Olá pessoal.
Hoje é domingo, dia 29 de Julho, 21:30h aqui na França e 16:30h aí no Brasil.
Estamos em St Emilion , que fica distante 1 hora de Bordeaux.
Já tomei todas (vin rouge, porc, vin rouge, porc...) num churrasco que sempre fazemos aqui na casa de Patrick e Terezinha (uma brasileira do Maranhão), que são amigos de Silvério e de Marc Regnier (produtor de Silvério na Europa).
Vou comentar sobre os 3 shows de Silvério, que aconteceram nos dias 26, 27 e 28 em Bordeaux, no La Ginguette.
Quando estávamos chegando para passar o som no local do show, que ficava em uma região industrial, com fábricas e depósitos ao redor, fiquei imaginando com meus botões, como poderia haver algum show em tal lugar. Será que alguém sairia de casa e iria para um lugar destes para ver um show? Tudo era meio deserto! Este era o meu pensamento.
Ao entrar no local, fiquei surpreso com o espaço. Era um lugar aberto, à beira de um rio, que lembrava o bar Som das Águas nas Graças (tem alguém desta época lendo isso?), mesmo que com uma distância enorme, pois o visual era muito mais apaixonante e grandioso! Mas este comentário vocês não podem levar em consideração, pois ainda tenho o deslumbramento de um marinheiro de primeira viagem (mesmo sendo a terceira viagem que faço para a Europa).
Era um ambiente “meio-hippie-anos-setenta”, lembrando o filme Hair. Alguém aqui viu o filme? As pessoas que trabalhavam no evento transmitiam isso também. A “menina” do som, depois de notar que Silvério tinha técnico, assumiu outras funções (a vi como garçonete, bar-girl, e no final do show, ela desmontava todo o equipamento de som!). Do segundo dia em diante, quem montou e ligou tudo fomos nós!
Tinha uns trailers que serviam de dormitório, e acredito que seriam os lugares que iríamos dormir, mas decidimos ficar dormindo na casa de Terezinha e Patrick, mesmo ficando distante do local, pois estávamos confortavelmente acomodados lá e com uma extra-super-mega-ultra-hiper vantagem... O vinho não acaba nunca!!!!
Voltando aos shows...
Marc já tinha me informado via-email, que o equipamento disponível no local não supria as nossas necessidades técnicas. Já fui concentrado para o desafio.
Li uma vez um comentário de Enrico, técnico de Djavan, em que ele falava que o difícil não era fazer o som de um show com um equipamento extraordinário, mas era muito mais difícil e complicado fazer o som com um equipamento precário. Concordo plenamente!!!
Mais uma vez, não existia mesa de monitor! Era uma mesa só para fazer o som da frente (P.A.) e o som para os músicos (monitor). E o pior... Eu só poderia contar com 12 canais mono mais 2 canais estéreo, totalizando 16 canais! Como não uso nada estéreo, a não ser a voz de Silvério que passa pelo Kaos Pad, e que geralmente não a coloco em canais estéreo, eu fiquei com 14 canais para fazer o show! Para este show na Europa, preciso de 25 canais! Fora isto, preciso de no mínimo, 6 vias de monitor, mas aqui só tenho 4!
Vamos lá... corta isso, tira isso, adapta isso, muda isso...
Silvério usou o in-ear dele sem fio e as três vias restantes eu arrumei deste jeito: uma via para bateria e baixo, outra para as cordas e a terceira para o acordeom.
Se fosse para eu dar o parecer técnico... Não faríamos nenhum destes 4 shows que fizemos até agora (1 na Alemanha e 3 em Bordeaux), mas o buraco é muito mais embaixo! Neste mesmo espaço de tempo, no Brasil, Silvério não consegue nem espaço, nem patrocínio, para fazer o mesmo número de shows!
No Brasil já conseguimos, na grande maioria das vezes, exigir o mínimo necessário.
Quando o “dono” do evento anunciou que era um evento “gastronômico-cultural”, compreendi que o foco principal daquele evento era mais a culinária do que a parte cultural. Realmente, todas as mesas eram ocupadas no intuito das pessoas degustarem os pratos do local, pois todos que estavam nas mesas, pelo que pude notar, estavam jantando (avec vin rouge)!
E realmente, pelo que comemos nos 3 dias, a cozinha era extraordinária!!! Comi um pato assado acompanhado por uma lasanha de batata (ao invés da massa, eram fatias finíssimas de batata!). Sou fã de pato agora (não é o jogador do Internacional não!).
Existia uma pequena quantidade de mesas na frente da minha mesa de som e logo após estas mesas, ficava um espaço para se dançar. O maior espaço era exatamente atrás da mesa de som e era formado por uma grande quantidade de mesas e cadeiras, que iam até a beira do rio.
O formato do show, que não estamos acostumados a fazer no Brasil, era de dois tempos de 45 minutos com um intervalo. Já fizemos isso em Berlin na turnê de 2005 e encontramos ainda este formato até hoje na Europa. Silvério não gosta muito da idéia, mas...
A mesa de som era uma Yamaha digital 01V (sem ser a 96), e o sistema de P.A. era formado apenas por uma caixa de sub e uma caixa 2 vias por lado da marca HK. Usamos geralmente um sistema como este para fazer som em barzinhos. Surpreendi-me com o desempenho deste sistema HK, pois ele cobriu satisfatoriamente o espaço, que era aberto e não era pequeno, sem distorcer e sem acionar nenhum sistema de proteção das caixas, que cortam o sinal quando não agüentam! Nunca tinha visto estas caixas. Surpresa agradável e que indicarei para os amigos.
Resumindo...
Depois eu fiquei sabendo por amigos que moram em Bordeaux, que o sábado era realmente o melhor dia, pois era freqüentado por mais jovens. E realmente foi isso que aconteceu. O primeiro dia (quinta-feira) foi frio... a faixa etária era elevada e vieram realmente jantar. Não achei também que o som foi 100%, pois fiz uma escolha para os canais da voz de Silvério que não foi acertada, no meu ponto de vista, e que não me deixou confortável durante o show. As pessoas que foram jantar gostaram do show e aplaudiram, mesmo que timidamente. Não lembro se teve bis.
No segundo dia (sexta-feira), mudei o que não tinha me agradado na noite anterior e o resultado foi muiiiiito bom. Fiquei super-satisfeito com o som e a resposta do público foi muiiiito melhor também, mas ainda a maioria aplaudindo sentados. Teve bis com Coco do M.
No terceiro dia (sábado), como a mesa era digital, só fiz um line-check e foi tudo uma maravilha, com um público super-animado e com o espaço na frente cheio com as pessoas curtindo o show e dançando! Pediram bis, mas como iria ter o show de Eddie também nesta noite, Silvério resolveu não voltar com o Coco do M no bis. Que pena... Pois o público estava na mão de Silvério (e o som na minha mão), mas...
Acabei fazendo também o som de Eddie, que tem o mesmo produtor de Silvério na Europa e foi muito bom também!
Depois de tomar a saideira com o “dono” do evento no local, não paramos até agora de comemorar o sucesso de mais uma etapa. Chegamos na metade da turnê e o resultado foi mais que satisfatório. Faltam 4 shows.
Um abraço (avec vin rouge - St Emilion!!).
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