quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Turnê com o SESI Bonecos pela Bizasom (Goiânia) – O que é Snapshot?

Olá pessoal.

Depois das vinte horas (por causa do erro na estrada) de ônibus para chegar até aqui em Campo Grande, resolvi usar parte das minhas milhas do programa fidelidade da TAM para o trecho Cuiabá > Belo Horizonte que vou fazer no dia 7 de setembro, pois me disseram que seriam mais de 30 horas de estrada. Nem na Europa eu rodei tanto num único trecho. O Brasil é imenso, podem ter certeza! Não tenho muita coisa para falar sobre o evento em Goiânia (como vocês que estão acompanhando o Blog já devem saber), pois o evento é basicamente o mesmo, só mudando algumas companhias de bonecos entre uma cidade e outra. Com meu parceiro Rodrigo da Bizasom. Ele fica no palco e eu fico na frente. Resolvi então fazer um texto direcionado para os meus colegas do ramo. Antes de começar meus comentários sobre a mesa da Digidesign, poderia só comentar que no último dia do evento caiu uma tempestade no final da penúltima apresentação que fez com que a última atração fosse cancelada. O pessoal mais antigo do evento é meio desconfiado com as chuvas. Disseram-me que passaram um sufoco (que poderia ter virado uma tragédia) na região norte em 2007. A tempestade foi tão grande que muita coisa literalmente foi pelos ares por causa dos ventos! A chuva que caiu em Goiânia no último dia foi a única coisa que aconteceu fora do normal. Das três peças deste dia, uma eu já tinha a cena na mesa, outra era só dar play no MD porque tudo (trilha e voz) já estava gravado, e só uma teve que passar o som do zero. E foi exatamente esta última peça que foi cancelada. Passei o som destas três peças na madrugada do sábado para o domingo. Esperei mais de duas horas para passar o som de um simples MD por causa da montagem do cenário e da luz da peça que era complexa neste sentido. Cheguei ao hotel perto das quatro horas da manhã. O resto foi tudo normal. Detalhe de alguns dos receptores dos microfones headset sem-fio. Estou usando este evento para estudar a mesa digital nova. Agora o texto que segue vai só para os meus colegas do áudio. Os leigos podem procurar outra coisa para ler. (risos)

Mas se quiserem ler... No meio do texto técnico sempre coloco opiniões sobre a minha vida. Por isso me divirto ao escrever aqui. Tento ajudar alguém com minhas experiências profissionais misturadas com minhas experiências de vida e a tudo que me cerca. Minhas fases da vida, e os momentos atuais interferem nos meus textos. Que se dane a imparcialidade e a frieza do texto de um profissional! Não sou repórter.

Envergonho-me de ser brasileiro (só uso maiúscula quando respeito a palavra) ao ver as reportagens na televisão enquanto escrevo aqui. Enquanto uns são presos por roubar um celular, outros ficam livres ao desviar 40 milhões! As leis são poderosas contra os fracos, e fracas contra os poderosos! Esta diferença me desgasta, me angustia. Será que nunca vamos reclamar? Protestar? Protestamos no caso Collor. Hoje ele é senador! Tem algo errado aqui. Somos um povo pacífico demais! O pessoal na França (mais de 1 milhão!) protestou nas ruas fervorosamente contra uma (simples) lei do primeiro emprego.

( http://noticias.uol.com.br/ultnot/internacional/2006/03/28/ult27u54718.jhtm ).

Sobre a mesa da Digidesign...

Por ela não ter uma tela de monitor fixa como as demais mesas digitais, às vezes cansa ter que armar monitor (e mouse pad) no começo do evento e desarmar monitor ao final do dia de evento. Até para cobrir com o plástico na hora da chuva é mais complicado por causa do monitor.

Constatei que o problema do estalo na mudança das cenas não é um problema isolado aqui na mesa da Bizasom. É um problema geral da mesa! Acho um absurdo uma mesa neste valor ter este defeito! Kalunga me falou que já passou este descontentamento (que logicamente não é só meu) para o pessoal da Digidesign.

Continuo achando chato a seção de equalização. Os controles da equalização no monitor aparecem na vertical e na mesa a seção está disposta na horizontal. Oxe!

Outra coisa... Sempre fui acostumado em ter o botão de ganho no final da sequência de cada banda de equalização, na Digi o ganho vem no começo! Não me acostumei ainda aqui! Nas mesas analógicas geralmente a sequência vertical é: frequência > Q > ganho. Nas mesas digitais da Yamaha (M7CL e PM5D) colocaram o Q na frente da frequência, mas mantiveram o ganho no final. A disposição dos controles na mesa é mais perecida com uma analógica e na PM5D (concorrente direta da Venue) cada banda tem um display para mostrar a frequência que estamos mexendo. A Digidesign resolveu mudar tudo! Fico pensando com meus botões porque o pessoal não aproveita as coisas boas dos concorrentes e aprimora? É só para dizer que não copiou?

Se a Digidesign copiasse as coisas boas da Yamaha (ou da Digico, Midas, Souncraft, Roland) e a Yamaha (ou Digico, Midas, Souncraft, Roland) copiasse as coisas boas da Digidesign, o mundo do áudio seria muito mais feliz.

(Obs 1: O legal de um texto, é saber que ninguém que está lendo vai saber que entre o texto acima e este que vem abaixo, rolou uma farra na piscina, tomei minha vodka com laranjada, e eu estou fedendo à churrasco. Que tomei um banho e lavei algumas meias e cuecas no chuveiro.

Obs 2: O mais legal ainda é saber que vocês estão sabendo o que está acontecendo aqui entre uma parte e outra do texto!) Depois de ter certeza que os estalos não iriam parar, tentei arrumar outro jeito para mudar de cena sem dar estalos. A solução indicada foi uma função chamada SNAPSHOT que tem na mesa. Fui ver como funcionava a coisa e vou tentar explicar aqui. Nas mesas da Yamaha, podemos ter ajustes diferentes para cada música. Para se fazer isso, temos que salvar uma CENA para cada música e chamar cada cena na hora certa. Na mesa Venue pode ser assim também se você quiser, mas inventaram uma forma mais legal. Sem falar que nesta nova forma não tem estalos na mudança! É o SNAPSHOT. Com Alonso, operador de áudio da companhia XPTO de São Paulo. Dentro da cena do seu artista, você faz os ajustes para cada música e vai salvando na página do snapshot. Cada música vai ter um número de snapshot (podendo colocar nomes também) e você vai chamando estes números ou nomes numa parte da mesa. O problema de colocar nomes é que o display não suporta muitas letras. Neste local tem um visor para poder ver qual número vai chamar, um botão rotativo para escolher o número desejado, uma tecla RECALL para chamar o número, uma tecla STORE para gravar um número de snapshot, uma tecla NEXT para chamar imediatamente o próximo número (nem precisa apertar o recall), uma tecla PREVIOUS para chamar imediatamente o número anterior (nem precisa apertar o recall), e uma tecla PREVIEW que não sei ainda explicar corretamente sua função. Vou dar uma fuçada depois. As teclas NEXT e PREVIOUS são assustadoramente rápidas e muito úteis num show. É só ter cuidado com elas. Já soube de caso que num show alguém da platéia jogou alguma coisa pra cima (talvez um leque de papelão) e o mesmo caiu exatamente em cima de um desses botões, mudando completamente os ajustes! Parece que este operador criou uma proteção para estes botões. Sabendo destes detalhes, achei que poderia fazer as mudanças das atrações aqui do SESI Bonecos no snapshot, mas não demorou muito para eu saber que não dava certo para o que eu queria. Você pode fazer diversos (diversos mesmo!) ajustes nos canais ou mudanças no input e output patch e salvar na página do snapshot, mas não dá para fazer mudanças de lugar de faders e nem mudanças de canais monos para um estéreo (e vice-versa). O snapshot não reconhece estas mudanças! Se o snaphot reconhecesse estas mudanças nos faders, meu problema estava resolvido. Fazendo qualquer mudança de posição de fader ou mudanças de canais mono para estéreo, estas mudanças ficam fixas na cena, independente do número de snapshot chamado. Como tenho várias mudanças dessas de faders entre as peças, terei que continuar fazendo as mudanças das atrações como CENAS, e continuarei a ouvir os estalos na mudança!

Como já estou mais familiarizado com a mesa agora, vou começar a brincar mais com os plugins. A mesa aqui ainda está com poucos plugins. O proprietário da empresa de som me falou que já encomendou um pacote (excelente, diga-se de passagem) da WAVES. Quem trabalha com software de gravação em computador sabe do que eu estou falando. Por enquanto vou fazendo uns testes com os que tenho aqui.

Outra coisa legal na mesa é o calibrador automático de ganho. Apertando e segurando o botão de ganho do canal, ele aumenta o ganho para o valor ideal de acordo com o nível de sinal que está entrando.

Salvou a cena, salvou tudo. Não tem aquele desconforto da PM5D que tem que salvar separado ganho e nome dos canais e lincar tudo depois. Muito chato isso da PM5D. Com Bira, da companhia Anima Sonho de Porto Alegre. Ao lado da minha colega Marcela da empresa Planeta que é responsável pelos telões do evento.

Achei poucos botões na Venue para serem usados como “user defined”. Na Venue são chamados botões de funções (function). São apenas oito. Podemos endereçar o recall do snapshot para estes botões de funções. Muita coisa pode ser endereçada para estes botões. Na M7CL são doze botões e na PM5D são vinte e quatro!

Bem... Por enquanto é isso que eu lembrei até agora para falar. Na realidade comecei o texto pensando em falar somente sobre o snapshot e acabei falando mais opiniões pessoais sobre a Venue. Acabei de ser chamado por Kalunga aqui no MSN. Ele me mandou um vídeo com mais explicações sobre o que se pode fazer com o snapshot. Disse que era sensacional. Vou ver o vídeo e dependendo do que eu entender, pois meu inglês é muito fraco, eu repasso para vocês em outro texto.

E outra coisa... Tá um frio de lascar aqui no quarto e eu não aguento mais escrever.

Para piorar, arranjei outro parceiro de quarto (Barraca é o nome dele) que adora novelas e ele está vendo uma agora aqui! EU ODEIO NOVELAS!

Um abraço a todos.

3 comentários:

Mario Jorge Andrade disse...

Oi, Titio.
Por quê não colocam um crossover ou processador qualquer que tenha mute entre a mesa e o PA, para dar mute durante os três segundos de mudança de cena, para não dar o "chiado"?
E quanto ao layout da superfície, diferente do que aparece na tela, lebmro que essa superfície (Profile) é a compacta e saiu bem depois. A grande (D-Show), tem tudo na superfície (nos primeiros tempos do site, lembro muito bem, dizia-se que o monitor era opcional, que dava para fazer qualquer coisa sem ele, mas TODAS as fotos de eventos, tinha um monitor. Quem é maluco para deixar de ter uma facilidade dessas?). A SC48 é menor aninda, dividindo os knobs para Eq e dinâmicos, mas você pode programar como você quiser.
Eu já usei as três e confesso que, na superfície, só uso os faders, praticamente, o resto faço tudo no Mouse. Quanto à essas suas necessidades de mudanças de posições de fader, etc, não dá pra deixar os (poucos, eu acho) canais arrumados, esplitados, etc, de um jeito na primeira página (de 1 a 24) e de outro jeito na outra?.
Lembro que, tudo bem, nas PM 1D e 5D aparecem as frequências do Eq junto aos mesmos, mas a tela é BEM menor e ao lado, mas na M7 não, é só na tela mesmo e, jura que você tira os olhos da tela da Digi? Eu não! Acho que você ficou com uma péssima primeira impressão por causa do defeito nas memórias, mas confesse, a mesa não é "tão ruim" assim, à ponto de você quase dizer que preferiria uma M7... E as M7? Nunca deram problema na estrada? Lembra do dia de passagem de som do show do Marco Zero, em março? E as análogas? Na minha curta carreira, já parei shows umas 5 vezes, pelo menos, por causa de defeitos em mesas análogas. E olha que muitas eram topo de linha em grandes empresas! Depois conto algumas histórias macabras dessas, em duas, Rogério estava comigo.
Boa sorte no final da temporada. Realmente, 30 H de buzum, ainda mais nessas estradas, é dose!
É muito otimismo achar que, nessas condições nada (nem ninguém) vá "dar defeito".
Abração,
MJ

Titio disse...

Oi Mário.
Usar uma mesa que passa dos 100 mil reais e ter que colocar um processador para dar mute entre uma cena e outra porque a mesa dá um estalo? Acho mais coerente a Digidesign resolver este bug. :)
Os layouts das mesas Yamaha não são iguais também. Na superfície é de um jeito e na tela é de outro. Achei pior na Digi pela colocação do ganho no começo da sequência e não no final como estamos acostumados. Na PM5D não uso a tela para equalizar. Faço na superfície mesmo por causa do display. Na M7 tem que usar a tela para ver qual frequência estamos mexendo.
Tenho que atender a vários pedidos dos operadores das companhias aqui. Tem até caso de operador que faz a luz e o áudio ao mesmo tempo, precisando assim que os canais do áudio estejam na mão e não espalhados pela mesa. Cada caso é um caso e eu não posso perder tempo em achar soluções mais complexas, principalmente porque este pessoal que vem operar aqui não tem a mesma agilidade de um operador de aúdio como você. Quanto menos página virar, melhor! Acho que o grande sucesso da M7 está nos 48 faders na cara, no preço e no fácil manuseio. Hoje em dia temos que perguntar qual o defeito da M7 quando chegamos num evento, pois geralmente a mesa está com algum problema, ou em algum fader ou em algum botão de ligar ou de selecionar.
Já comentei em algum lugar que o uso do mouse na Venue é indispensável.
Eita Mário! Nunca disse que a Venue é ruim. Estou só mostrando os pontos que eu acho negativos e os positivos. Comparo com as mesas da Yamaha porque são as mesas que mais usamos nos eventos pelo mundo afora. Tem coisas na M7 ou PM5D que são melhores que a Digi? Na minha opinião, tem. Número de user defined, touch screen, display na seção de equalização, etc. Tem coisas na Digi que são melhores que as concorrentes? Também tem. Snapshot, plugins, a arquitetura de load - save - transfer de cenas e folders, som (mesmo sem comparar ainda), robustez dos faders e botões, etc.
Continuo perguntando: --- Porque as empresas não se espelham nas coisa boas das concorrentes e colocam mais coisas boas nos seus produtos?
Um abraço.

Mario Jorge Andrade disse...

KKK, Beleza Titio.
Entendo.
Às vezes uma mais simples, faz aquele trabalho específico melhor.
Além das Chaves do usuário, a Digi tem as duas footswitches e mais aquele multipino "maluco" atrás, que você pode colocar mais 8 (se não me engano) chavezinhas à gosto.
Footswitches são legais para tap tempo, eu levava uma para colocar nos SPX 990 por aí, no século passado
Abração,
MJ