlam a equalização nem nos botões que controlam o compressor. Você fica completamente dependente da tela do monitor. 4- Os botões que controlam o compressor são os mesmos que controlam o gate. 5- Não existe um local só para o ajuste do filtro passa alta como na PM5D. Ou você regula isso olhando para o monitor, ou determina que o encoder que fica acima de cada canal passe a ser o controle do filtro.

Rodrigo, que trabalha na empresa Bizasom, e que já conhece a mesa mais do que eu, me falou de um ponto positivo, que nem usei ainda. Se você quiser, por exemplo, colocar um filtro de graves (passa alta) em 90Hz em todos os canais, é só selecionar todos os canais usando o mouse, ligar o filtro e ajustar em 90Hz que isso vai para todos os canais. Legal. Depois comento mais sobre a mesa. Deixa eu meter mais a mão na massa, que não sei ainda nada sobre ela.

Falei basicamente de alguns pontos negativos porque foi o que me chamou a atenção até agora. Já comentei sobre a mesa em texto anterior. Procurem.

Hoje nenhuma mesa digital me assusta. Elas são muito parecidas no funcionamento. Quando não sei o caminho, pois cada uma tem um caminho próprio, pergunto ao técnico da empresa por onde devo seguir. E foi isso que fiz em Brasília. Perguntei a Ítalo como fazer algumas coisas. Outras eu já sabia, pois observei no dia em que fui dar uma olhada nela num evento em Recife em que a Bizasom estava sonorizando e Kalunga estava dando uma assistência, pois ele representa a mesa. Depois de uma rápida aula de Ítalo, fui assumindo o controle da coisa como um domador de cavalos selvagens. Eita! Domador de cavalos... Olhe que nem comecei a tomar o vinho. Mas foi a primeira coisa que veio à cabeça.

Já quebrei muito a cara ao falar a primeira coisa que veio à cabeça! Lembro-me uma vez no estúdio Estação do Som... Tovinho, meu irmão, sabia e sabe que não sou muito de fã de política (e políticos). Me chamou na sala dele e falou com um certo receio que tinha uma gravação para fazer com um político para passar em carro de som. Falei que não precisava me falar com aquele receio, pois sou um profissional acima de tudo e não tinha problema em fazer tal gravação. Inclusive, meu primeiro carro decente, um Corsa 1.0 94 usado, foi comprado com o dinheiro que ganhei (honestamente!) pela gravação do programa de rádio de uma campanha política em Recife. Pois bem... O político chegou, eu armei o microfone e ele começou a falar. Não tinha texto escrito, era como se fosse um discurso. Ele falou, falou, falou... E eu gravei da melhor forma possível. Ia tudo bem... Até ele me perguntar o que eu achava daquele discurso, se tinha sido convincente. Aí complicou. Eu ainda tentei me esquivar, dizendo que não era muito chegado à política, mas ele insistiu... Sem pensar duas vezes, falei que político nenhum era convincente para mim! Que o que ele estava falando ali, tinha entrado pelo meu ouvido e saído pelo outro sem nenhum efeito! (risos) Eu estava escutando só considerando a parte técnica da gravação. Ele, meio assustado com a resposta, me perguntou por que eu tinha aquela opinião. Enumerei rapidamente vários escândalos políticos, e ele sem ter o que argumentar, disse que “talvez” eu tivesse razão para pensar daquele jeito. Lavei a alma!

Voltando (novamente) ao evento...

Depois das rápidas explicações de Ítalo sobre a mesa, fizemos o sound check das atrações. A estrutura vai ser a mesma para toda a turnê. Dois palcos principais (1 e 2) lado a lado mais dois telões. Uma única mesa opera o som destes dois palcos e é exatamente onde estou. Cada palco tem somente duas vias de monitores. Cada via com dois monitores (dois na frente e dois atrás) escondidos no palco. Estes monitores são usados basicamente para os manipuladores dos bonecos escutarem as trilhas sonoras, que geralmente estão em CDs, MDs ou Ipods. Estes aparelhos podem ser operados tanto do palco como da frente. Só uma companhia tinha instrumentos musicais fazendo a trilha sonora. Mas era também pouca coisa. Um baixo, um teclado, um sintetizador, bumbo, caixa, pratos e uma voz no teclado. O restante dos canais eram os sete microfones headsets (prendidos na cabeça) sem fio dos atores. Tudo muito simples (pelo menos no meu ponto de vista). Esta companhia trouxe operador. Fora estes dois palcos, ainda existe um palco 3 bem menor, com outro sistema de som bem menor também. Atrás da minha house mix, ainda tem dois telões, cada um com duas torres de delay, mas com o volume muito baixo para não interferir no som dos outros pontos com atrações do evento.

Como as quatro atrações do primeiro dia (sábado) eram bem simples, utilizando basicamente microfones headsets e trilha sonora em CDs, o sound check foi rápido. Mesmo assim cheguei perto de uma hora da manhã no hotel. Só precisava retornar ao local no mesmo dia às 15h. Neste dia, controlei a trilha sonora de três atrações, sendo que em uma eu só dei o primeiro “play” e a trilha era direta, sem interrupção. Foi na apresentação do excelente manipulador Phillip Huber que falei em texto anterior. Nas outras duas, alguém da equipe das companhias me dizia quando era pra soltar o áudio. O iluminador da quarta atração fez este serviço, e não tinha microfones. Deixei só aberto o canal do Ipod dele e fiquei sentado vendo a peça. Resumindo... Tudo tranqüilo. O pior estava por vir. Como não tínhamos tempo de passar o som das peças do domingo no domingo, o acertado era que quando acabasse o evento do sábado, já faríamos o sound check das peças do domingo. Quando o evento terminou, começamos a armar os dois palcos. Uma dessas montagens já ficaria no lugar, mas a outra deveria ser retirada do palco para dar lugar a primeira atração da noite, que armaria seu cenário, fazia o sound check e já ficava para abrir a noite. O maior problema não era o som, e sim a luz! Era muito mais complicado afinar a luz do espetáculo, pois todo cenário teria que ser montado e as luzes eram afinadas cena por cena. Com o áudio era só checar os microfones sem fio e a trilha sonora. Entramos na madrugada fazendo isso. Para quem acha que Garanhuns faz frio... Nunca veio à Brasília. Meu casaco de nylon que foi o maior sucesso no Festival de Inverno de Garanhuns não segurou o frio e eu tive que de vez em quando ir ao lado do gerador para pegar o ar quente que saia da ventilação. Ítalo estava de bermuda e sem casaco! Nem precisa dizer que ele quase não saiu do lado do gerador, não é?!?!

Como estava tudo sob controle, ele acabou indo mais cedo para o hotel. Quando me deitei no hotel, o relógio já marcava 4:30h da madrugada. O consolo era saber que só precisava retornar ao local do evento às 15h.

Foi tudo tranqüilo também neste segundo dia. O único probleminha foi um dos microfones sem fio que estava falhando, mas o meu parceiro que estava no palco (Rodrigo) arrumou a coisa por lá e tudo seguiu na tranquilidade. Achei tudo simples. E realmente é, se for comparar com um show normal em que existem muito mais possibilidades de dar algo errado.

Assim que o segundo dia de evento acabou, a turma do desarme entrou em ação! Não marquei o tempo que levaram para desarmar tudo, inclusive nem fiquei até o final, mas prometo que marcarei este tempo para passar para vocês. Como sempre, destruir é muito mais fácil do que construir. E desarmar também é mais rápido do que armar. Fico devendo este tempo.

Na segunda-feira acordei às 8:30h para o café da manhã. Quase não consigo fechar a mala (fico imaginando depois de vinte dias como vai ser!). Recebi camisas da empresa de som e do evento. Em cada cidade recebo duas camisas do evento. Ainda por cima não queria viajar de tênis. Depois de muito cálculo, consegui fechar a danada. Segui de chinelo e de ônibus para Palmas. O mesmo ônibus (e motorista) que foi usado na turnê de Jorge de Altinho no São João.

Antes de chegar, paramos perto das oito horas da noite num posto de gasolina numa cidade em Goiás (algum nome com "ópolis" no final). O chão ainda exalava calor! Fui ao banheiro e o box parecia uma sauna! Oito horas da noite! Imaginei como seria de dia! Chegamos no hotel em Palmas perto da meia-noite. O que fiz depois vocês leram no texto "Rapidinha 23" abaixo... Agora eu vou comer uma pizza e tomar o vinho Casillero que comprei. Não segui o conselho de meu amigo Janjão, e escrevi todo o texto sem tomar uma gota do vinho. Vai ver que por isso achei o texto meio insosso.

Não bebi vinho enquanto escrevia, mas não resisti enquanto montava o texto com as fotos.

Um abraço a todos.

2 comentários:

Janja disse...

Titio, também tenho problema em falar o que penso sem "pensar". O problema de ser sério e honesto é um problema.

Titio disse...

Eu sei disso Janjão. Até minha ex-esposa não gostava da minha sinceridade. Preferia que eu mentisse um pouquinho como a maioria faz. Vai entender!
Obrigado por participar do Blog.
Um abraço.