quinta-feira, 26 de março de 2015

Mudança de Palco 098 – Azeite no colírio.



Olá pessoal.
Teve uma coisa que aconteceu comigo no último trabalho em São Paulo que eu gostaria de comentar aqui.
Gosto muito de azeite, bem mais do que antigamente.
Este gosto foi aumentando com o passar dos anos.
Hoje é uma “substância” que não pode faltar aqui em casa.
No dia em que achamos (eu e Roberto Riegert) a polenta numa churrascaria/pizzaria perto do hotel em São Paulo, enquanto degustávamos as iguarias (polenta com frango à passarinho) e bebíamos nosso vinho, solicitei ao garçom uma garrafa de azeite.
Ao colocar o líquido no prato, já notei um amarelo desbotado que não é comum aos azeites, que tem um amarelo bem mais forte.
Experimentei e senti o gosto de óleo.
Chamei o garçom e solicitei outra garrafa de azeite, e ele pegou outra maior que estava no balcão do “self-service”.
Era da mesma marca e não era conta-gotas, ou seja, o bico também era bem aberto, o que facilitava a falsificação.
Experimentei e tinha o mesmo gosto de óleo da garrafa anterior.
Desisti.
Para economizar, alguns bares e restaurantes (safados) misturam o azeite com óleo de cozinha para render mais!
A comida deste restaurante em questão aqui era até boa. Gostamos muito dos petiscos e do almoço, mas o azeite era falsificado.
E o que isso tem a ver com colírio?
Neste dia, lembrei na hora de um grande Amigo meu que faleceu precocemente num acidente de moto há uns dez anos.
Nando.
Ele adorava azeite também, bem mais do que eu atualmente.
E já naquela época existia esta malandragem de misturar o azeite com óleo.
Não é de hoje que a desonestidade faz parte do ser humano, não é verdade?
Pois bem... Para evitar esta “desilusão gastronômica”, Nando andava com seu azeite quando ia a bares e restaurantes.
Como ele fazia?
Andava com um tubinho de colírio cheio de azeite!
Contei esta história para Roberto e me diverti lembrando de Fernando.

Depois desta polenta com óleo, resolvi fazer a mesma coisa que ele fazia, e já lavei um tubo de colírio vencido que eu tinha aqui na geladeira.
Já tirei o rótulo para não atrapalhar. (risos).
Falando em Nando...
Ele sempre me surpreendia.
Era um Amigo 100% sentimento.
De chegar num dia de semana qualquer na portaria do meu prédio, me avisando que estava me trazendo um pedaço do bolo de fubá que a mãe dele tinha feito e que ele sabia que eu adorava!
Quando o conheci, ele só tinha a mãe e uma irmã adotiva que morava no exterior.
A única irmã de sangue morreu nos seus braços quando saíam de um hospital onde ela estava internada.
Pois é... Ela recebeu alta e morreu na saída do hospital.
Não me recordo qual foi a causa.
Algum tempo depois da morte da sua mãe, ele me liga num dia qualquer.
Estava triste e falava que estava se sentindo só.
Não tinha mais pai, nem irmã e nem mãe agora.
Não tinha mais família, ele falou.
Achava que a vida estava quase sem sentido para ele.
Mas ele estava começando um casamento.
Então falei:
--- Faz um filho! Começa outra família.
Ele falou:
--- Será?
Eu já era pai e sabia o que a chegada de um filho era capaz de fazer numa vida.
Falamos mais algumas besteiras, despedimo-nos e não tocamos mais no assunto durante um bom tempo, até ele me ligar num outro dia qualquer.
Quando atendi ao telefone, Nando falou:
--- Titio? Estou indo fazer o menino, viu?
E fez mesmo.
Só que foi uma menina!
Luíza.
Mas ele morreu antes de conhecê-la.
Parece roteiro de filme, não é?
Mas aconteceu exatamente do jeito que contei.
Fica aqui minha homenagem a este grande Amigo que ainda faz parte da minha vida, mesmo não trazendo mais o bolo de fubá.
Um abraço a todos.

2 comentários:

Unknown disse...

Titio, o pai de Nando morreu 6 meses depois que a irmã dele morreu(dengue hemorrágica).
Uma noite Nando chegou em casa e viu o pai na sala de tv, pensando que ele estava dormindo, infelizmente ele tinha sofrido um infarto.

Meire.

Titio disse...

Oi Meire.
É... O "enredo do filme" foi mais pesado do que eu imaginava.
Ninguém merece um enredo assim, não é?
Obrigado pela informação e por ter participado do Blog.
Um abraço.