sexta-feira, 11 de maio de 2012

Causos & Cantos e Zeh Rocha - A responsabilidade de ir para um trabalho como SUB.


Olá pessoal.
Para começar, vou explicar o sentido deste SUB.
Aqui neste texto SUB vai ser a abreviação de SUBSTITUTO. Não vai ter nada a ver com SUBgraves.
É assim também que chamamos o profissional que vai fazer um trabalho no lugar de outro colega.
Fiz dois trabalhos destes na semana que passou, e vou falar dos dois ao mesmo tempo.
Todos os dois trabalhos foram para substituir meu Amigo Rogério Andrade.
Rogério me ligou antecipadamente me passando as datas.
Já estou morando em Boa Viagem há mais de um mês e não pisei na areia da praia. No calçadão eu consegui chegar, mas na areia ainda não.
Estou me ambientando ainda com o novo bairro, as novas padarias, os novos mercadinhos (que infelizmente só achei um e bem fraquinho), os novos engarrafamentos (que infelizmente são muitos e por todos os lados). Tudo é novo. Nunca morei por estes lados. Mas sei que a adaptação virá (eu acho).
Coloquei as roupas na máquina de lavar e recolhi as que estavam na varanda secando do dia anterior.
Pensei em dar uma parada aqui para ver o jogo do Santos pela Libertadores, mas resolvi trazer o laptop para a sala e fazer as duas coisas ao mesmo tempo, enquanto o pernil de porco descongela na janela da cozinha para se tornar o almoço de amanhã.
Virei um “dono de casa”. Com meu Filho passando a maior parte dos dias aqui comigo, quando não estou trabalhando com a montagem dos áudios para rádio e TV, estou nos afazeres domésticos. E depois que meu amigo Neto (Bizasom) me deu umas dicas de como usar a panela de pressão, virei o “Rei Da Carne Assada No Forno”.
Eu já estava fazendo esta carne no forno, mas demorava muito para cozinhar porque fazia isso no forno. Passava toda a manhã para aprontar esta carne. Com as dicas da panela de pressão, as 2 horas para cozinhar se transformaram em menos de 30 minutos.
Meu único cliente do restaurante (meu Filho) está adorando o cardápio!
Estou muito feliz com este momento.
O Santos está dando uma surra no time da Bolívia. Trinta minutos de jogo, e já está ganhando de três a zero.
Gol de novo! 4 x 0.
Virou graça.

 
Cheguei ao Teatro Boa Vista meia hora antes do horário marcado.
O trabalho era uma gravação para a Rede Globo de um programa chamado Causos & Cantos. Eu já sabia que era para fazer o monitor do evento. Seria uma banda base para acompanhar vários cantores.
Seriam dois dias de gravação, mas eu só faria o primeiro porque no segundo dia Rogério já poderia fazer.
Tudo foi muito simples, principalmente porque não tinham muitas vias de monitores de chão. Todos da banda usariam fones.

 
Foram colocadas 4 caixas na frente do palco formando duas vias com duas caixas. E fora estas duas vias só tinha a via do side.
Resolvi transformar as duas vias da frente em uma via estéreo.
Gol de novo? Oxe, é basquete? Cinco a zero!
Alinhei as vias ao meu gosto e esperei o pessoal da empresa de som ligar tudo no palco.
Não perdi muito tempo porque as caixinhas (inclusive o side) eram da JBL e falavam muito bem.
Quando estava tudo ligado no palco, inclusive os fones, peguei o microfone sem fio e coordenei o sound check.
A passagem de som também foi bem ágil e logo começamos a gravar o programa.


Esqueci de falar que não tinha público no teatro. Colocaram até um pequeno PAzinho mas não foi preciso porque não tinha gente no teatro a não ser os profissionais envolvidos na gravação.
Deixei uma via reservada na minha mesa que ficava ao lado do palco caso fosse preciso enviar algum som para as caixas do PA.
O Fábrica Estúdios era quem estava gravando o áudio do programa. Como a prioridade era o som para a gravação, minha grande preocupação era evitar a microfonia.
E isso eu consegui facilmente por causa das poucas caixas de som que eu tinha nos retornos.

 
Tinha um canal na minha mesa que era o microfone do diretor do programa que estava numa sala ou num caminhão acompanhando as imagens, e era ele quem falava quando começar ou quando parar. A voz dele saía nos monitores do palco.
Achei o trabalho bem simples, só um pouco cansativo pelo longo período que passei no local. Foram gravados dois programas neste dia. Cada programa tinha o apresentador e cinco convidados. Era um bate-papo sobre Luiz Gonzaga onde cada um (inclusive o apresentador que era também cantor) cantava uma música.



Como era uma gravação, podia-se parar e gravar de novo caso acontecesse algum erro.
Por causa destas paradas, levou-se um tempinho para gravar os dois programas.
Sete a zero para o Santos! Nem vou mais falar sobre isso aqui.
Nos monitores da frente eu coloquei as vozes dos cantores e o acordeom. E no side coloquei um pouco da bateria, o baixo, um pouco da zabumba ou alguma coisa que estava fazendo falta para algum cantor. Fora isso, mais nada!
Quando o convidado ia cantar, eu aumentava um pouco na via da frente, quando ele voltava para o bate-papo eu retornava o volume para o nível inicial.
Tudo tranquilo.


Dois dias depois me falaram que eu fui "uma mãe" para Rogério porque ele pegou tudo endereçado e mixado no outro dia!
Mas amigo é para essas coisas, ele faria a mesma coisa comigo.
O segundo trabalho que fui como SUB (também de Rógerio) foi bem mais puxado.
Também era uma gravação, mas agora de um DVD.
O Fábrica Estúdios também estava como responsável pela gravação do áudio.
Era a gravação do DVD do Pernambucano Zeh Rocha.
Nunca tinha feito nenhum trabalho para o artista. 

Teatro Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu).

Neste trabalho a prioridade também seria a gravação, mas teríamos público. Eu iria fazer o som do PA. No monitor estava Neto (o que me deu as dicas da panela de pressão).
O sound check aconteceu no dia anterior ao show.
O sistema de som do Teatro Luiz Mendonça (Parque Dona Lindu) era formado por uma mesa digital M7CL da Yamaha e o sistema line array da Staner LAN 800-P.
Eram cinco caixas por lado mais duas no centro.
O teatro ainda dispõe de alguns equipamentos como microfones, pedestais, cabos, alguns monitores, mas não tem mesa de monitor e amplificadores. Muita coisa tem que ser alugado por fora.



A única coisa que foi modificada no sistema de PA do teatro foi a troca das caixas de subgraves. Colocaram duas caixas da FZ no lugar das duas caixas da Staner.
Rogério me passou os detalhes de como seria o trabalho. Seriam duas bandas que acompanhariam Zeh Rocha. Uma de cada vez logicamente.
Passamos o som da primeira banda e eu salvei uma cena na mesa (banda 1).
Foi montada a segunda banda (com outra bateria) e passamos o som novamente. Salvei uma outra cena na mesa (banda 2).
A formação das bandas era diferente. Uma tinha percussão, a outra não, e uma tinha teclados e a outra não. Mas nada de complicado.



Pensei no primeiro momento que a troca das bandas seria sem parada, mas não era isso que estava programado.
Zeh começaria o show-gravação com a primeira banda, a cortina se fecharia e haveria uma parada para a troca da banda.
Acabamos o sound check com as duas bandas e fui para casa.
O teatro fica bem pertinho de casa, uns dez minutos de carro.
No outro dia estava marcado para chegar às 13h, pois haveria a gravação completa com as duas bandas sem o público, para o diretor ter as imagens e o áudio que desejar na hora da montagem de tudo.
Aí foi que o bicho pegou!

Gravação sem público.


 
Foi muito cansativo, principalmente para o artista e para os músicos esta gravação no dia do show!
O volume do som do PA estava bem baixo porque o importante era a gravação e não tinha público. Não fechei tudo porque passamos o som com o PA aberto e isso ajuda no palco na monitoração.
Como eu estava fazendo algumas alterações na equalização da voz do cantor, marquei o canal com o RECALL SAFE para ela não sofrer alterações quando eu mudasse de cena.
Este é um recurso muito legal das mesas da Yamaha.



Esta pré-gravação demorou muito e acabou quase na hora de abrir as portas do teatro para o público. O cansaço era visível no semblante do artista e dos músicos.
O ideal seria se ela tivesse acontecido um dia antes do show. Este é meu ponto de vista. Mas sei que teve motivos para não ser um dia antes.
Não aumentei muito o volume do PA em relação a pré-gravação.




O show ainda não foi um show normal. Foi mais uma gravação, só que com público. O diretor ainda falava no microfone as palavras gravando e corta!
Ainda apareceu um imprevisto.
As cortinas foram fechadas para a troca das bandas, mas não quis mais abrir!
A equipe técnica do teatro teve que armar uma escada por trás das cortinas para tentar resolver o problema.
O pessoal tentando destravar a cortina.

Numa certa hora, atendo o intercomunicador e me pedem para eu solicitar ao iluminador que acenda um determinado refletor no palco para ajudar ao pessoal que estava tentando consertar as cortinas.
Como este refletor estava no fundo do palco, quando ele foi ativado formou-se a sombra da grande escada no centro da cortina e os contornos dos corpos da equipe em cima tentando destravar o mecanismo.
Não posso dizer que não foi engraçado. Parecia um filme, quando alguém está fazendo alguma coisa escondida e não sabe que todos estão vendo.

O show (ou a gravação com público).

Problema resolvido, as cortinas foram abertas e o show (gravação) continuou com a segunda banda.
Pensei que iria ter mais paradas durante o show, mas foram bem poucas.
Só falhei uma vez porque que não notei no roteiro que era a hora de abrir o microfone de uma das cantoras convidadas, e as primeiras palavras que ela cantou ainda fora do palco só saiu no monitor, mas foram poucas palavras porque fui muito rápido depois do susto.
Achei que substituí bem meu Amigo Rogério. Inclusive o artista me apresentou durante o show como Rogério!



No final de tudo, quando ele pegou até um papelzinho para ajudar, ele me apresentou como Titio.
Mas não faria diferença nenhuma para mim, não ligo para apresentações. Acredito que quando fazemos um bom trabalho, a propaganda boca-a-boca entre músicos e artistas funciona.
E quando o trabalho for mal feito, a propaganda boca-a-boca funciona do mesmo jeito!
Acho a responsabilidade muito maior quando estamos num trabalho como substituto. O erro é muito mais valorizado pelo outro lado e a comparação é inevitável.



Sempre tento tirar este pensamento na hora do trabalho, mas ainda não consegui.
Já estou vendo outro jogo na TV por assinatura GVT. Fluminense e Internacional também pela Libertadores da América.
Golllllll. O Fluminense empatou (1x1).
Este está mais emocionante que o jogo do Santos.
Estou usando cada centavo pago pela TV por assinatura.



Vejo muita TV porque passo muito tempo em casa. Quase não vejo mais os canais “abertos”. Realmente a programação da TV aberta não faz falta nenhuma.
E o profissional que vai para um trabalho como SUB tem que fazer o possível para que o pessoal não sinta a falta do técnico titular.
Obrigado Rogério pela oportunidade do trabalho e espero que Zeh Rocha (e envolvidos) não tenha sentido sua falta e eu tenha te substituído à altura.
Um abraço a todos.

Um comentário:

Titio disse...

PS: Não tenho certeza se foi Zeh Rocha quem usou um papel com anotações para os agradecimentos ou se isso aconteceu no evento com Luciano Brayner e Treminhão que fiz no outro dia no mesmo teatro.
Fica aqui a dúvida.
Zeh realmente me apresentou numa certa hora como Rogério, isso eu lembro.
Estou cada dia pior com a memória.
Um abraço.