Olá pessoal.
Recebi alguns telefonemas de amigos querendo
me explicar o motivo pela “não-adesão”
ao movimento denominado Paralisação de Advertência, que tem por finalidade
mostrar o descontentamento ao processo de pagamento dos cachês pela Prefeitura
de Recife/Olinda e Governo (FUNDARPE).
Gostaria de explicar algumas coisas.
Antes do movimento chegar ao Facebook, já era
minha intenção evitar fazer trabalhos para artistas ou empresas contratadas pelas
duas Prefeituras e pela FUNDARPE.
Já faz um bom tempo que não me sinto
confortável com este prazo para os pagamentos dos cachês. Nem tenho tanta coisa
assim para receber, só três shows pelo Governo, sendo dois no carnaval(!) e um
que aconteceu recentemente no dia 14 de Abril em Sertânia.
Dois destes shows foram com Silvério Pessoa e
um com Mônica Feijó.
Fui cansando mesmo em esperar tanto tempo para
receber.
Se eu fosse depender de shows contratados
pelas Prefeituras ou Governo, eu já estaria morto e enterrado!
Nunca dependi disso, principalmente porque os
eventos que sempre fiz com artistas ou empresas são nas datas festivas, e
ninguém consegue sobreviver trabalhando só no carnaval, São João, Natal... Não
acham?
Pois bem...
Por causa deste meu cansaço pela espera do
pagamento destes trabalhos esporádicos, resolvi tomar uma atitude. E iria ser
uma atitude solitária, uma atitude profissional. Apenas iria informar ao
artista que normalmente opero o som em shows ao vivo e as empresas que normalmente
faço alguns trabalhos, que eu não estava mais interessado em fazer estes
trabalhos pagos pela Prefeitura e/ou Governo.
Lembrando que antes disso, deixei de fazer por
uma empresa de som O Baile do Menino Deus porque a prefeitura entrou no meio da
produção do evento e o mesmo problema nos pagamentos começou a acontecer.
Meu descontentamento como pode ver, não é com
nenhum artista ou empresa de som. É com quem está pagando estes artistas e as empresas
de som.
E como nunca as Prefeituras e o Governo se
pronunciaram para falar que o problema está com os artistas ou as empresas de som,
concluo que o problema é com as Prefeituras e Governo (FUNDARPE).
E foi por ver tanta gente do ramo (técnicos,
músicos e artistas) reclamando veementemente sobre o mesmo problema, que
resolvi tornar público este movimento (que
era pra ser só meu).
Não esperava nenhuma adesão, nenhuma passeata,
nenhuma reunião, nenhum reconhecimento, não esperava nada. Não sou líder de
nada, só de mim mesmo.
Só dei a chance para quem estava também
insatisfeito (e sei que são muitos!)
de se manifestar.
Enviei uns 200 convites para pessoas da minha
lista de amigos do Facebook que tinham alguma relação com o caso. E vejo
atualmente na página do evento que tem mais de 800 convites enviados. Minha
lista de amigos está em 375, ou seja, muita gente insatisfeita mandou convites para
muita gente que elas achavam que estavam também insatisfeitas.
Teve gente ligando para mim para marcar
reunião com o pessoal da Prefeitura, para fazer passeata até a Prefeitura e
FUNDARPE, para contratar carro de som, faixas, etc.
E sempre falei que minha intenção com este
movimento não tinha nada a ver com isso. Que eu até apoiava se alguém quisesse
fazer, mas eu ir atrás disso, falei que NÃO.
Convidei poucos artistas para o movimento, e
tenho meus motivos para isso. Eles devem ter os motivos deles para continuarem
fazendo os trabalhos para receber com 60, 90 dias ou até mais. Respeito.
A segunda e última intenção de tornar público
este movimento, foi para mostrar para muitas pessoas do ramo que reclamaram,
que ainda reclamam, e que continuarão a reclamar do problema, que o “buraco é mais embaixo”!
Falar não é o problema, é até fácil,
principalmente pelas costas.
Difícil mesmo é agir!
A grande maioria das pessoas que eu conheço insatisfeitas
com o problema até concordam com a reivindicação, mas pouquíssimas vão ter a coragem
para agir, e eu já sabia disso.
E eu sempre soube que seria assim, pois se
fosse fácil, este problema já tinha sido resolvido.
Só para completar e finalizar...
Todos os motivos dados para não fazer a
Paralisação foram os mesmos!
1- Nem
todos vão fazer.
2- Uma
andorinha só não faz verão.
3- Se
eu não fizer o trabalho, vai outro no meu lugar e faz. E eu nunca mais faço.
4- Tou
precisando trabalhar.
5- Vou
me indispor com o artista ou empresa de som e eles não me chamam mais.
6- Sou
amigo do artista ou do dono da empresa de som, não tenho como dizer não.
Eu me encaixo em todos estes 6 itens acima. Todos!
Tenho todos os motivos acima para não fazer a paralisação.
Mas resolvi mesmo assim tomar esta atitude. É
um pensamento só meu, profissional.
Não espero que ninguém faça o mesmo. E nem
precisam me ligar ou mandar mensagens explicando nada. Lutem por suas
profissões como eu luto pela minha, pois sobrevivo desta profissão.
Ninguém chegou para falar: Eu simplesmente não
acho nada de anormal na forma como recebemos estes cachês dos trabalhos feitos
para artistas e empresas contratadas pela Prefeitura e/ou Governo.
Se acham que está tudo certo, não tem motivo
pra reivindicar ou paralisar, não é mesmo?
Na minha profissão não está. Nem existia como
profissão até um dia desses, sabiam?
Fui uma vez no SEBRAE na intenção de me tornar
um Empreendedor Individual. Poder passar nota fiscal. Ter CNPJ. Dancei! Minha
profissão não existia na relação deles! A que chegava mais perto era músico ou
produtor musical.
Atualmente, depois de um simples abaixo
assinado organizado numa comunidade (GIGPLACE) criada pelo técnico de monitor
de Ivete Sangalo da qual participo, quem quiser ter CNPJ como TÉCNICO DE SOM e
ILUMINADOR, pode ir lá no MEI (Micro Empreendedor Individual) que as profissões
estão na lista!!!! Elas existem agora!
Conheci há um tempo atrás uma pessoa chamada
Laurimar. Já falei dela no meu Blog.
Ela luta incansavelmente para dar mais
condições de vida para várias pessoas. Ajudo-a quando posso, e nunca vou me
comparar com o que ela faz. Eu simplesmente não faço quase nada.
Mas uma frase que ela falou sobre esta tentativa
de ajudar as pessoas numa reportagem me marcou até hoje. O repórter tinha
perguntado se ela não achava que aquilo que ela estava fazendo era “uma gota no oceano”.
E ela respondeu:
Acredito que podemos fazer um oceano com milhares de
gotinhas!
Sou um sonhador como ela.
Um abraço a todos.
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