segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Show de Silvério Pessoa (Portátil) em João Pessoa – Roteiro? Que roteiro?

Olá pessoal. Estava me sentindo em casa quando cheguei a João Pessoa. Seguimos direto para o local do show. Até a repórter da TV que foi falar com Silvério na hora do almoço eu conhecia, pois nos conhecemos num barzinho durante uma farra que fiz na cidade uns dias antes com amigos em comum. Durante o almoço, o pessoal na mesa olhou para mim como quem diz: --- Rapaz, você está vindo muito para esta cidade! O local era muito legal, mesmo fazendo muito calor. Um palco quadrado com cadeiras nos quatro lados. O equipamento ainda estava sendo armado, por isso decidimos almoçar enquanto o pessoal da equipe de som armava tudo. Conversando com eles para ajustar os detalhes, fiquei sabendo que teriam duas mesas de som. Mas não foi isso que me passaram anteriormente. Sabia que seria somente uma mesa para fazer PA e monitor, e por causa disso não levamos o nosso operador de monitor. A princípio pedi para armar as duas mesas e disse que um dos técnicos da empresa teria que fazer o monitor, mas mudei de idéia rapidamente. Estava tudo atrasado, e para não atrasar mais ainda, decidi montar só uma mesa ao lado do palco e eu faria o show do alto da arquibancada usando meu sistema wireless para controlar a mesa. Faria o som do PA e do monitor ao mesmo tempo, como já faço normalmente neste show “Portátil”. Não sei o que faço aqui... Se escrevo, se vejo a TV (aguardo um programa de Ultimate Fighting), se coloco o disco de Ylana para ouvir, se coloco uma taça de vinho para ver se ameniza a dor da gengiva inflamada por causa do caco do dente que não extraí ainda. Desculpa boa para tomar um vinho, não é? Acho que vou fazer tudo ao mesmo tempo! O programa de lutas vai começar aqui na TV. UFC (Ultimate Fighting Championship). Violento? É. Mas são lutadores. Treinados para isso. Essa é uma discussão longa... E não tem nada haver com o show em João Pessoa. Depois acabo este texto. ------ Já fiz tanta coisa depois desta divisória de texto... Hoje já é segunda-feira, dia 06. Comecei este texto no sábado. A gengiva ainda está inflamada. Não tem jeito, vou ter que tomar remédio! Não vou extrair o “caco” de dente esta semana. Tenho planos para esta semana que não combinam com dente extraído. Já estou aqui novamente na sala do apartamento sentado na cadeira nada confortável. Deixa eu ver o texto lá em cima para saber onde parei. Certo... Faria o som do PA e do monitor ao mesmo tempo, como já faço normalmente neste show “Portátil”. Dava para fazer uma arrumação melhor nas caixas do PA, mas isso é para ser visto antes. Ainda perguntei se tinha como pendurar as caixas das laterais, mas não tinham suportes sobressalentes. Chamamos este suporte para caixas de line array de BUMPER. Pronuncia-se BÂMPER. Coloquei mais uma vez Lisa Stansfield para cantar para mim e fui escutar o som no recinto. Dava para fazer tranquilo. Fui nos três lados onde poderia ter público e dava para escutar perfeitamente. Sempre ouvi dizer que 4 era o mínimo de caixas necessárias para que o acoplamento entre as caixas de um line array funcionasse. Aqui tinham duas em cada torre. Esquecendo um pouco deste lado teórico, concluí que dava para escutar perfeitamente, e isso é o que importa pra mim. Nem teria como colocar 4 caixas naquelas torres. Ficaria um exagero pela proximidade das cadeiras. Deixa para lá... O importante é que dava para cobrir o ambiente todo do jeito que as caixas estavam armadas. Quando comecei a fazer o sound check, esbarrei numa dificuldade. Vou tentar explicar para os leigos. Numa mesa de som existe um botão com a função “panorâmico” ou simplesmente PAN. Com este botão, posso posicionar o som de um instrumento um pouco (ou todo) para a esquerda (Left), ou um pouco (ou todo) para a direita (Right). Se logicamente o sistema de som estiver ligado em estéreo. Este sistema aqui estava estéreo, inclusive as torres que cobriam as laterais. Aí foi que não gostei. Para o estéreo ser possível, tem que ter no mínimo duas torres de caixas, onde uma recebe o sinal Left da mesa e a outra recebe o sinal Right da mesa. A torre que cobria a lateral esquerda do palco recebia o mesmo sinal da torre que cobria a esquerda frontal. E a torre que cobria a lateral direita do palco recebia o mesmo sinal da torre que cobria a direita frontal. Viram onde está o problema? Vou tentar explicar. Ouvindo o som da frente, que foi onde fiquei com meu laptop controlando via wireless a mesa que estava ao lado do palco, comecei a posicionar os instrumentos no estéreo. Um violão um pouco para a esquerda e o outro um pouco para a direita. As teclas do acordeom para esquerda e os baixos do acordeom para a direita... O problema é que quando eu posicionava um instrumento para um dos lados do som frontal, este instrumento ia só para um dos lados das laterais do palco. O outro lado da lateral do palco iria ouvir o som deste instrumento bem abaixo do normal porque a maior parte do sinal deste instrumento foi direcionado para o outro lado. Se eu posicionasse um instrumento totalmente para um dos lados do som frontal, este instrumento só iria aparecer num dos lados das laterais do palco. Entenderam? Para resolver isso, pedi para modificar as ligações das laterais do palco. As torres de caixas que estavam nas laterais do palco iriam recebe agora um único sinal da mesa de som que não seria o sinal L/R. Nesta mesa digital da Yamaha, posso endereçar também todos os canais para uma saída chamada MONO. E foi isso que fiz. A saída L/R da mesa passou a alimentar somente as duas torres frontais, e a saída MONO foi enviada para as duas torres das laterais. Agora o posicionamento dos instrumentos no som frontal não iria interferir no som das laterais do palco. Acabei indo comprar o remédio para a inflamação da gengiva. O danado é bom mesmo. Já senti o resultado em menos de vinte minutos. O nome do remédio NIMESULIDA. É um genérico de um famoso anti-inflamatório. Meu quarto está mais inchado do que minha gengiva. Me sinto morando dentro de um barril. É mala, impressora, maletas de trabalho, isopor (grande) térmico, cama, cômoda, criado mudo... No guarda-roupa embutido e na cômoda, as roupas dividem espaço com bolsas, equipamentos eletrônicos, resma de papel, meus documentos, documentos do estúdio, tesoura, calculadora, grampeador, baterias de celular, extensões elétricas... Uma verdadeira ORGIA de objetos! Estou começando a me incomodar. Depois de passar cada canal separadamente no sound check e de ajustar também os monitores dos músicos, pedi para tocarem uma música inteira para fazer os ajustes finais. Em menos de 10 minutos de som aberto (parece piada!), chega um rapaz ao meu lado dizendo que eu não poderia fazer aquele “barulho” porque estava tendo missa ao lado do local onde eu estava! Acreditam? E nem era uma cidade do interior! Aconteceu isso também em Florianópolis, lembram? Baixei o som do PA e comuniquei o acontecido ao artista. Ele falou que precisava ainda de ajustes no monitor dele. Para mim na frente já estava legal. Mas como o cantor não estava ainda satisfeito, pedi para eles tocarem de novo que eu iria abrir novamente o som na frente, e quando o rapaz chegasse para reclamar, eu iria pedir para ele resolver com a nossa produção e a produção do evento. Eu acreditava que do momento que ele chegasse ao meu lado e fosse ainda resolver com a produção, eu teria este tempo para fazer os ajustes. Isso eu não estava levando em consideração a possibilidade de um contato físico, pois ele parecia ser um "coroinha". Em vários casos em cidades do interior, quem chega para este primeiro contato é a polícia! Mas o rapaz em João Pessoa não retornou e conseguimos fazer os ajustes necessários. Finalizamos o sound check e seguimos para o hotel. Não iria ter nada antes do show. Só uma palestra com o próprio Silvério Pessoa, onde só seriam necessários dois microfones. Quando cheguei de volta do hotel, liguei estes dois microfones, enquanto meu amigo iluminador Roberto fazia alguns ajustes na luz e nas projeções que ele iria disparar do seu laptop. O show começou e de imediato eu senti o som pendendo para o lado direito! Como é que pode? Estava tudo certinho! Aí foi uma agonia. Chamei o responsável da empresa de som e mostrei a deficiência. E o show rolando... Ele ainda tentou aumentar o volume do lado com problema, mas mostrei pra ele que não era volume e não resolvia. Era como se o transdutor ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Transdutor ) responsável pelas frequências médias e altas da caixa estivesse parado de funcionar. Estranho. Pedi para ele conferir os cabos que faziam as ligações do sistema. Passei boa parte do show tentando resolver este problema. Tive que voltar o PAN para o meio dos instrumentos que estavam direcionados para a esquerda (que acabaram sumindo) amenizando o problema, enquanto o proprietário da empresa de som tentava achar o defeito. E o show rolando... Só quando finalmente chegou o técnico da empresa de som responsável pelas ligações do sistema, foi que o defeito foi sanado. Segundo o técnico, foi o cabo que saía da saída left da mesa que estava mal encaixado! Alguém deve ter pisado no cabo no palco entre a palestra e o show. Resumindo... Até a metade do show, que não é muito longo, o PA do lado direito mais as torres das laterais do palco seguraram a onda. Na realidade, estas torres das laterais deram uma sustentação sonora disfarçando o problema. Eu só não podia mais usar o posicionamento diferenciado dos instrumentos no estéreo porque o lado esquerdo estava “manco”. Muita gente ali nem notou isso (acredito eu). Perto do final do show, faltando umas duas ou três músicas se eu não me engano, Silvério começou a reclamar do seu monitor. Desci ao palco para ver se conseguia resolver, mas não achei o problema. Chequei o sinal no transmissor do inear e estava tudo certo. Chequei a bateria do receptor na cintura de Silvério e estava tudo certo também. E o show rolando... Como estava perto do final, ele falou que seguíssemos assim mesmo, e cantou as derradeiras músicas sem se ouvir direito. Mesmo com estes problemas, o show foi muito legal. Teve até um fato curioso que Silvério nos contou enquanto estávamos todos (menos o sanfoneiro) no meu quarto bebendo umas garrafas de vinho Chileno enquanto esperávamos o jantar. Uma pessoa (que eu não recordo agora quem era) comentou com ele que tinha adorado o show, que era muito bem feito o roteiro. Achou inclusive muito espontâneo e muito legal a parte do roteiro (pré-determinado) em que ele pediu para parar o show para tirar a base eletrônica que ele achava que estava atrapalhando. Silvério respondeu para a pessoa que aquilo não fazia parte de roteiro nenhum! Foi um erro mesmo! Ele realmente achou que estava muito lenta a base eletrônica e estava atrapalhando! O jantar no quarto do hotel foi muito bom e divertido. Todos os pratos estavam deliciosos. E os vinhos também! Um abraço a todos.

4 comentários:

Joyce Hauschild disse...

Bom...vamos lá, já que me avisou que tinha um novo post, claro que eu não poderia deixar de ler e comentar. Cansativo hein, que tantas idas e vindas no meio de tantos dados técnicos, caixas, torres, ajustes e monitores. Eu percebi toda a "oscilação" do som, o mais engraçado nessas horas é que quem tá envolvido com a maravilhosa performance de Silvério e sua trupe, realmente não se atêm aos "probleminhas" que normalmente só quem entende percebe. Mas Titio eu já assisti alguns shows ali na Arena e não sei se vc se recorda, cheguei a comentar que não tinha gostado dos últimos, exatamente por causa do som. E te digo, que me impressionei com o que vcs fizeram ali...Nem parecia que estávamos num local aberto, sem acústica...sujeito ao som se "perder". Preciso, também, elogiar a iluminação que me impressionou...um verdadeiro baile de luzes, imagens e sombras que deram o toque final ao show "Coração acústico". Parabéns ao Titio, Roberto, Silvério, ao amigo André e os outros dois integrantes que não me recordo agora. Costumo dizer que pra um trabalho sair bem feito é necessário "tesão" no que se faz, e isso percebe-se que vcs tem. Abraço

Joyce Hauschild disse...

ah! não podia esquecer!!! kkkkk Roteiro é oooootimo....prefiro não comentar sobre esse comentário kkkkkk

Titio disse...

Oi Joyce.
Obrigado pelas palavras. Realmente posso garantir que o tesão é grande por parte da equipe técnica e dos músicos. Isso eu tenho certeza, pois convivo quase que diariamente com todos.
Quanto a questão da qualidade do som, não querendo desmerecer meu trabalho (já fiz muito isso em vários textos), mas não posso dizer com certeza que fiz um belo trabalho em relação aos anteriores que você ouviu lá porque não sei se foi o mesmo equipamento, entende? Lembrei-me que você falou uma vez que o som não era legal, pois já tinha visto show naquele local. Já fui até preparado psicologicamente. Mas quando vi quais eram as caixas e a mesa, sabia que daria para fazer um bom trabalho. Os microfones não ajudavam muito, mas mesmo assim dava para fazer legal. Nem falei sobre os microfones no texto, esqueci. O meu amigo iluminador Roberto Riegert é muito competente no que faz. Já falei isso várias vezes e sou até suspeito para falar, pois além de fã, sou amigo dele. Não é de graça que ele foi trabalhar com a neta de Charles Chaplin.
Só não entendi o que você comentou sobre o "roteiro" no seu segundo comentário. Sinta-se à vontade para comentar sobre qualquer assunto relacionado ao texto.
Obrigado por participar.
Bjs.

Joyce Hauschild disse...

Oi Titio,
Realmente, vc tem toda a razão, os equipamentos realmente estavam mil por cento melhores do que os de shows anteriores...muito mesmo. E isso com certeza contribuiu para o resultado final ser bom. Quanto ao "roteiro", eu não quis dizer nada, simplesmente disse...rsrs. Fico aguardando mais uma oportunidade de ver o grupo, Silvério e a fantástica iluminação do Roberto, que como não é meu amigo, posso elogiar sem ser suspeita. Inté