quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

FITO em Campo Grande (MS) – Multa de 250 mil reais se ultrapassasse o nível.

...espero por justiça...eu quero justiça...a mãe da vítima disse que espera por justiça...eu quero que a justiça seja feita...ele tem que pagar pelo que fez...pai chora pedindo por justiça pela morte do filho...justiça...justiça...


Olá pessoal.
Justiça. Justiça? Justiça!
Esta é uma das palavras que mais ouço nos programas jornalísticos em todos os canais na TV.
E isso já faz um bom tempo que está acontecendo!
Ouvi uma frase um dia que concordo plenamente: “A justiça é FORTE para os fracos e FRACA para os fortes”.
E não me venham falar que a justiça é cega, pois de cega ela não tem nada!
Sei que o problema é mais do legislativo do que do judiciário, mas os dois fazem parte do contexto justiça.
Ia até dar um exemplo aqui pensando que o juiz estava solto, mas ele morreu de parada cardiorrespiratória enquanto cumpria a pena de 15 anos (somente?!) pelo assassinato de um vigilante de supermercado em 2005. Lembram do crime? Ele deu um tiro na nuca do vigilante, pois o mesmo não o deixou entrar na loja porque o expediente já estava encerrado. Impressionou-me saber que ele estava cumprindo pena, mesmo em cela especial num quartel do Corpo de Bombeiros, e ainda recebendo 16 mil reais de aposentadoria!
http://oglobo.globo.com/pais/mat/2008/07/09/morre_juiz_que_matou_vigilante_de_supermercado_com_tiro_queima-roupa_no_ceara_em_2005-547166339.asp


Lembram de Sandra Gomide? Não? Vou refrescar a memória de vocês...
Sandra era jornalista, e foi assassinada em 20 de agosto de 2000 a sangue frio com um tiro nas costas e outro no ouvido.
O autor dos disparos foi o jornalista Pimenta Neves. Ele passou somente sete meses preso. Hoje ele deve estar na casa dele vendo o programa de Ana Maria Braga enquanto toma seu café da manhã.
http://portalimprensa.uol.com.br/portal/ultimas_noticias/2010/08/19/imprensa37578.shtml


Passaria o dia todo aqui mostrando estes absurdos jurídicos. Incomoda-me muito esta diferença de sentenças de acordo com as posses do réu! Acho muito difícil que aquele “cara” que assassinou com sete tiros a ex-mulher, a cabeleireira Maria Islaine, esteja também agora vendo o programa de Ana Maria Braga enquanto toma o café da manhã.
http://www.novojornal.com/minas/noticia/justica-nega-habeas-corpus-a-borracheiro-que-matou-ex-mulher-07-04-2010.html
Qual a diferença do caso dele para o de Pimenta Neves? Para mim, só a quantidade de tiros! Um deu dois e o outro deu sete! Na reportagem que está no link diz que foram nove, mas foram sete!
Porque a justiça concedeu um habeas corpus para o jornalista Pimenta Neves que matou a jornalista e negou um para o borracheiro Fábio Wiliam que matou a cabeleireira?
Deve ter gente aqui lendo e pensando: --- Titio endoidou. Falando de justiça, tiros, assassinatos... Por quê?
Primeiro, porque este problema no Brasil sempre me incomodou e sempre que eu puder vou mostrar os absurdos jurídicos que acontecem aqui na terrinha, como no Mudança de Palco 010 aqui no Blog onde mostro o pessoal tentando prender um "cara" (ex-procuraDOR) há mais de 30 anos! A mulher que ele tentou matar, coitada, já morreu de câncer e é a filha dela (deles) que ainda clama por justiça.
Segundo, este tema tem ligação com o evento em Campo Grande. No final do texto vocês vão entender.


O local do evento em Campo Grande era enorme. Centro de Convenções e Exposições Albano Franco.
Acredito de foi o maior espaço onde o FITO foi armado. Foi armado um muro com tecido para diminuir o espaço ao público, porque se fosse usar o espaço todo daria para armar dois FITO.
Não teria nem o que falar deste evento. Tudo igual ao anterior. Só as comidas da praça de alimentação é que vão mudando de acordo com a cidade. Em Florianópolis tinha ostra, pastel de camarão, bolinho de mandioca com carne seca... Em Campo Grande tinha hambúrguer, pizza e picolé...


Juntando os quatro dias de evento, devo ter chupado uns vinte picolés! Tinha um de tamarindo que era muito bom! E o de abacate me fez lembrar a minha infância, quando eu aproveitava a vitamina para fazer picolé nas bandejas de gelo. É muito bom relembrar de coisas da infância, não é? Eu acho.

Acho que eu acabo este texto rapidinho. Não tenho realmente muito do que falar, a não ser dos 250 mil reais do título.
Estou até vendo o jogo do Goiás contra um time Argentino aqui na televisão enquanto escrevo. Tudo tranquilo. Três garrafas de vinho repousam no móvel embaixo da TV. Tem amigo querendo fazer happy hour nesta semana aqui em casa.


Meu filho ficou em recuperação em quase todas as matérias. Só passou em duas. Mas estou vendo ele se esforçando ao extremo para recuperar. E fico feliz com isso. Esta semana toda é de provas, e todo dia acordo às 6 da manhã para levá-lo na escola.


Porraaaaaaaaaaaaaaaaa!
Como é que se perde um gol destes???!!!
Tou aqui torcendo pelo Goiás. (risos)
O ano acabou e no próximo mês, se tudo der certo, faço 45 anos.
Nunca me imaginei com quarenta e cinco anos. Quando era jovem, minhas contas iam até o ano 2000. Ficava pensando... Eita... Em 2000 vou ter 34 anos...
Foi tudo tranquilo na montagem dos equipamentos. Estamos chegando um dia depois do que normalmente fazíamos, mas está dando tempo para montar e ligar tudo.
Um dia antes do início do evento, já estava tudo montado e ligado no palco externo.
Foi quando apareceu a produção do FITO para me informar que teríamos um controle de volume do som por causa de um condomínio fechado que ficava ao lado do centro de convenções.
Neste condomínio morava um destes DOR da vida. ProcuraDOR, embaixaDOR, governaDOR... Não lembro qual era a “patente” do morador.
Só não era um simples operaDOR de áudio como eu.
Existia uma liminar que determinava que no limite do muro do condomínio, o nível sonoro não poderia ultrapassar 45 dB.
Quanto? Perguntei, já rindo. Quarenta e cinco?
Se esta liminar não fosse cumprida, a multa seria de R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais).
Vamos fazer um teste? Vamos. O produtor estava com um rapaz que era o responsável pela parte jurídica do centro de convenções, e o mesmo já estava com um decibelímetro para fazer o teste. Pediram-me para ligar o som e colocar num volume que eu achava que seria o usado no show de Tom Zé no sábado. No resto dos dias tudo é muito tranquilo.
Exagerei no volume, e a gente foi até o muro para ver quanto marcava. Passou legal dos 80!
O produtor do FITO já estava com a carinha triste... Aí falei que aquele nível que eu coloquei estava bem acima do que deveria ser no show. Fiz só para ter idéia. Pedi para eles ficarem no mesmo lugar para eu fazer mais um teste. Fui à mesa de som e cortei todo o som. Voltei lá e perguntei quanto estava marcando, e o colega do centro de convenções me mostrou o visor, meio que sem jeito, e o mesmo chegava perto dos 60!
Resumindo... Não tinha como dar 45 dB como dizia a liminar! Sem som nenhum ligado já passava do nível determinado. Apenas com os “ruídos” do ambiente o nível já era ultrapassado.
Deixe o abacaxi na mão da nossa produção e do colega do centro de convenções.
Fiz o sound check de Tom Zé normalmente no final da manhã do sábado.
Mais uma vez não comecei do zero. Usei a cena anterior do show dele em Florianópolis.
Diferentemente dos outros shows, Tom Zé não apareceu neste para passar o som. Passamos tudo com a banda e eles até aproveitaram a tranquilidade para ensaiar algumas partes do show. Aproveitei isso para abrir o som na frente com a banda tocando.
Estava legal. O som nem estava “emboloado” como eu achava que poderia acontecer por causa da acústica nada própria para um show. Muito concreto e teto de zinco.
Meu amigo Ricardo, um dos produtores do FITO, veio ao meu lado e perguntou se seria este o volume na hora do show, porque ele estava achando muito bom o volume. Soube também que as portas da entrada seriam fechadas durante o show para segurar mais o som.
Falei que tudo dependeria do nível de ruído do público na hora. Mas deixei bem claro que o volume seria controlado por ele na hora do show, sempre averiguando o decibelímetro ao lado do muro.
Nem deu muita gente neste FITO. Acho que foi o menor público de todas as seis edições que fizemos neste ano.
Chega a hora do show de Tom Zé no sábado.
Mais uma vez levei meu laptop para frente do palco onde controlei a mesa (via wirelesss) que estava ao lado do palco. Nem precisei colocar segurança ao meu lado porque estava tudo muito tranquilo. Não tive nenhum problema com o sinal wireless do meu roteador. Em nenhum momento o perdi, viu Mário Jorge?
Goooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooool do Goiás! Putz! Valeu não. Impedido. Acho que vai ser decidido nos pênaltis.
Ricardo apareceu uma única vez ao meu lado para avisar que estava tudo certo lá fora. Não estava incomodando. A marcação estava em torno dos 60 dB lá fora, mas ele falou que estava tudo ok.
Realmente não tinha como marcar 45!
Segurei neste volume durante todo o show sem problema algum. Não precisei aumentar o volume, e nem iria aumentar!
O show teve que começar mais cedo e só teve uma hora de duração. Tom Zé já tinha sido avisado anteriormente sobre o controle do volume e sobre o tempo do show. Seguiu à risca o que pediram e com uma hora exata de show, ele se despediu do público.
Não tirei nenhuma foto do show.
Desta vez não apareceu nenhuma garrafa de vinho Chileno onde eu estava. Mas nem por isso minha satisfação foi menor por ter dado tudo certo.
Acabou o jogo. Pênaltis! Deixa eu ver.
Poxa... O Goiás perdeu.
Vou dormir, que amanhã levanto às seis da madruga para levar meu Filho no colégio.
Já fui e já voltei. Estou acabando de montar este texto com as fotos agora pela manhã. Oito horas da manhã da quinta-feira dia 09.
Para finalizar, eu pergunto:
--- Se fosse uma favela ao invés daquele condomínio de luxo que estivesse ao lado daquele centro de convenções em Campo Grande, teríamos os mesmos problemas jurídicos?
Acho pouco provável.

Na foto acima, minha garrafa de Concha y Toro (Frontera). Pela segunda vez, tomo meu vinho enquanto desligo todos os equipamentos do meu palco no final do último dia de evento.
Como o churrasco virou data especial no calendário do SESI Bonecos, este vinho no final do FITO está virando rotina também.

Um abraço a todos.

6 comentários:

Joyce Hauschild disse...

Nossa Titio, de todos os posts que tenho acompanhado esse foi o mais "mais" que li. Vamos lá...Hoje vivemos num mundo globalizado, moderno, infomatizado , mas por que não globalizam a JUSTIÇA? A do Brasil está em frangalhos. Casos a fio são anunciados diariamente pelo Quarto Poder (a imprensa), e a justiça se enrola cada vez mais para resolver e dar o veredito final. E ainda lutam para tirar o diploma dos jornalistas!!! Falam em crescimento econômico no país, em o Brasil deixar de ser SUB-desenvolvido para ser EM-desenvolvimento, mas pergunto: quais são os critérios para essas avaliações?!?! Muito, mas muito pertinente, apesar de meio "misturado" o tema de seu post de hoje Titio. Me acosto as suas indignações pois vejo no meu dia a dia de radialista/jornalista inúmeros casos de ...DOR, que nos causam realmente muita indignação. Parabéns por terem conseguido driblar a tal liminar, podendo fazer um bom trabalho, apesar do pouco público. Seria apenas mais uns troquinhos para o tal ...DOR se a tal multa fosse aplicada. Inté

Titio disse...

Olá Joyce.
O Blog nada mais é do que um retrato da minha vida profissional mistrurado com minha vida pessoal.
:)
Quando vou escrever sobre um trabalho, como foi o caso deste aqui em Campo Grande, acabo colocando coisas pelas quais estou passando ou sentindo no momento na minha vida pessoal. Até um jogo de futebol que estou vendo na hora é colocado. Real time. Tempo real.
Gosto deste jeito de escrever porque deixa quem está lendo mais perto de quem está escrevendo.
Obrigado por participar.
Bjs.

André Maia disse...

É, Titio. A sua indignação não é solitária. A grande maioria se toca pala total falta de ação do poder público diante das injustiças.´
Seja o salário aviltante, o tranposte caótico, a falta de ação preventiva na saúde, as consições de moradia e a própria violênia. Tudo nos leva as injusticas.
Agora, o que é realmente justo para os casos de violência? A prisão dos algosis não trará de volta a vida das vítimas.
A suspensão da liberdade do criminoso seria, em princípio, o o "pagamento" à sociedade pelo mal que ele causou. mas ele na prisão não estará fazendo nenhum bem a sociedade.
Esses feitores do mal, deveriam ser obrigados a cumprir sua pena na integra em instituições para recuperação de acidentados ou quem escapou de um atentado a vida.
sem direito a progressão de pena, obviamente sem a perda de sua condição de "PRESO".

Anônimo disse...

Nao posso discordar quando falam de justiça mas antes de tudo temos que ver que os "erros" começam em todos nos, nao sao apenas os ricos que erram..afinal, do mesmo jeito que voces criticam vejo muita gente so querer conversa com gente rica que da algum tipo de retorno, ou seja, reclamam muito das atitudes dos ricos que mandam e desmandam mas dificilmente são amigos de pessoas de baixo poder aquisitivo, dificilmente se misturam com pobres...tudo muito ironico.Na hora de criticar quem tem grana e faz o que quer, otimo, mas duvido muito que queiram amizade com a baba do filho ou com o porteiro do predio, que mora na favela..etica é um todo.

Joyce Hauschild disse...

Não teve como não ver essa reportagem e não lembrar do seu trabalho Titio. Muito bom esse trabalho do FITO

http://g1.globo.com/videos/jornal-nacional/v/objetos-viram-personagens-em-festival-de-teatro-em-brasilia/1396010/#/Edi%C3%A7%C3%B5es/20101218/page/2

abs

Titio disse...

Olá Anônimo.
Meu descontentamento com a justiça independe do nível social do réu. Meu desejo é que as leis funcionem para os que tem condições de pagar um advogado. Só vejo ela (justiça) funcionar direito com quem não tem como contratar um advogado para ficar achando "brechas" na legislação, deixando o réu livre durante anos depois de comenter crimes absurdos, como os que citei no texto.
Olá Joyce.
Muito legal a reportagem.
Fico feliz em participar do evento.
Já estou sabendo que no próximo ano o número de cidades onde o FITO vai passar vai ser bem maior do que em 2010.
Obrigado por participarem.