Olá pessoal.
(abre
aspas)
Caros,
Chegamos ao final de
nossas negociações e infelizmente sua empresa não foi a vencedora da nossa
concorrência.
Agradecemos pela
participação e esperamos poder contar convosco em novas oportunidades.
Obrigada,
(fecha aspas)
Como
muitos colegas e amigos meus sabem, faz um bom tempo que eu monto os áudios
para o rádio e TV de GM (General Motors - Chevrolet) para três estados: PE, PB
e RN.
Olhando
aqui nas minhas anotações, tem peças produzidas no ano 2000!
Ou
seja, no mínimo 15 anos.
A
conta da GM passou por várias agências de propaganda de Recife, mas continuei fazendo
os áudios.
Atualmente
uma agência de Salvador é a responsável por esta região, que passou a ter 6
estados: PE, PB, RN, BA, SE e AL.
Comecei
no estúdio Estação do Som, que depois virou Audiomidi, e a partir de 2011 abri
uma ME para continuar fazendo este trabalho.
Pois
bem...
Este
ciclo se encerrou este semana com um email que coloquei logo no começo deste
texto.
Por
que estou falando isso aqui no Blog?
Porque
queria fazer uma comparação com outros setores do mercado do áudio, como
empresas de som, estúdios de gravações, estúdios de ensaio, músicos e técnicos
do setor de entretenimento.
Eu
acho que todo mercado é muito parecido.
Sempre
estão querendo baixar os preços e sempre vai ter gente para fazer por menos.
Vejo
isso há muitos anos no áudio.
Empresas
de som gastando uma fortuna para atualizar os equipamentos e o contratante pagando cada vez menos, e o tempo
para o pagamento aumentou absurdamente.
Grandes
estúdios de gravação perdendo horas para estúdios caseiros, e na grande maioria
das vezes estas gravações nos estúdios caseiros são levadas para mixar no
estúdio grande.
Técnicos
de áudio renomados aceitando cachês baixos, alegando que se não faz o serviço
vem outro e faz.
Estúdios
de jingles fazendo 3 DEMOS para a agência escolher um (ou nenhum). E
logicamente que se escolher um, vai pagar apenas por um. Quem participou dos
outros dois "demos" fica a ver navios mesmo.
Músicos
e técnicos fazendo shows e eventos e recebendo o cachê com 3, 6, 9, ou até mais
de 12 meses.
Cachês
congelados por décadas.
Quando
eu comecei a fazer shows com a Banda Versão Brasileira no começo da década de
90, o cachê que eu recebia para fazer o monitor era 150 reais. O técnico de PA
recebia o dobro!
Esta
diferença entre monitor e PA acabou (nada mais justo!), mas vejo ainda muitos músicos e técnicos
recebendo hoje em dia este mesmo valor ou até menos!
Vejo
atualmente excelentes músicos, com excelentes (e caros!) instrumentos,
recebendo 150 reais para tocar em alguns eventos ou em "bandas de
baile", que hoje se chamam orquestras.
Muitos
não tem plano de saúde, muitos não pagam INSS, vivem na total informalidade.
Operadores
de áudio fazendo PA e monitor ao mesmo tempo.
Nem tem graça mais falar sobre isso, né?
Logicamente
recebendo só por uma tarefa.
Os
mercados são muito parecidos.
Resta
a nós um posicionamento diante destes mercados.
Alguns
amigos meus acham interessante ter o que receber, mesmo que isso leve um ano!
Meu
posicionamento é um pouco diferente. Prefiro receber menos e mais rápido.
Ou
trocar este trabalho que sei que vai demorar muitos meses para receber, e
arriscar pegar um serviço melhor.
Mas
o contratante vai colocar outro tranquilamente no meu lugar. Muitos alegam isso
para mim.
Ok,
eu sei. Que coloquem. Tenho um ano para tentar conseguir o valor em outros trabalhos.
E
não vou ter um infarto por causa do estresse de tanto cobrar.
Isso
é meu posicionamento, cada um que ache o seu.
Perdi
um trabalho que fazia durante 15 anos.
Pois
acho que tudo tem um limite.
A
proposta feita pela empresa estava abaixo do limite que eu achava que seria o
justo.
E
mesmo sabendo que vários estúdios "profissionais" aceitariam tal
valor, não baixei este limite.
Se
não existir um limite, vai chegar num ponto de pagar para trabalhar.
Se
é que já não tem profissional ou empresa assim, não é mesmo?
Eu
já operei o som de um show por duas garrafas de vinho! Mas tinha que ser do
Chile.
Foi
para um amigo. Fiz para ajudá-lo e para me divertir, pois estava passando uns
dias em Garanhuns na casa de parentes. Não olhei pelo lado profissional. Sim, eu me divirto operando o som de um show.
E
o pior. Este amigo (safado) nem me deu as duas garrafas de Casillero Del Diablo
até hoje!
Não
é Jades?
Mesmo
indo pela amizade, não pisei no palco para fazer o monitor.
Ele
contratou outro operador, que recebeu por isso, e não foram duas garrafas de vinho.
Já
pensou eu ir fazer um trabalho por duas garrafas de vinho e ainda tirar a chance
de um colega ganhar um cachê para fazer o monitor?
Não
seria justo, né?
Nem
na brincadeira eu faço isso...
Limitei
até a brincadeira.
Achem
seus limites.
Posicionem-se.
Fácil,
eu sei que não é.
Ah!
Quem ganhou a concorrência foi um estúdio profissional aqui de Recife.
Logicamente,
o limite dele é mais baixo que o meu.
Um
abraço a todos.
7 comentários:
Vou postar pra os meus alunos! Sempre bom ler teu blog titio!
Oi Lucas.
Fique à vontade.
E obrigado pelas palavras.
Um abraço.
Parabéns pela postura ética!
Oi Eduardo.
Valeu.
Liso, mas feliz.
Como falei, fácil, eu sei que não é.
Mas temos que fazer algo.
Eu tento.
Obrigado por participar do Blog.
Um abraço.
Ahhhhhhh!
O amigo (safado) pagou!!!!
E ainda com juros!
Recebi 3 garrafas de Casillero Del Diablo.
Um abraço.
Muito bacana velho, Deus abençoe por seu posicionamento.
Obrigado pelas palavras Felinos da Antônia.
E obrigado por participar do Blog.
Um abraço.
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