Rapidinha 27 – Um pequeno sufoco na estrada.

Depois de quase 20 horas dentro de um ônibus, cheguei à Campo Grande no Mato Grosso do Sul. No meio da viagem recebemos o aviso que a rodovia principal estava interditada em um ponto por causa das chuvas. Parece que tinha caído uma ponte. Paramos num posto para pedir informações e nos indicaram um desvio por uma estrada de barro. Até aí tudo bem! Estava até rolando uma farrinha na parte de baixo do ônibus. Quando entramos na estrada de barro, a coisa ficou mais complicada. Não estava mais chovendo forte, mas a estrada ainda estava bastante molhada. Era lama! Depois de um bom tempo adentrando, chegou uma hora que o ônibus começou a patinar e a balançar muito. Não se via nada pela janela. Como nunca fui de rezar (mas quem era adepto deve ter usado a técnica nesta hora), peguei minha lanterna de cabeça e procurei ver aonde eram as saídas de emergência. O ônibus balançava muito e eu estava receoso de pegar uma enxurrada d’água pela frente, um rio transbordando por exemplo. Ninguém conhecia aquele caminho. Paramos algumas vezes e alguém seguia andando na frente para ver se dava para o ônibus passar. Numa dessas paradas foi constatado que não dava mais pra gente seguir. Com certeza, pegamos o caminho errado. Não poderia ser aquele o desvio. Não passamos por nenhum veículo. E agora? Não dava para seguir em frente e não dava para fazer a volta. A única solução era voltar de ré até algum local que desse para fazer a volta no ônibus e retornar de frente. O problema é que não se via nada! Seria muito perigoso voltar de ré sem ver nada. O motorista então resolveu pegar um ponto de luz que ele carrega na gaveta de ferramentas, mas constatou que a lâmpada estava queimada. Lembrou então que tinha um farol antigo guardado e ele foi a salvação. Com este farol aceso, um de nossa turma foi caminhando atrás (mas não no fundo, pois corria o risco do ônibus deslizar) iluminando o caminho e orientando para que lado seguir. Eu fui caminhando ao lado da janela oposta do motorista e outro colega foi caminhando ao lado da janela do motorista. Todos que tinham lanterna fizeram uso do equipamento! Seguimos de ré por um bom tempo. Minha sandália já estava pesando feito um sapato por causa da lama acumulada no solado. Parecia um filme de aventura. Minha opinião era pra esperar amanhecer para fazer a descida, mas resolveram fazer naquela hora mesmo. Depois de alguns minutos, vi que não seria tão perigoso quanto eu imaginava. Seguimos até um local que dava para fazer a volta no veículo. Ainda teve um princípio de grito de uh uhhhh quando conseguimos fazer a volta. Todos subiram cheios de lama no ônibus e voltamos pela estrada errada! Ficamos umas duas horas ou mais nesta aventura. Paramos num posto fechado para lavar a lama dos pés e o motorista foi se informar novamente.

O pessoal continuou com a farrinha na parte de baixo e eu dormi na parte de cima.

Hoje não saio do hotel. Vou esticar as pernas aqui na cama, tomar um vinho e tentar escrever sobre o evento em Goiânia. Farrinha na parte de baixo do ônibus. Um pequeno detalhe de como ficou o interior do ônibus depois da aventura.