Olá
pessoal.
Enquanto
vejo uma “peladinha” na TV, resolvi escrever sobre meu último trabalho em
Arcoverde com a Banda Café Preto, que aconteceu no sábado passado, dia 11.
E
tem gente ainda no Brasil sem entender por que o público atualmente nas “arenas”
não é o mesmo da época da copa... Ahahahahahah. Pode?
Vamos
ao que interessa.
Cannibal,
vocalista da Banda Devotos, uma banda de punk rock daqui de Recife que
inicialmente era chamada de Devotos do Ódio, me ligou convidando para fazer o
som do PA de um outro trabalho que ele participa chamado Café Preto.
Som
totalmente diferente da Devotos.
A
Café Preto segue o caminho do reggae, do dub...
Gostei
muito do convite, principalmente porque nunca tinha feito nada com a galera
envolvida.
Mesmo
sabendo que seria dureza o bate-e-volta de van para fazer o show em Arcoverde,
e que era um evento da FUNDARPE, onde os pagamentos demoram um tempo
considerável (para não dizer absurdo), não pensei muito para aceitar o convite.
Sobre
a viagem bate-e-volta para Arcoverde eu já comentei num texto anterior (Rapidinha 175), nem vou
mais tocar neste ponto.
Já
tinha visto o início de um show da Café Preto em Garanhuns, e estava muito a fim
de fazer o som do PA deles.
Combinei
tudo com Cannibal e aguardei o dia da viagem.
Corri
atrás para saber quem seria a empresa de som do evento.
Topsom,
uma empresa de João Pessoa.
Muito
legal.
Já
conheço o cuidado que esta empresa tem para que tudo saia perfeito num evento.
Entrei
em contato com os irmãos Mousinho, Renato e Cláudio Mousinho.
Normalmente,
Cláudio fica responsável pelo monitor e Renato cuida do PA.
Neste
evento Renato não iria, mas falou que Eduardo Diniz seria o substituto dele no
PA.
Conheço
faz tempo Edu, e liguei na hora para ele pra saber qual seria o sistema.
Avisou-me
que no monitor seria uma M7CL e na frente uma PM5D, ambas da Yamaha.
Line
array Norton.
Eu
já tinha feito um show com este line array e sabia que era bom.
Mandei
por email o rider técnico para Cláudio.
Depois
de tudo acertado, fui montar uma cena de PM5D para este show no Studio Manager.
Bateria,
baixo, guitarra, teclado e DJ usando samplers.
Muito
enxuto o input list da banda, apenas 21 canais.
Quando
cheguei no palco, me encontrei com Guigo.
Ele
seria o "patchman", ou seja, seria o responsável pela ligação dos instrumentos no
palco.
Cada
banda tem uma ligação diferente, e um erro nestas ligações pode causar sérios
problemas.
Guigo
faz estas ligações com maestria.
Mais
um motivo para aumentar minha tranquilidade.
Fui lá para a frente falar com Edu e aguardei o
término do sound check de Lirinha para poder passar minha cena para a PM5D.
Depois
de passar minha cena, coloquei como sempre Lisa Stansfield para tocar no meu
iPad e fui ouvir o som do PA.
Nos
primeiros acordes da música já observei um excesso de sub-graves, e diminuí o master
que enviava o sinal para estas caixas, que também eram da Norton.
Fiz
pequenos ajustes no equalizador gráfico insertado no L/R da mesa e esperei pelo
início do sound check.
Foi
tudo tranquilo nesta parte também.
Agora
era só aguardar pela hora do show, que seria às 23:30h.
Como disse em texto anterior (Rapidinha 175), como não tínhamos
hotel, ficamos no local do show esperando no camarim.
Alguns
dormiram no camarim ou na van, e alguns tomaram banho usando um quarto no hotel
de um amigo que trabalhava no evento.
Eu
fique grande parte deste tempo lá na frente, conversando com Edu.
Não
tomei banho.
Já
fiz isso várias vezes, mas normalmente tenho um hotel para tomar este banho
após o show.
Neste
caso só tomei banho quando cheguei em casa, perto das 5 horas da manhã.
Chegou
a hora do show da Café Preto, e antes de eu conferir todos os canais, o locutor
anunciou o show.
Pensei
em Guigo e Cláudio nesta hora.
Tinha
certeza que eles conferiram tudo antes da chamada do locutor.
E
acertei.
Todos
os canais estavam no mesmo lugar, sem problemas.
Mesmo sem conhecer o show completo, sem saber
direito quais os sons que estariam tocando em determinados momentos, achei
muito bom o resultado sonoro que consegui.
O
técnico que sempre faz o som da banda sabe exatamente onde vai ter o som de um
sininho no meio de uma música, ou uma voz de um sampler falando um texto.
Este
conhecimento dos detalhes a gente só consegue fazendo vários shows da banda.
Você
pode até fazer algumas anotações no ensaio, mas muitas vezes o volume destes
detalhes varia de intensidade ou equalização, e mais uma vez só a assiduidade
para resolver isso.
Gostei
muito de fazer este trabalho.
Para
não dizer que não teve nada que me incomodou, falei para Edu no final do show
que apenas não tinha gostado do resultado sonoro dos tambores da bateria.
Passe
uma boa parte do show tentando ajustar os 3 tambores da bateria.
Como
eles não tocam o tempo todo, tem que ficar esperando o rápido momento para
ouvir e tentar ajustar.
Ficou
estranho...
Mas
o geral ficou muito bom, pelo menos achei isso.
 |
| Foto: Edu Diniz. |
Este
show foi no sábado.
Ontem
eu estava batendo um papo com outro colega de profissão que mora em João Pessoa sobre o
controle de “ganho” de entrada dos canais.
Para
completar um raciocínio, abri a cena do show do Café Preto no meu laptop.
Salvei
esta cena no final do sound check.
Toda
vez faço isso.
Ao
olhar a cena aberta na tela do laptop, notei que os 3 tambores da bateria
estavam posicionados um pouco para o lado direito no PAN.
Oxe, como pode? Pensei eu.
Normalmente
eu distribuo um pouco os tambores no estéreo.
Simulando
o posicionamento dos tambores para quem está vendo o show.
Coloco
o tom1 um pouco para a direita, o tom2 um pouco para a esquerda e o tom3 no
centro.
Já
achei uma das razões de não ter ficado legal o som dos tambores no show.
Onde
foi o erro?
Copy/Paste!
Copiar/Colar!
Regulei
o tom1, equalizando, colocando gate, compressor, enviando para o efeito para
dar ambiência e coloquei-o um pouco para a direita no pan como sempre faço.
Para
agilizar a regulagem nos outros 2 tambores, copiei o tom1 e colei nos outros.
Isso
agiliza o trabalho, pois normalmente só tenho que ajustar a equalização nos
outros dois tambores.
Foi
aí que me lasquei.
Como
o tom1 estava um pouco para a direita, todos ficaram na mesma posição.
Olhando
para um relógio, deixo o tom1 em 2h, o tom2 em 10h e o tom 3 em 12h.
Deu
para imaginar?
Todos
ficaram soando na posição de 2h.
Como
esta abertura que eu faço não é muito grande, acabei nem notando no sound
check.
Só
durante o show achei que não estavam bem definidos e tentei consertar (sem
sucesso) na equalização e no volume.
Acho
que este erro não foi a causa principal para não ter acertado o som dos
tambores, mas ajudou bastante.
Cuidado
com o Copy/Paste.
Vou
lembrar disso nos próximos trabalhos.
Não custa nada lembrar também que este show aqui foi muito bom.
Um
abraço a todos.
