segunda-feira, 3 de março de 2008

Turnê 2007 - Silvério Pessoa - Show 8 - Irlanda.




Dublin! Lindo o lugar Titio?

Não tenho a menor idéia! Só conhecemos o aeroporto!!

Já tinha um “bondoso velhinho” nos esperando com um ônibus (com a direção do lado direito) para levar a gente para Kilkenni, que ficava a umas duas horas de Dublin! E foi muito estranho viajar sempre pela contra-mão!

Chegamos na cidade e nos informaram que o hotel aonde iríamos ficar era exatamente aonde seria o show. Fiquei imaginando com meus botões (faço muito isso): ...bem que poderia ser um daqueles hotéis enormes que ficam no Cabo de Santo Agostinho, com uma área enorme externa aonde se pode armar um palco grande, com um som grande, com uma luz grande... Errei!

O hotel era realmente luxuoso como os do Cabo, mas o lugar do show foi no salão nobre do hotel. Um lugar pequeno, todo alcatifado, que dava até medo de pisar pra não sujar. Tinha vários lustres que me lembravam o lustre do Teatro Santa Isabel. O equipamento (mesa e periféricos) era desproporcional para o local. Era muito som pra pouco espaço. Vai entender!

A mesa de som era uma Midas, que parecia mais uma árvore de natal com uma infinidade de canais, com vários botões com luzes coloridas. É mesa para impressionar a menina que você está paquerando! Bem que eu estava precisando nesta turnê que alguém me paquerasse! Mas só chegam perto de mim para avisar que o som está alto!

Eliminei de cara alguns canais, pois sabia que não precisaria de microfones para captar tais canais porque o espaço era pequeno e o próprio som dos instrumentos daria conta do recado. E realmente foi isso que aconteceu.

Passamos o som tranquilamente, jantamos e aguardamos a hora do show.

Não sabíamos, mais uma vez, o que nos aguardava. Vai dar gente? Que perfil teria este público? Não tínhamos a menor idéia!

Quando estávamos passando o som, o salão estava totalmente vazio e só existiam umas mesas altas sem bancos perto da mesa de som, que lembravam aquelas mesinhas usadas em bares para se tomar caldinho em pé, só que bem maiores e mais luxuosas no design. Pensei com meus botões (olha meus botões de novo!): Pelo menos não vai ter aquelas mesas com os bondosos velhinhos sentados tomando água mineral com gosto de framboesa, esperando ouvir música clássica do Brasil. Errei de novo! Pelo menos no quesito bons velhinhos sentados nas mesas. Só não imagino o que eles estavam esperando da música que seria tocada naquela noite.

Tomei um susto ao chegar à noite e ver várias mesas enormes redondas espalhadas pelo lugar, e algumas bem perto das caixas de som. Fui ao camarim e avisei para Silvério e para a banda o que tinha visto, e conversamos sobre o assunto. Falei que começaria com um volume um pouco abaixo do que usei na passada de som e observaria o resultado. Não estava nos meus planos estourar os ouvidos dos bondosos velhinhos perto das caixas de som. Começamos o show e naquele instante só notava dois tipos de público: o pessoal mais velho e formal sentadinho nas mesas e um pessoal mais informal em pé nas mesas “dos caldinhos” que ficavam na minha frente. Existia ainda um espaço vazio para as pessoas dançarem na frente do palco.

O show, como era de se esperar, começou frio. Nem Silvério imaginava o que aquelas pessoas estavam dispostas a ouvir, e nem aquelas pessoas sabiam o que realmente iriam ouvir!

E mais uma vez a interação foi acontecendo no decorrer do show e eu fui aumentando o volume também. Nas últimas músicas, muita gente já estava no espaço vazio dançando e participando do show. Empolguei-me e coloquei um grave na vinheta de Na Boléia que sempre coloco nos shows e os lustres estremeceram. J

Até a música Coco do M, que eu pensava no começo do show que não teria espaço naquela noite, foi tocada no bis!

Com o término do show e já com as luzes acesas do salão, pude notar um outro tipo de público que eu não tinha notado antes e que estavam sentados NO CHÃO perto do salão. Era uma galera bem mais (muito mais) despojada do que a galera das mesas do caldinho. Despojadas em tudo: tinha cabelo rastafari, tinha piercings, tinha roupa “das olinda”, tinha tatuagens, etc. Só faltou um bondoso cachorrinho...

Era uma cena que jamais vamos ver por aqui em um show num salão nobre de um hotel de luxo, podem ter certeza disso.

Isso é uma turnê na Europa!

Que venham outras turnês, outros palcos, outros equipamentos.

Que venham outras regiões, outras cidades, outros países.

Que venham outros Continentes!

Até a próxima.

Um abraço.

2 comentários:

Anônimo disse...

Rapaz...que bacana...um arquivo que vira história "real" das andanças, nossas andanças...! o que acho importante é servir também de referência para novos profissionais ou mesmo troca de experiências com tecnicos experientes sobre o trabalho no exterior.
Parabéns Titio, e em breve, muitas outras experiências que vc vai vivenciar com vários outros artistas.
Valeu!

Titio disse...

Obrigado Patrão. Espero escrever muito ainda sobre turnês feitas com seu trabalho.
Não sei porque toda vez que falo com você, vem uma(s) garrafa(s) de vinho(s) na minha mente...
Ai meu Deus, a semana santa vem chegando!!!
Um abraço.