sábado, 7 de agosto de 2010

Show (Portátil) de Silvério Pessoa no Spettus Boa Viagem – Restaurante combina com show?

Olá Pessoal.

Já pedindo desculpas pelo texto Rapidinha 71, mas estou de saco cheio pela falta de respeito em nosso país... Fica registrado meu desabafo. A coisa está tão feia que o errado é ser correto no Brasil.

Nunca gostei muito da idéia de shows em restaurantes, principalmente se na banda tem instrumentos percussivos ou um naipe de metais.

Acho que no máximo uma voz acompanhada por um violão, ou por um piano, ou por um acordeom...

Passou disso, a coisa começa a complicar.

Normalmente o som destes estabelecimentos não supre as necessidades de um show sem ser voz e violão.

Como eu sabia que este show de Silvério, mesmo sendo o Portátil, não era só voz e violão, já solicitei uma atenção da produção em relação ao equipamento de som. Passei o rider do show para a produção e foi contratada uma empresa para fornecer o equipamento de som e luz. Uso vinte canais neste show.

Solicitei uma mesa digital LS9 da Yamaha, já imaginando que a mesma iria ficar ao lado do palco e seria somente ela para fazer PA e monitor. Só eu iria como operador de áudio.

A produção me ligou e disse que estava tudo certo. Seria a LS9.

Legal.

Fiz minha cena em casa, já duplicando os canais na mesa. Os canais de 1 a 32 eu usaria para o PA e os canais do segundo layer (página) de faders (32 a 64) usaria para mandar o áudio para o monitor.

Já expliquei isso em vários textos aqui no Blog.

Para quem nunca leu sobre isso, é só digitar “duplicar os canais” no sistema de procura do Blog que ele mostra os textos que tem este assunto.

Já sabia que tudo estava atrasado no local. Fui informado para chegar uma hora depois do combinado.

Quando cheguei ao restaurante, o equipamento de som e de luz ainda estava sendo retirado do caminhão.

Esta foi minha primeira surpresa. A segunda foi que a mesa que estava lá não era a LS9 como estava combinado. Fiquei tão chateado que nem ouvi direito o nome da mesa que estava lá. Peguei o telefone e informei a minha produção que a mesa que combinamos não estava lá. Ela ficou de ligar para a responsável da empresa de som.

Enquanto ela fazia isso fui falar novamente com o técnico da empresa de som. Perguntei novamente qual era a mesa. Ele falou que era a digital M7CL, também da Yamaha. Ahhhhh.

Também servia para o que eu queria, que era controlar a mesa via wireless. Por isso levei meu roteador sem fio. Ela também faz isso. No detalhe acima, a mesa M7CL da Yamaha conectada no meu roteador sem fio.

Tudo bem. Menos ruim. Só perdi meu tempo em casa fazendo a cena para a LS9. Liguei para minha produção e disse que eu faria com a mesa que estava lá mesmo. Tudo certo.

Enquanto as coisas eram armadas e ligadas, liguei meu laptop e fiz uma cena para a nova mesa. Vi que daria tempo para fazer isso ainda.

No rider deste show, no quesito caixas de som, eu peço: “Quantidade de caixas de som de acordo com o tamanho do ambiente (preferência por Line Array original)”. Não quer dizer que TEM QUE SER line array. Dependendo do ambiente e do tipo de evento, nem precisa. E aqui aconteceu isso. Mas para mim, ainda é melhor sobrar do que faltar!

Achei muita caixa de som para o ambiente. A empresa disponibilizou um sistema line array compacto da DAS (acho que o nome é Variant), com cinco (sendo uma para os graves) caixas por lado, mais duas caixas enormes de sub-graves (uma por lado).

O problema é que as cinco caixas do line array não poderiam ficar suspensas. Foram montadas em cima das caixas de sub-graves. Resumindo... Pelo menos três destas caixas ficaram exatamente na altura das cabeças das pessoas (tanto as que estivessem em pé ou sentadas). Logo, quem estivesse próximo destas caixas, iriam achar o som alto! E com razão, pois fica alto mesmo para quem está perto.

Este evento era uma “convenção-jantar” promovido pelo Recife Convention & Visitors Bureau (Recife CVB). O nome do projeto é Seja Um Anfitrião.

Mais detalhes neste link:

http://www.diariodoturismo.com.br/texto.asp?codid=17978

Depois de tudo ligado no palco, passei minha cena para mesa e liguei meu roteador sem fio. Coloquei Lisa Stansfield para cantar e fui lá pra frente com meu laptop que já estava controlando a mesa via wireless fazer meus ajustes no som do PA.

Observação para meus colegas do ramo: Muito mais simples conectar a mesa com o laptop via wireless, do que conectar a mesa com o laptop via cabo de rede. Pelo menos no meu caso que levo meu roteador sem fio já configurado. Só preciso colocar o endereço da mesa no DME-N Network e ligar o wireless do meu laptop que reconhece na hora o sinal do meu roteador. Pronto, já posso controlar a mesa pelo programa Studio Manager.

Não mexi em muita coisa na equalização do som do PA. Estes lines importados já têm um timbre muito legal.

Já estava tudo muito atrasado e eu não fui bem na coordenação do sound check. Poderia ter sido melhor. O sound check acabou com alguns convidados já nas mesas. E acabei nem usando os outros canais duplicados para o monitor por causa da pressa. Fui enviando os mesmo canais que estavam indo para o som do PA para os monitores, e se alguém reclamasse do som de algum, eu usaria os canais duplicados. Só ouve uma reclamação. O baterista pediu para tirar os agudos de dois canais, então em vez de enviar os canais que estavam indo para o som do PA, enviei os dois canais duplicados sem colocar os agudos.

Encerramos o sound check, e seguimos para o jantar, que seria no próprio restaurante.

O jantar... O jantar... Pena que eu não estava com muita fome. A coisa era simplesmente espetacular! Tudo era bom, bem feito e gostoso. Era sistema de rodízio. Fiquei sabendo depois que era uns sessenta e poucos reais por cabeça o preço do rodízio. Tinha que ser mesmo. Repetindo... Pena que eu não estava com muita fome. (risos)

Antes do final do jantar, a esposa (e produtora) de Silvério Pessoa veio me avisar que acharam o som muito alto no sound check. Eu já havia até falado com o nosso baterista durante o jantar sobre o volume do som. Tinha pedido para ele “amaciar” nas batidas, pois quanto mais forte ele tocasse, mais complicado seria para o som da frente. O pedido da produtora só fez confirmar minha observação.

Ele aliviou mesmo o braço na hora do show. E todos na banda sentiram isso, pois me pediram para aumentar vários canais da bateria/percussão durante o show, pois passamos o som com ele batendo mais forte.

Fiquei ainda durante algumas músicas no começo do show lá na frente com meu laptop controlando a mesa via wireless, mas depois fui para o lado do palco.

Com a amaciada do baterista, deu para deixar o som num volume legal, sem ficar alto. Mas para as pessoas que ficaram nas mesas próximas as caixas de som, não estava tão legal assim não!

Mas eu não poderia sacrificar o restante do público por causa de uma minoria que estava bem próxima das caixas.

Ninguém reclamou do volume do som. E este foi meu principal foco. Deixar de uma maneira que desse para escutar os instrumentos e a voz (logicamente) e não ter reclamações de som alto. E o baterista teve uma participação muito importante neste resultado. Outro fator que ajudou e muito também no resultado final, é que não usamos nenhum monitor de chão. Todos no palco estavam usando fones na monitoração. Silvério estava com seu INSEPARÁVEL in-ear sem fio.

Até uma das organizadoras do evento, que tinha achado o som alto no sound check, e que eu soube depois pelos músicos que não foi falar comigo porque eu tinha cara de mal, estava achando legal naquele volume quando eu perguntei pra ela na hora do show.

Obs: Era uma graça a organizadora!

Mas me achou com cara de mal e era noiva, pelo que pude notar no dedo da mão direita. Sem chances.

Meus amigos já sabem. Não me chamem para um barzinho para ter que ficar aplaudindo um show toda vez que uma música termina. Vou para um barzinho para jogar conversa fora com os amigos e tomar meus “drinks”. E acho que o barzinho foi feito pra isso.

Até gosto de uma música bem tocada num barzinho, mas só para ouvir, sem ter que ficar prestando atenção. Diferente de um show num teatro. Não venham conversar comigo durante um show num teatro que eu não vou dar ouvidos. Fui pra lá ver o show mesmo! Depois a gente conversa quando acabar e a gente sair para um barzinho!

Continuo achando que restaurante não combina com shows, como teatro não combina com conversa e drinks.

Acho que muita gente ali naquele restaurante chique com comidas saborosas pensava como eu.

Um abraço a todos.

4 comentários:

Karina Hoover disse...

Eita Titio, vc sempre muito negativo, né?
Discordo de você no comentário sobre o público., para ter uma idéia estavam apreciando tanto que vendemos bem cd's e já temos 2 contatos para próximos shows.
Na verdade, não era um barzinho e nem local de bebedeira, era sim um local de negócios e fazíamos parte dele.
Pior acho chegar num espaço especializado para show, finalizar a noite com um monte de gente "louca" e só querendo farra... aí sim pode ser chamado de falta de respeito.
Acho que apresentação quando é bem feita não importa o local, a empatia do público chega e os frutos são colhidos.

Titio disse...

Oi Karina.
Acho que não é uma questão de ser negativo. Acabo narrando o que aconteceu no evento que trabalhei e comento também o lado negativo da coisa do meu ponto de vista, que não quer dizer que é o correto, é apenas meu ponto de vista.
E foi isso que notei lá.
Não falei que NINGUÉM estava apreciando, tanto que como você mesmo disse, venderam bem os CDs e tiveram dois contatos para novos shows. Inclusive um destes contatos me chamou no salão, enquanto eu dava minhas andadas para ouvir o som, me perguntou quem era o responsável pela “banda” e eu mostrei o local onde você estava.
A maior parte do texto falo sobre a parte técnica, como é para ser. Mas acabo sempre (nem sei se isso é bom) colocando minhas opiniões sobre alguma coisa ligada ao show. Tento sempre evitar isso, mas acabo escrevendo naturalmente. E o local com as pessoas jantando exatamente na hora do show me chamou a atenção. Nas próprias fotos que tirei do palco é possível notar esta minha impressão. E nem acho falta de respeito das pessoas (maioria) não estarem olhando para o palco, pois estavam ali para tratar de negócios e para jantar e não para ver um show. Fazíamos sim parte da coisa, mas não como foco principal, como é um show num teatro, não é?
Foi esta diferença que quis passar nas minhas opiniões. Foi só a questão de combinar mais ou menos.
Ontem na festinha dos dias dos Pais tinha sarapatel, mas como eu estava bebendo meu vinho tinto Chileno, achei que combinava mais com um queijo parmesão e um salaminho.
Dá para comer o sarapatel com o vinho? Dá. Mas que o vinho combina mais com o parmesão e salaminho, ahh isso eu acho.
Obrigado por participar com suas opiniões.

Karina disse...

eu só acho que vc as vezes fica preso a formato já obsoletos para os dias atuais de trabalho.
acho q nada no mercado da música atual é a mesma coisa e temos que voltar a se inserir e buscar meios de mostrar e ampliar o universo de público.
Para vc pode ser ruim um show com jantar, para mim é ruim um show para público prá lá bebo (esse percebe muito menos o trabalho do artista); mas uma coisa concordamos, é q as condições técnicas devem ser sempre boas, e isso eu digo, naquele dia dia tinha até demais para o que precisávamos!

Titio disse...

Oi Karina.
Para mim, acho esquisito show NA HORA do jantar. Antes ou depois é até mais confortável. eheheheheheh
Acho toda (quase) forma de divulgação válida. Principalmente hoje em dia. Muita gente nem CD vende. Estão dando de presente.
Vi quase todo Festival de Inverno de Garanhuns. Todo tipo de show, em vários horários. Colocaram Cascabulho para abrir uma noite. Não tinha 200 pessoas na praça? O lugar combina com show, mas a hora não. Vale a pena? Fazer um show para 200 pessoas na praça Guadalajara? Ver toda aquela praça vazia, sem uma só pessoa nos camarotes?
Para mim, não vale a pena. Mesmo sabendo que o meu cachê vai ser o mesmo, independente de ter 200 ou 20 mil pessoas. O artista sente (suponho) muito mais do que eu num caso deste.
Sempre discutimos este assunto, não é? Desde 2004!!!!
Não sei como tu me aguenta.
Bjs